sexta-feira, 24 de junho de 2016

SONETOS MODERNOS

Raphael Godoy é um poeta  da novíssima geração Monlevadense. Seu primeiro livro “Escritos Esparsos” foi um mix de sentimentos e impressões sobre o mundo. O segundo que vai ser lançado no 1º Festival de Inverno de João Monlevade,  vem de uma interessante experiência de sonetos diários publicados no blog “Um soneto por dia”. Raphael ousa brincar com um gênero popular em tempos passados, mas com novo enfoque, utilizando cadência, ritmo ,poder de concisão, mas com uma perspectiva pop,  sem o rigor estético dos sonetos tradicionais. Mas vamos à entrevista ...

O que te motivou a ser poeta? Quando é que você se descobriu poeta?
Acho que já nasci poeta, lembro que desde pequeno fui das letras. Foi mais ou menos com 10 anos que comecei a escrever. Escrevia sobre tudo e sobre todos, e já ensaiava alguns versos para as meninas da sala, mas não funcionava muito bem (risos). Desde então, esta fase de escrever vem e volta, às vezes ficava um tempo sem escrever, mas isto parecia me fazer mal e voltava a escrever de novo.  Mas, só assumi esta veia poética este ano. Antes me intitulava escritor, mas, hoje, me considero mais poeta.
Você lançou um livro que li e gostei bastante, o “ESCRITOS ESPARSOS”. Quais feedbacks obteve?
O Escritos foi um projeto bem experimental, uma coletânea de textos e poemas que escrevi ao longo de quatro, cinco anos, mais ou menos e de repente viraram livro. Eu gostei do feedback de algumas pessoas. É legal quando você escreve uma coisa e alguém fala para você: “É exatamente assim que me sinto”. Este tipo de reação é o que motiva continuar escrevendo, pois se sua arte não toca as pessoas de alguma forma, ela não se justifica.
Você tem fetiche com o objeto livro ou se dá bem no ambiente virtual? Acha que a internet tá matando o romance?
Eu prefiro ler no papel, sentir a folha, e ter o prazer de ao final fechar o livro e voltar com ele para a estante. Mas, a internet é uma excelente vitrine e nos dá um par de possibilidades para tudo. Não acho que a internet esteja matando o romance, a internet é uma ferramenta apenas, um revólver não mata, quem mata é quem atira. A própria sociedade tem matado o romance. A procura pelo imediatismo, o prazer pelo prazer, querer se mostrar feliz o tempo todo... como haverá de ter espaço para o romance? Rejeita-se todo sentimento que incomoda e o substitui por alguma coisa qualquer. Antes, quando sentia-se para baixo o indivíduo procurava conversar com alguém, falar de seus sentimentos, hoje tira-se uma selfie e depois fica contando as curtidas para se sentir melhor. Mas, o sentimento ainda está lá, ferindo, machucando e poucos sabem lidar com isto.
Muitos dos seus sonetos pintam cenários, tem personagens exuberantes (principalmente mulheres), contam histórias nem sempre politicamente corretas. O Raphael poeta briga muito com o Raphael pessoa?
A gente já brigou mais, mas recentemente temos andado bem um com o outro. Quando se escreve e, principalmente quando se escreve poesia, a gente se expõe muito. Por mais que eu me aproveite de histórias, verdades e sentimentos de outras pessoas, quem lê, acredita que aquele é o sentimento do Raphael e não daquele personagem inventado para escrever aquele soneto. Então, chega uma altura que eu tive que escolher, ou eu escrevia para agradar a mim e  as pessoas que comungam dos mesmos valores e histórias que eu, ou escrevia para tocar cada vez mais pessoas. Eu escolhi a segunda opção.
