quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016

Na edição de retrospectiva, procuramos pinçar uma pergunta interessante de cada entrevistado, compondo um mosaico do cenário atual. Agradecemos a generosidade de todos. Que o mediopira continue produzindo muito aço, muito minério e principalmente arte e cultura. Muito obrigado pela atenção de todos. E continuem com a gente em 2017...
MEDIOPIRA: O que te move a abraçar a arte e cultura com tanta força?
CARLA LISBOA - Amor. Parece simples, mas infelizmente são raríssimas as pessoas que realmente colocam PAIXÃO no que fazem, digo isso não apenas na área cultural. E se tratando de cultura especificamente, que é tão pouco valorizada principalmente em nossa região, se não amar o que faz, você não vai muito longe. A arte pra mim é como um órgão vital, como o coração, aliás, como o pulmão, sem ela eu não conseguiria nem respirar.

MEDIOPIRA -  Você também toca música popular, cantando ou acompanhando outros artistas ou foca apenas no violão clássico?

AULUS RODRIGUES - É quase impossível encontrar um violonista clássico que não toque ao menos um pouco de música popular, especialmente em um país como o Brasil, que tem uma cultura popular tão rica.

MEDIOPIRA - Como as pessoas tem reagido aos shows de vocês?
Souldusamba - O segredo é sermos extremamente interativos, é darmos o tom e deixarmos a galera cantar. Se colocarmos uma musica e o povo não cantar, se não funcionar, tá fora.

MEDIOPIRA - Vocês integram uma banda de rock pesado que foi na contramão das outras bandas do gênero ao compor suas músicas em português. Até que ponto isso prejudica ou beneficia vocês?
BANDA CONCRETO : É muito difícil cantar rock pesado em português sem soar piegas, mas é o que sai da gente. Não direcionamos nada, apenas deixamos fluir sem amarras. Mas cantarmos praticamente só em português acredito que nos torna diferentes.
    MEDIOPIRA - Você já se apresentou em todo tipo de espaços. Conte um pouco dessa história pra gente.

SYLVANNA MARTINS - Já cantei em feiras agropecuárias de grande porte, abrindo shows de sertanejos famosos, também em caminhão ou palanques caindo aos pedaços, churrascarias, clubes ou em barzinhos onde muitas vezes não tem nem palco, mas canto junto das pessoas. É muito gratificante pois, pela proximidade percebo muito mais o carinho das pessoas com o meu trabalho


MEDIOPIRA - Você fez parte daquela geração de cantores como Agnaldo Rayol, Odair José, Antônio Marcos, Fernando Mendes. Você se considera brega? Tem algum problema com o rótulo?

MARCIO GREYCK -Aprendi a não crer nos rótulos e a deixar que o próprio público defina o que é ser brega ou não. Não tenho preconceito algum com esse estigma e parto do principio de que é popular!

MEDIOPIRA - Que conselhos você daria aos artistas de hoje? Popularesco ou arte pela arte?
CHICO FRANCO - Arte pela arte. Popularesco já temos muitos que figuram ai  em duplas, que estão todos os dias nas telas da televisão, que atormentam nossos ouvidos nos carros de som, enfim, precisamos é de novos  Grande Otelo, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Tom Jobim e outros tantos para purificarem esses ares que estamos respirando ultimamente.


MEDIOPIRA - Os itabiranos preferem trabalhos cover ou autorais? 
Marçal JR- Aqui não difere do contexto. Acho que a proporção é de 90% de covers contra 10% autoral. Infelizmente.   
MEDIOPIRA- Muitos encaram a arte como hobby, não como profissão. O que você tem a dizer sobre isso? 
Alesandra Alves -Como profissão, como hobby, como terapia, para embelezar, para encantar, para não enlouquecer. Não importa o motivo, causa ou razão. O importante é fazer Arte.

MEDIOPIRA - O Raphael poeta briga muito com o Raphael pessoa?

RAPHAEL GODOY - A gente já brigou mais, mas recentemente temos andado bem um com o outro. Por mais que eu me aproveite de histórias, verdades e sentimentos de outras pessoas, quem lê, acredita que aquele é o sentimento do Raphael e não daquele personagem inventado para escrever aquele soneto..



MEDIOPIRA -Você acha que a internet ajuda ou atrapalha o artista?