Já as mulheres, são uma inspiração a parte. Mas, não tem como não ser. Hoje há tanto debate sobre feminismo, sobre o papel da mulher na sociedade, que se esquece que elas são o ser mais incrível que Deus fez. Imagine você sendo Adão, com tantos animais maravilhosos, paisagens naturais indescritíveis e então Deus faz a mulher e lhe entrega. Qual foi a sua reação? A de Adão foi dizer apenas uma frase: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Imagino que nesta hora Deus criou também a poesia, a música, o prazer. Havia ali, reverência, respeito, admiração, um amor inacreditável que a colocava como igual, como parte dele. E hoje, o que vemos é o que mais de abominável há no homem que é a violência contra a mulher, seja física, verbal ou emocional e esquece-se do principal que é esta primeira emoção, esta sensação de que ainda bem que Deus fez a mulher. E meus sonetos falam muito disto. Do poder feminino e do encanto que as mais diferentes belezas causam em nós homens.
Porque você escolheu os sonetos?
Eu escolhi os sonetos por acreditar que eles sejam uma tradução dos tempos atuais. Onde tudo tem que ser muito rápido, imediato. Conto estórias em sonetos que poderiam ser desenroladas em crônicas, contos e até romances, mas confiro eles a velocidade dos nossos dias. Não dá nem tempo de se apaixonar por um personagem e o desfecho da estória já está no verso seguinte. Além desta familiaridade com o que temos vivido, o soneto é um desafio para quem o escreve, 14 versos são muito pouco, então precisamos escolher bem as palavras, colocar ritmo e sentido em cada uma delas para que o resultado fique bom.
Você além de escritor é um profissional de marketing. Até onde a lente do marketing acrescenta à sua poesia?
Tenho uma linha que o Marketing deve ter como foco principal a satisfação do cliente para criar uma rede de promotores cada vez mais consistente e garantir a sustentabilidade do negócio, e levo isto para o meu negócio de Literatura. Procuro entregar textos que sejam relevantes e de maneira que eu agrade as pessoas e elas digam a seus amigos: Olha que legal isto. E a internet viabiliza muito esta criação de rede de promotores. Hoje minha página no facebook possui mais de 2.500 fãs, dos quais não devo conhecer 5%. Ainda é pouco se comparado ao universo de pessoas que estão nas redes sociais, mas, já é um passo.
Esse livro que você vai lançar, vem sendo escrito religiosamente, todos os dias da semana no blog “Um Soneto Por Dia”. Tive oportunidade de ler vários sonetos, muitos deles inspiradíssimos. Como é que surgiu essa ideia de livro interagindo com  blog, um alimentando o outro?
A ideia do blog "Um Soneto Por Dia" surgiu no final do mês de janeiro, quando encontrei alguns sonetos que havia escrito e não havia publicado e me desafiei a fazer um soneto por dia,. Passados alguns dias, tinha material para um mês de postagem, e então comecei a publicar e a escrever todo dia, pelo menos, um soneto. Tem dia que não sai nada de bom, mas tem dia que consigo dois muito bons. 
Hoje já são quase 150 textos e não tenho pretensão de parar. Já o livro, surgiu de uma conversa com a Carla Lisboa, que inclusive me ajudou com o lançamento do primeiro Livro, sobre o festival de inverno. Conversávamos sobre a programação e veio um estalo, porque não aproveitar o festival e lançar uma edição especial com os 100 primeiros dias do blog? Fizemos algumas pesquisas, ela montou a arte da capa do livro e quando fui ver já estava enviando o material para a gráfica, tudo em menos de uma semana. Devido ao custo da produção dos livros, optei por fazer uma edição limitada em uma editora especializada em pequenas edições, com os 100 primeiros.

O que vai ter no lançamento que vai acontecer durante o 1º FESTIVAL DE INVERNO DE JOÃO MONLEVADE?
Estamos definindo os detalhes ainda, mas falarei um pouco do processo de criação dos sonetos, teremos algumas leituras e meu irmão, Thales Godoy, está transformando alguns destes sonetos em músicas e ao final do evento teremos a sessão de autógrafos. Os exemplares poderão ser adquiridos no dia do lançamento, em outros eventos que participarei e pela minha página no facebook.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

PRIMEIRO DIA DE TIRAR O FÔLEGO

O 1º Festival de Inverno começa em grande estilo no dia da música(18-04 a partir das 17 horas) com 4 shows muito bons. 

GANGA BRUTA e CONGADAR - de Sete Lagoas

Um trabalho muito interessante que mescla Rock com os tambores do congado. A primeira vez que vi alguém misturando rock com tambores foi com Chico Sciente e Nação Zumbi. Não sei como será a apresentação da banda, qual será a formação para o Show do Festival de Inverno. Pelos vídeos a gente percebe várias formações, a presença dos tambores, da religiosidade também e até vestimentas características do Congado. Mas o som da banda é muito mais do que isso. Tem altas dosagens de rock, muitas guitarras viajandonas, gaita, também cânticos de congado, , tambores, riffs, tradição e atitude.

IGOR VENAL e o CHIQUEIRO ELÉTRICO

O Cantor Itabirano constrói a ponte entre a velha e a nova música itabirana, trazendo músicas de compositores consagrados da cidade   ( Newton Baiandeira) com novas roupagens, experimentando e tecendo um trabalho que ele chama de MPB Underground. 

DJAMBÊ

A Banda Belorizontina é uma das mais premiadas e aclamadas pela crítica . O Djambê tem um trabalho poético forte, engajado, espiritual, botando na roda um estilo que denominam de Rock Macumba. 

MIKE SANTOS

O Riopiracicabense Mike Santos é dono de uma voz aveludada, compositor de belas canções e clips, além de ótimo instrumentistas Seu som tem influência do pop Brasileiro e Internacional, nuances de Lulu Santos, Djavan, Stevie Wonder, entre outros.  

ITABIRANO VENAL


IGOR VENAL é da novíssima geração da música Itabirana. Grande responsabilidade fazer arte numa terra de tantos escritores e músicos. Mas IGOR e seu Chiqueiro Elétrico não negam fogo. IGOR faz a ponte entre as gerações com sua MPB UNDERGROUND. A gravação deles para ARCO-ÍRIS em PRETO E BRANCO do mitológico compositor Newton Baiandeira tá bombando na internet e a turma vê no 1º FESTIVAL DE INVERNO DE JOÃO MONLEVADE uma oportunidade de alargar os horizontes e ir conquistando espaços nos corações e mentes. Mas vamos à entrevista...

A pergunta que não pode faltar: o que você ouvia quando criança em Itabira?

Ouvia muito MPB, caetano, chico, Raul também. Bem posteriormente ouvi rock  como Barão Vermelho, Los Hermanos e mesmo o hardcore  como Dead Fish. Atualmente retomei ao que mais escutava: a MPB.

De onde vem o nome IGOR VENAL?

Venal era o nome adotado por uma antiga banda minha, que acabei incorporando ou ao fim do projeto. Muitos acreditam verdadeiramente ser meu sobrenome, mas é mesmo um nome artístico.Rs.

Quais são as suas principais influências? Alguma influência Drummondiana no trabalho? De outros poetas e artistas Itabiranos?

Drummond é inegável a influencia. Fui muito influenciado também pelos poetas locais, os poetas de casa, dentre eles o Newton Baiandeira.

O que é o Chiqueiro Elétrico?

Chiqueiro Elétrico é um projeto à parte fundado por Iago Lorena (guitarrista) que ganhou vida enquanto gravávamos o projeto Igor Venal, por isso o Igor Venal & O Chiqueiro Elétrico.

Quem são os integrantes do Chiqueiro Elétrico?

O Chiqueiro Elétrico não é um projeto concreto ainda. Nem todos que gravaram participam do mesmo. Como disse, o projeto nasceu durante as gravações, pra nomear a banda que iria me acompanhar.  A Talentosissima Carol Moraes cantou em todas as musicas nas gravações dando um outro ar para as musicas. Mas a formação que irá tocar em João Monlevade será com Iago Lorena, Barbara Lopes, Ricardo Reis, Paulinho Almeida e Filipe Melo.

A música Arco-Íris em Branco e Preto que vocês gravaram é do grande compositor Itabirano Newton Baiandeira. E as músicas de vocês? Tem mais músicas próprias?

Sim. A musica do Newton foi uma homenagem. Ele havia me dado permissão de gravá-la antes de falecer, mas só agora pude dar vida a música. As demais canções são de minha autoria ou do Iago Lorena.

Como você classifica o trabalho que desenvolvem?