IGOR VENAL - Sem a internet sequer teríamos lançado nosso Single. Devemos tudo à mídia virtual.

     
     

MEDIOPIRA - Já vi vocês cantando temas filosóficos, espirituais, políticos. O que o Djambé quer gritar pro mundo?

BANDA DJAMBÉ - Cada um de nós tem um papel fundamental pro mundo ser um lugar melhor, de paz, ou o inverso.  E pra isso precisamos reconhecer quem somos na essência e o que nos foi imposto culturalmente e romper com isso. Você importa! Revolucione-se!

MEDIOPIRA. Ainda pintam aqueles sujeitos que gritam “ Toca Raul” depois de cada música?
MIKE SANTOS - “Toca Raul” continua sendo um mantra na noite, que toco com prazer. São sagrados os pedidos. Geralmente em apresentações menores, sou 100% levado pelo público do dia.


MEDIOPIRA – Você trabalha hoje mais com a música sertaneja, que domina o mercado. O que acha da MPB?

MARY EVENTOS - A MPB  é uma mistura de vários estilos e tem público específico. É sem dúvida uma escola para os demais ritmos.



MEDIOPIRA - Quando foi que você chegou a conclusão de que seria cantora, que seu dom iria virar profissão?
CAMILA CALAIS - Desde o primeiro momento já me sentia como se as musicas que eu interpretava precisassem de mim da mesma forma como que eu necessitava delas.

MEDIOPIRA – O que você projeta para a arte e cultura em tempos de Trumps e outros bichos?

WIR CAETANO -A arte já respondeu com vigor à muitos tempos duros, e acho que continuará a responder como se deve. Sempre é possível surgirem entraves à livre expressão, mas resistência também sempre acontece, com maior ou menor intensidade.

MEDIOPIRA- Percebi no NA LAJE 67 uma coisa que extrapola as preocupações normais da maioria dos bares, de oferecer climas, atmosferas, música diferente. É viagem minha?

NA LAJE - De forma alguma. Nossa maior preocupação é de criar um clima único, e para isso utilizamos da decoração, luzes, música, para despertar sensações diferentes nas pessoas. A ideia é personalizar o ambiente, trocando os móveis de lugar de acordo com as reservas realizadas, alterar a decoração de acordo com a temática da noite. 

MEDIOPIRA -Você certa vez sugeriu a “baianização” da música itabirana, tentando juntar a turma pra criar uma cena poderosa e focada. Deu certo?
CLEBER CAMARGO - Com os baianos e com os ipoemenses, precisamos aprender a arte da união e da generosidade em torno de um ideal que seja coletivo. Há muita semente pra plantar. Há mais frutos pra colher do que a gente possa imaginar.
MEDIOPIRA – Já tive oportunidade de vê-lo em ação. Você é paizão, mas rigoroso. Como é que é isso?

Mestre Junei - Sou apaixonado pela música e gosto muito de ensinar. Sou muito, muito, muito rigoroso porque acredito que sem disciplina não tem aprendizado. Mas sou coração mole, rs.

 
MEDIOPIRA – Há alguns anos  a meninada quando chegava à adolescência queria tocar numa banda de rock ou jogar num time de futebol. O que a galera nova quer hoje?


Lutécia Espeschit- Iphone, rsrsrsrsrs.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

LUTÉCIA, A ONIPRESENTE

O MEDIOPIRA dessa semana entrevista a fotógrafa, rockeira, agente cultural e política, poetisa e bancária Lutécia Espeschit, testemunha sensorial de quase tudo que aconteceu em sua João Monlevade e no MEDIO PIRACICABA nas últimas décadas. Lembro-me de uma fase em que apareciam fotografias Lutecianas de três eventos diferentes no mesmo dia e me perguntava: como ela consegue? Alias, as irmãs Espechit  são um caso lindo de amor ao rock. Não perdem um grande show das grandes bandas que desembarcam no país. Mas vamos então à entrevista com a Lutécia,  uma das pessoas mais “pau pra toda obra” que conheço, participando de tudo que diga respeito à arte e a cultura.

MEDIOPIRA –Você desde sempre esteve conectada aos movimentos artísticos e culturais de Monlevade. Como foi o seu despertar para esse olhar? Quais foram suas influências?


Lutécia - Minha mãe era poetisa, piadista, pintora, artesã, cantora e, desde menina, acompanhava os ensaios que aconteciam em minha casa, na Monlevade dos Anos Dourados, quando ela cantava acompanhada por um Regional, em festas, jantares e acontecimentos sociais, e nos ensaios do Coral Monlevade, na década de 70. Além disso, ela abria a nossa casa para vários músicos, como Eustáquio Ambrósio, Weber Costa, Severino Miguel, Vilminha, que se reuniam ora para ensaiar, ora para transformar a nossa vida numa constante festa. E era.


MEDIOPIRA – Sua paixão pela fotografia é recente? Você é contemporânea dos processos produtivos analógicos, de revelar fotografias, das técnicas clássicas ou totalmente digital?

Lutécia - Sempre fui uma amante das imagens, dos reflexos e até das sombras que são projetadas por corpos em movimento. A fotografia veio para “materializar” o meu olhar, quando ganhei, aos 16 anos de idade, uma Kodak, daquela de filmes de cartucho. Fotografava pouco, por causa do custo das revelações, e ainda tenho muitos filmes a serem revelados, perdidos em muitos guardados. Mas quando as máquinas digitais se popularizaram, no início desse Milênio, comecei a fotografar quase que diariamente e, de alguns anos pra cá, compulsivamente. Posso dizer que sou formada por quatro partes: cabeça, tronco, membros e câmera fotográfica.

MEDIOPIRA – Vejo que em sua fotografia tem um lado muito forte de capturar paisagens.  Nesse tipo de enfoque a fotógrafa torna-se quase uma poetisa visual, uma caçadora de acasos revelando a alma das coisas. Você se sente um pouco poetisa também quando fotografa?

Lutécia - Troquei os meus poemas caligrafados no passado, pelos fotografados na atualidade, rsrsrsrs. Meu olhar, naturalmente, enquadra tudo o que vejo, e vejo que estamos cercados de belezas que passam despercebidas para a maioria das pessoas, ocupadas demais, preocupadas demais em como viver e até sobreviver nesse mundo de tantas mazelas. No instante em que fotografo paisagens, ou pássaros e aves, que são os meus motivos preferidos, sinto que aquele belo e único momento precisa ser mostrado, admirado,  e as redes sociais são a melhor ferramenta para compartilha-lo com todos. Não comercializo fotos e raramente as imprimo. Elas são feitas pelo puro prazer de registrar e distribuir toda a beleza que o Universo nos presenteia a cada dia, a todos que eu puder alcançar.

MEDIOPIRA – Na sua fotografia tem um lado forte também de jornalismo cultural. A sua cobertura de eventos era marcante, independente, quase onipresente. Parece que você diminuiu bastante essa presença nos últimos tempos. Por que?

Lutécia - Porque os eventos culturais também diminuíram, tornando-se quase uma raridade. De um lado, o Poder Público, que nada realiza. Do outro, a iniciativa privada, que não diversifica. Outro motivo é que precisei sair de Monlevade para dar prosseguimento à minha carreira de bancária, cuja oportunidade de promoção veio quando fui emprestada para a agência de Dom Silvério por um mês, e aqui estou desde janeiro de 2013.

MEDIOPIRA – Você sempre foi uma roqueira fanática, quase torcedora (rs). Como avalia a atual situação do rock? Acha que rock virou música para coroas ou que a coroa continuará sendo do rock como estilo mais popular do planeta?

Lutécia - O Rock sempre terá o seu espaço e tenho percebido que nos últimos dois, três anos, tem tido presença garantida e concorrida no cenário musical brasileiro. A alma do rock é inquieta, rebelde, revolucionária, e o Brasil tem oferecido muita “matéria-prima” para o surgimento de novas composições e novas bandas roqueiras, que aos poucos vem retomando o seu lugar no trono dos mais apreciados estilos musicais por todo o mundo.

MEDIOPIRA – E em termos de ROCK BRASIL? Tem visto alguma coisa digna de nota? Apontaria algum trabalho novo que tenha te balançado?