Underground ! Fizemos quase tudo com gravações caseiras, através de ajudas por permutas. Todos são estudantes e a maioria fora de casa para estudar. Seria impossível uma gravação em studio profissional pelo alto custo.

Como vocês veem a música Itabirana de hoje em dia? A cidade tem abraçado o trabalho de vocês?

Vejo um florescer Itabirano. Vão tocar juntamente no festival de JM a banda Poison Or Medicine, de meu amigo João Jardel, que me influencia musicalmente desde o projeto Curved. A banda Postura, referência em Cena na cidade. Também tocará a banda Spoiler Itabirana, ambos com discos autorais e novos.

Quando vocês formulam repertórios para shows, colocam quais percentuais de músicas próprias e de covers?

Fazemos muito covers, até pela falta de musicas autorais no momento. É um projeto muito novo. Temos poucas musicas gravadas, mas já temos novas canções esperando serem registradas em CD.

Onde vocês tem feito shows? Em bares? Teatros? Em praças públicas?

Toco muito na rua com outro projeto de que participo, o “Chapéu Imaginário”. Tocamos no último dia 13/06 no Cine Brasil e foi uma experiência incrível.

O que o pessoal presente no 1º Festival de Inverno de João Monlevade pode esperar do show do IGOR VENAL e o CHIQUEIRO ELÉTRICO? Podem adiantar o que virá? Virão com banda completa?

Bem. Será nossa primeira apresentação com banda completa. Inclusive, estamos aguardando este momento a meses. Estamos muito empolgados em tocar em outra cidade e pela visibilidade de participar do festival.

Vocês acham que a internet ajuda ou atrapalha o artista?

Sem a internet sequer teríamos lançado a Single. Devemos tudo à mídia virtual.

Deixem seus contatos pra galera conhecer...youtube, facebook, twitter,instagram, palcomp3, enfim...

Instagram:
@igorvenal

Facebook:

youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=TNqKyVasiOM

sexta-feira, 10 de junho de 2016

ENTREVISTA COM A EMÍLIO DRAGÃO DA BANDA DJAMBÊ,


1) - Por que Djambê? Qual o significado?

Djambê é um tambor africano, que além de ter um timbre muito abrangente (de um grave muito “pesado” até um agudo “estalado”) em algumas tribos na África é sagrado, e é assim que enxergamos a música: sagrada, onde a gente tem que ter muita responsabilidade com o que cantamos (pois se temos o privilégio de cantarmos num microfone, onde mais pessoas vão nos ouvir, temos a responsabilidade de dizer coisas relevantes) e abrangente, que aborde todas as lutas, toda a diversidade que temos e somos.



2) – Como é que vocês se conheceram?

A banda já teve diversas formações, eu fui o único que restou da formação original, de 12 anos atrás. Começou num grupo de capoeira, nos encontros que fazíamos na Serra do Cipó, trocando composições e ideias, daí veio a vontade de montar uma banda!

3) – Já vi vocês definindo o som de vocês como ROCK MACUMBA. O que vocês misturam no caldeirão do Djambê?

A gente tinha dificuldade em rotular o som, de colocar numa gaveta, por isso inventamos o Rock Macumba. Tem um pouco de tudo na verdade! Tem o power trio e o protesto do rock, tem a percussão as levadas e a celebração do maracatu, congado, candombe, baião, capoeira... Rock Macumba é celebração de consciência.


4) – Como é o processo criativo do Djambê? Quem compõe? Qual é a formação oficial da banda?

As músicas que cantamos hoje são algumas minhas e outras da Pri. As letras, normalmente, são questionamentos e aprendizados que estamos vivendo/buscando na época, que buscamos externalizar pra tentar nos entender, nos desconstruir, e estimular as pessoas a se entenderem também e somar positivamente com tudo que nos rodeia. Depois que temos essa letra/canção, trazemos pro coletivo para fazermos um arranjo pensado por todos.
Hoje estamos eu (Emílio Dragão - voz), Priscilla Glenda (voz e sampler), Maýra Motta (percussão), Júnior Caban (baixo), Alex Bartelega (bateria) e Victor Millard (guitarra). Inclusive a história do Victor é bem legal, ele era fã do Djambê, ia em praticamente todos os nossos shows, aí um dia, ele me mandou uma mensagem falando que tocava guitarra... se um dia a gente precisasse... foi exatamente um dia depois da nossa ex-guitarrista (Letícia Damaris), falar que não poderia mais tocar conosco. Então fizemos o teste com ele e rolou demais!