Lutécia - Se dermos uma voltinha pela internet, pelo YouTube por exemplo, veremos centenas de bandas independentes de Rock, da melhor qualidade, em todos os cantos desse nosso Brasil. Mas vou citar duas que me impressionaram: Carne Doce, uma banda goiana, quase lírica e Amazon, de Valinhos-SP, que esteve no 1º Festival Marmotas em Monlevade, em 2014. Fugindo um pouco do Rock, mas indo na sua origem, a que mais curto na atualidade é Alexandre da Mata & The Black Dogs, de Belo Horizonte.

MEDIOPIRA – E em João Monlevade? Já houve um tempo de muita efervecência da cena roqueira. Vc conseguiria citar algum trabalho em especial ou são os mesmos de sempre? E no Médio Piracicaba? Citaria algum trabalho novo interessante?

Lutécia - Sou fã incondicional da Derramasters, cujo trabalho autoral, em Monlevade, é insuperável, mas por força de trabalho e estudo de seus integrantes, está em stand-by.  A Dizarm também tem feito um trabalho autoral bem interessante. Mas sem estímulo, sem apoio e sem palco, várias bandas surgem do nada e desaparecem da mesma forma.  

MEDIOPIRA – Há alguns anos  a meninada quando chegava à adolescência queria tocar numa banda de rock ou jogar num time de futebol. O que a galera nova quer hoje?

Lutécia - Iphone, rsrsrsrsrs.



MEDIOPIRA – Você hoje vive entre Monlevade e Dom Silvério. Como foi essa transição entre o movimento frenético de Monlevade e a tranquilidade de DS?

Lutécia - Vivo muito bem integrada a esses dois mundos. Em Dom Silvério, levo uma vida de trabalho e enriqueço minha alma com as “saidinhas de banco” para a Área Rural, onde faço minhas fotos. Em Monlevade, vida noturna, sempre onde tem boa música, não necessariamente só Rock, e estar com a família, novos e velhos amigos e boas companhias. Sou uma pessoa de fácil adaptação, acostumada na estrada desde 1978, quando saí de Monlevade para estudar em Porto Alegre, e nunca mais parei de rodar por aí.

MEDIOPIRA – Existe um grande pessimismo no meio cultural com relação ao futuro. Há uma percepção de que a arte vem perdendo importância na lista de prioridade das pessoas. Como você acha que a arte vai sobreviver nesse clima de “apocalipse now”?


Lutécia - Nada sobreviverá à insensibilidade das pessoas para o que realmente tem valor: a beleza da vida. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

COLIBRI MESTRE

O Entrevistado dessa semana no MEDIOPIRA é o mestre Junei, coordenador da Bateria Colibri de Alvinópolis, um cara que é músico, toca vários instrumentos (e bem), já integrou  banda de reggae, diversos grupos de samba, batuqueiro nato, que foi conquistando seus espaços  até se destacar como mestre de bateria, honraria que pede uma grande capacidade de lidar com o ser humano, equilibrando disciplina e resiliência. Mas vamos a entrevista...

MEDIOPIRA – Junei, como é que surgiu em você esse interesse pela música? Quais foram as suas influências?

Junei - Influência: Família. Na Devoção e na Folia, rs. As lembranças que tenho são do congado com meu pai, bisavó, tios avos, dos ensaios de carnaval, das escolas de samba ensaiando nas praças. Eu sempre ali no meio tentando aprender, tirar som em algum instrumento, ganhar uma fantasia e desfilar. Os encontros de família, sempre os tios, primos, avo, tocavam violão e aquilo me encantava, foi virando paixão. 

MEDIOPIRA – Conte um pouco da sua trajetória. Em quais bandas e baterias participou? 

Junei - Em meados de 1990 meus pais me deram o primeiro violão. Com meu tio aprendi os dois primeiros acordes MI e RE. Logo veio a primeira música - “caminhando e cantando e seguindo a canção...” - estava me sentindo maravilhado com aquilo, a vontade de fazer mais notas, tocar mais musicas. Toda folga era violão debaixo do braço, sentar na porta da rua e esperar um filho de Deus, alguém que soubesse uma nota se quer para ajudar-me. Vários foram os abençoados professores. Tinha uma imensa vontade de participar das aulas de violão do “Tetega”, mas não tinha recursos financeiros para tal. Com o tempo outros membros da família (Juninho, Nei) se interessaram em tocar e igualmente sem recurso financeiro começamos a cooperar um com o outro, fomos pras igrejas, conjuntos de bairro, corais, etc, até que tivemos a oportunidade de conhecer o Sr Rogério Martino – Pai das Bandas Alvinopolenses. 
Ele começou a nos instruir e deu formação a nossa primeira banda Black Swing (Ney: voz e guitarra, Juninho Sevé: guitarra, Junei: Baixo, Toninho: Bateria, Paulinho Cassetete: Percussão). A partir daí tive a oportunidade de fazer parte como baixista de outros grupos como: Transito Livre, Raiz do Samba, GAM, Marquinhos e Junei, Sambaqui, Gilvan e Rhyan, etc. Tentei entender um pouco mais sobre a teoria musical nas corporações musicais Santo Antônio e Mario França. Como amante do samba sempre me dediquei ao aprendizado nas escolas de samba da cidade: Unidos do Morro e Santa Cruz. Fiz parte de outros projetos sociais na cidade e hoje em dia me sinto orgulhoso em fazer parte da Bateria Colibri da Fundação Bio Extratus.

MEDIOPIRA – O que você considera ser fundamental  para um mestre de bateria?
Junei - Não me considero um mestre de bateria, sou no máximo um tira dúvidas, um organizador. Mas considero fundamental Paixão, dedicação, paciência. É muito difícil lidar com pessoas de diferentes facilidades, realidades e entendimentos em um mesmo grupo musical. As vezes é preciso xingar, protestar, apertar para que um grupo com tantas mentes diferentes alcance um mesmo resultado. 

MEDIOPIRA – Além da percussão, quais outros instrumentos domina?
Junei - Não tenho domínio total sobre os instrumentos mas gosto muito de percussão e instrumentos de cordas. (violão, baixo, cavaquinho) 

MEDIOPIRA -  A Fundação Bio Extratus mantém a bateria colibri, uma iniciativa cultural muito importante pra Alvinópolis. Como é que surgiu a ideia de se constituir a bateria? 
Junei - No campo cultural, a Fundação Bio Extratus vem cumprindo com louvor a sua missão de prestar serviço de qualidade, contribuindo assim com o desenvolvimento da cidade de Alvinópolis e região. Iniciou suas atividades com o projeto “Flauta Mágica”, depois veio “Som da Solidariedade”, o belo projeto “Arte Dança” e por fim a “Bateria Colibri”, um sonho antigo da Dona Vera e que hoje enche de sonhos e alegrias a todos os integrantes e envolvidos. 
Alias, gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer e enaltecer o trabalho sócio cultural que a Dona Vera e o Sr Lindouro fazem pela cidade de Alvinópolis e região. 
Pelas alegrias, conhecimentos proporcionados aos integrantes dos projetos da Fundação Bio Extratus. Além de tudo os dois são integrantes, fominhas, da Bateria Colibri. Obrigado. 
MEDIOPIRA – Qual é exatamente o seu papel dentro da Fundação e da Bateria Colibri?
Junei - Sou voluntário na Fundação Bio Extratus. Na Bateria Colibri estou atuando como instrutor de percussão e regente.

MEDIOPIRA – Como é que se dá a formação dos músicos da bateria? Eles tem aulas de música e de manejo dos instrumentos?
Junei - Hoje as aulas da Bateria Colibri são voltadas para pratica em instrumentos. Temos duas horas de aula por dia, 3 dias na semana.

MEDIOPIRA –Como são recrutados os integrantes da Colibri? Tem de ser funcionário da BIO EXTRATUS para participar?
Junei - Não precisa ser funcionário da Bio Extratus para participar. Temos um número de vagas fixo – 60 – que é preenchido de acordo com a necessidade da Bateria, seguindo uma fila de espera e interesse ou habilidade do novo integrante. 

MEDIOPIRA – A fundação Bio Extratus investe também no intercâmbio para agregar conhecimento. Conte um pouco dessa experiência pra gente.
Junei - Já fizemos um intercambio no RJ – quadra do Salgueiro - com os integrantes da Bateria Colibri. Tivemos também a oportunidade de participar de algumas oficinas na cidade de Alvinópolis com mestres de bateria conceituados como Mestre Linguinha - BH, Mestre JR Aruanda – Porto Alegre e o Mestre Marcão da Salgueiro - RJ. Gostaríamos muito de fazer novos contatos.

MEDIOPIRA – Como é a escolha de repertório da COLIBRI. Músicas escolhidas a dedo do grande acervo nacional ou sucessos do momento?
Junei - Realmente as músicas da Bateria são mesmo escolhidas a dedo dentro do grande acervo nacional. Selecionamos de acordo com evento que vamos participar, sempre tentando agradar ao público e também aos integrantes da Bateria – composta por músicos de várias faixas etárias.

MEDIOPIRA –Além do lado artístico musical, a COLIBRI tem também um lado social forte? Comente isso pra gente…
Junei - A Bateria Colibri permanece a unir gerações, com componentes de 08 a mais de 60 anos. A arte traz novas perspectivas técnicas, individuais e de grupo às crianças e adolescentes da comunidade, trabalhando o perigo do ócio, despertando-os para opções que estejam de acordo com a idade e interesse de cada um, seja na cultura, no trabalho ou na vida social.  Torna possível desenvolver o autoconhecimento, a autoestima, a solidariedade, a união, a  força de vontade, a alegria e a sociabilidade. 
A Bateria Colibri é um projeto social da Fundação Bio Extratus que tem como slogan “Semeando o Futuro”. O nome escolhido assim como a logomarca da Bateria fazem simbolizam bem esse trabalho. O apoio ao próximo, o altruísmo a filantropia são sinônimos norteadores desse trabalho.

MEDIOPIRA – E sobre seu jeito de lidar com os mais jovens. Já tive oportunidade de vê-lo em ação. Você é paizão, mas rigoroso. Como é que é isso?

Junei - Sou apaixonado pela música e gosto muito de ensinar. Sou muito, muito, muito rigoroso porque acredito que sem disciplina não tem aprendizado. Mas sou coração mole, rs.

MEDIOPIRA – A bateria Colibri tem se apresentado em diversas cidades. Como tem sido a receptividade do público? Quais foram as apresentações mais marcantes até agora?
Junei - Sentimos levar alegria por onde passamos. Não importa o tamanho do público, mas a emoção daquele momento. Todas as apresentações são marcantes, cada uma tem sua particularidade, a música nos proporciona isso. Momentos únicos.

MEDIOPIRA – A escola de samba unidos do morro saiu no ano passado com muito brilho, homenageando os 100 anos do Alvinopolense e você também foi o mestre de bateria. Qual a emoção de reger a UNIDOS DO MORRO?

Junei - Unidos do Morro foi onde tive a oportunidade de colocar as mãos em meu primeiro instrumento de percussão, vestir a primeira fantasia. Faltam palavras, é inexplicável o momento quando estou ali a frente da Bateria. No ano passado então… Ah… Foi “festa, futebol e paixão” como disse a letra da bela canção – em forma de samba enredo – escrita por você em homenagem aos 100 anos do AFC. Obrigado por eternizar aquele momento Marcos Martino, valeu demais. 

MEDIOPIRA – Quais os projetos para o futuro próximo? 

Junei - A Diretoria da Fundação Bio Extratus sempre se reúne no inicio do ano para tratar do futuro, aguardemos. Só tenho uma certeza… irão mais uma vez fazer o bem.

MEDIOPIRA – Quem quiser uma apresentação da bateria colibri em sua cidade tem de falar com quem? O que tem de fazer?
Junei - A Bateria pode ser contactada através de nosso contato na página do facebook. 
https://pt-br.facebook.com/bateriacolibri

MEDIOPIRA – Deixe seus contatos, face, zap, instagram, etc para que o pessoal possa conhecer o trabalho…

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

CLÉBER CAMARGO RODRIGUES, O ITABIRANO SÍNTESE

Cléber Camargo Rodrigues é um itabirano síntese, apaixonado pela palavra, gosta de se misturar aos artistas da música, conhece suas glórias e dores, sempre dialogando com os afins, movendo projetos e mais projetos, ativista, guerrilheiro cultural, sonhador e realizador, colunista, produtor zen, mas inquieto; exigente, mas sedento de novidades. Logo que comuniquei ao editor do Jornal que pretendia entrevistar o Cleber ele já foi citando o "Meninos de Minas",projeto que notabilizou o Cléber como produtor diferenciado, capaz de mover importantes projetos culturais e que ainda consegue manter uma postura otimista perante as mudanças, blindado com uma espécie de couraça poética pra sobreviver com arte. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA - Você é poeta, produtor, gestor cultural, escritor. Entre tantos ofícios qual é o dominante?
CLEBER - Acho que ser ajuntador de sonhos é o que caracteriza minha vida, minha sina. Em tudo que faço (ou traço) há uma pontinha de sonhos. Escrever uma poesia ou um projeto é um exercício de sensibilidade que permeia cada um de meus dias. De forma igual, produzir um evento ou gerenciar uma entidade ou projeto carrega a mesma necessidade. Esta sensibilidade vale pra toda atividade humana, mas costuma ser mais explícita no campo da cultura e das artes.
MEDIOPIRA - Como é a convivência entre o artista e o gestor?
CLEBER - A dor e a delícia de criar um texto, riscar um desenho ou fazer uma foto é tão intensa e interessante quanto produzir um evento, um disco, um projeto. É tudo muito parecido. É misturado. Uma mão leva à outra.  
MEDIOPIRA - O que você acha da poesia em tempos virtuais? Acha que a internet banaliza ou depura a partir da quantidade?
CLEBER - A internet democratiza tudo e oportuniza a difusão de uma forma de arte e de agir. Nas redes virtuais, todo mundo pode ser o que quiser e até mesmo ser o que não é. Muita coisa boa aparece e surpreende. Muita coisa de qualidade duvidosa aparece e surpreende também. A possibilidade está diante de todos. Cabe a cada um achar o filtro próprio. Estamos todos a um clique do sonho ou do pesadelo virtual. É uma questão de escolha daquilo que serve ou não pra cada um de nós.

MEDIOPIRA - Você é uma pessoa que construiu uma parte da sua história num mundo ainda analógico. Hoje é tudo digital. Como você trabalha isso? Atualizou-se ou tem dificuldades com esse novo mundo?
CLEBER -Eu tenho uma grande dificuldade com a tecnologia, com a vida digital. Minha filha pequena costuma encurtar alguns caminhos que eu não consigo caminhar sem embolar a cabeça.
Tento aprender bem devagar, com calma pra não estressar.
Pra falar a verdade, eu sou quase uma ‘anta digital’, mas eu ainda não desisti.
MEDIOPIRA - Você foi superintendente da Fundação Carlos Drummond de Andrade. Quais foram seus orgulhos e frustrações dessa época?
CLEBER -A oportunidade é tudo para o ser humano. Eu tive uma oportunidade de ouro. A alegria maior é a certeza que nossa equipe fez o melhor e colheu frutos deste empenho. Conseguimos contribuir pra história de nossa terra. A frustração ficou no passado, como ficam algumas das melhores lições da vida. Foi tudo muito intenso, como deve ser um trabalho na área cultural. As alegrias superaram as frustrações. Demos um passo na caminhada desta vida corrida. Daquele tempo, alguns projetos marcaram a história cultural na nossa cidade. Lembro com carinho da intensa programação do Centenário de Carlos Drummond de Andrade, criação do projeto Drummonzinhos, reconstituição da Fazendo do Pontal, restauração e aquisição da Casa de Drummond, ônibus Biblioteca Drummond Sobre Rodas, Seminário Internacional de Produção Musical, Seminário Cultural do Sudeste (preparatório para o Fórum Cultural Mundial), festivais de inverno, lançamentos de livros e CDs, regulamentação da Lei Drummond de Incentivo à Cultura, Fórum Luso-Brasileiro, entre tantos outros. Passa um filme na gaveta da memória, quando penso na alegria de nossa equipe a cada desafio vencido.
MEDIOPIRA -Vemos a tecnologia assumindo funções antes executadas por seres humanos em todas as áreas. Acha que isso vai chegar ou já chegou as artes?
CLEBER -Já chegou com força, mas tem espaço pras coisas que são feitas à unha, na raça, sem tecnologia. Há diálogos possíveis e necessários, mas há espaço em que uma coisa não condiz com a outra. É preciso achar o que valoriza sem descaracterizar. Sem afrontar a raiz.
MEDIOPIRA -Como você vê a música atualmente? Tem espaço para a qualidade num mundo onde o público comum prefere a monocultura da música sertaneja?
CLEBER -Hoje temos mais qualidade ao nosso alcance. A difusão é que costuma dar a impressão que tudo é nivelado por baixo, mas não é. Eu acredito que ainda vamos conseguir achar o fio da meada e mostrar que a qualidade é maior que “o sucesso” que anda mandando em nossa música de uma forma geral.
Há muita coisa bacana pra gente ver e ouvir. É preciso estar atento nesta travessia.
MEDIOPIRA -A internet para você auxilia ou esmaga os artistas?
CLEBER -A internet é a melhor forma de difusão cultural que temos. A internet só não é melhor que o “boca a boca” que sai do coração, que arrepia a pele e faz você querer falar pra todos que gostou daquele artista, daquela música. Um curtir e compartilhar orgânico é melhor e mais forte, é mais perene do que uma viralização induzida.
MEDIOPIRA -Sobre a cena musical atual, você consegue garimpar coisas boas, no meio de tanta poluição musical?
CLEBER -Todo dia, acho artistas fantásticos. A poluição não alcança meus sentidos. Eu procuro ouvir coisas novas pra reciclar os desejos e a vida.
MEDIOPIRA -Como você vê a cena itabirana da atualidade? E do Médio Piracicaba?
CLEBER -Itabira está lotada de gente com condições de ganhar os palcos do mundo. Há muita qualidade e muitas novidades boas nesta terra Drummondiana.
O Médio Piracicaba também tem uma série de artistas realizando um trabalho com muita competência. Conheço alguns, mas acho que é preciso encurtar a distância que temos de Itabira às outras cidades da região. É uma situação muito parecida com o que acontece entre o Brasil e a América Latina. Somos parte, mas ainda não compartilhamos e somamos da forma que poderíamos.
MEDIOPIRA -Você certa vez sugeriu a baianização da música itabirana, tentando juntar a turma pra criar uma cena poderosa e focada. Deu certo?
CLEBER -Eu acho que é um processo. Nós todos estamos aprendendo e reaprendendo a arte da caminhada coletiva. Estamos no meio do caminho, com algumas pedras à frente, com alguma vontade na mente, com algumas certezas, com uma sorte invisível, mas estamos aprendendo sempre. Com os baianos e com os ipoemenses, precisamos aprender a arte da união e da generosidade em torno de um ideal que seja coletivo. Há muita semente pra plantar. Há mais frutos pra colher do que a gente possa imaginar.
MEDIOPIRA -Na questão da poesia. Acha que continuará a sobreviver no papel ou seu caminho também é a nuvem e o universo virtual?
CLEBER -O livro não acabará nunca. O universo virtual ajudará a popularizar a poesia nossa de cada dia. Um dia, a poesia será mais oral que impressa ou virtual. A poesia ainda será incorporada à cesta básica de necessidades humanas e terá lugar na sala de ser e de amar de todos nós.
MEDIOPIRA - Sobre as leis de incentivo. Não acha que tem burocracia demais para que um artista consiga viabilizar sua arte?
CLEBER -A burocracia não é demais. Precisamos formar mais produtores, gestores e administradores culturais para dar vazão a tanta arte carente de espaço e difusão. Alguns artistas precisam de produtores. Outros dão conta de fazer a própria produção – por talento ou por necessidade.
MEDIOPIRA - Quais são os seus projetos do momento? Em que está envolvido na atualidade?
CLEBER -Estou produzindo um CD dos Meninos de Minas. Tenho sonhando em dedicar à poesia uma parte maior do meu tempo. É um projeto, é uma parte dos sonhos que carrego no meu embornal da cor de burro fugido.

MEDIOPIRA - Seu trabalho é mais concentrado em Itabira ou atua em outras freguesias também
CLEBER -Ao longo de quase quarenta anos de produção cultural, tenho tentado construir algumas pontes fora de Itabira, em outros países e cidades. Acho que nenhuma cidade, do tamanho ou menor que a nossa, consegue consumir tudo que produz na área cultural. O público consumidor ainda é pequeno. É preciso outros caminhos e mercados pra ampliar os horizontes. Vou tentando achar estas possibilidades pra fortalecer o que fazemos aqui. Quase sempre, a vida é uma tentação, mas há alegrias plurais nesta caminhada.

MEDIOPIRA - Deixe alguns links para o seu trabalho.