5) – Já conheço vocês dos festivais. Já vi vocês cantando temas filosóficos, espirituais, políticos. O que o Djambê quer gritar pro mundo?

Acho o que a gente quer gritar é que cada um importa, sabe?! Cada pessoa! Cada um de nós tem um papel fundamental pro mundo ser um lugar melhor, de paz, ou o inverso.  E pra isso precisamos reconhecer quem somos na essência e o que nos foi imposto culturalmente e romper com isso. Acho que é a busca pela revolução interna mesmo, deixar práticas que fazem mal para nós (vícios, etc) e para os outros (racismo, sexíssimo, homofobia, especismo...). Você importa! Revolucione-se!


6) – Vocês tem participado de muitos eventos e conquistando prêmios importantes. O que isso representou na carreira de vocês.

O mais legal de participar desses festivais na verdade são as pessoas que a gente encontra no caminho, as amizades que fazemos. Isso é o que mais acrescenta. Logicamente que os prêmios nos ajudaram a gravar nossos 2 discos, pagar ensaios, chancelar tecnicamente o trabalho, essas coisas. Mas o mais importante mesmo são as pessoas.

7) – Já vi gente falando que é uma maravilha, mas já vi gente também dizendo que força o músico a só sobreviver de shows, pois praticamente mata os direitos autorais. – Como vocês lidam com a internet? Ajuda ou atrapalha?

Internet é cabulosa! Leva o trabalho a lugares que a gente nem imagina... outro dia um amigo tava em Nova Iorque, num bar e tocou nossa música. Imediatamente ele postou no facebook dele. A gente não tem noção da abrangência. Acho que estamos trabalhando bem na rede. Na minha visão, quem ganha com direitos autorais mesmo são os grandes, tem que ter muuuuita gente consumindo sua música pro direito autoral fazer diferença financeira. A internet amplifica nosso alcance, ajuda na formação da base de fãs que vai sustentar o projeto no futuro, mas temos que ter noção do onde estamos, quais passos devem ser dados, e que nada “cai no colo”.

8) - Como vocês analisam o atual momento do mercado musical?

O mercado da música é igual a outros mercados. Tem que dedicar pra conseguir seguir, sem mudar a essência pra conseguir chegar mais longe (logicamente), mas tratar como um trabalho mesmo. A tempos atrás eu ouvi de um senhor - “a música te dá o que você dá pra música.”, e desde então me pautei por aí. A gente, além de ensaiar 3 vezes por semana, abriu uma produtora pra poder gerenciar o Djambê que se chama DiGrila. Dirigida por nós mesmo. A Pri é formada em Publicidade, então ela cuida da parte de comunicação e assessoria de imprensa, eu fico com a parte mais artística e técnica, meus irmãos, Gabriel e Ananda, ficam com a parte operacional e de vendas. Trabalhamos todos os dias da semana, 6 horas por dia pra isso acontecer, é uma pequena empresa.

9) – Vocês vivem de música ou desenvolvem trabalhos paralelos em outras áreas?

Ainda temos trabalhos paralelos ao Djambê para sobreviver financeiramente, mas todos optamos por trabalhos que não sejam “fichados”, para termos o horário flexível para podermos viajar e dedicar mais. Uns tocam em bares com projetos de música cover, uns dão aula de música, outros fazem serviços de fotografia, de reforma (pedreiro, instalações, etc).

10)             – Vocês gravaram um clip muito bacana com a música QUANTO VALE, falando da tragédia de Mariana. Uma curiosidade: o que era aquela lama do clip? Chocolate? Rs...

Era lama mesmo, pois queríamos que fosse realista na sensação de asco, como naquela cena com o macarrão.


11)             – Quais os planos para o futuro imediato?

Nós acabamos de lançar um EP pela Sony Music, que se chama “Trovão”. Tem 2 músicas inéditas “Bucado de amor” e “Falha no sistema” e está disponível nas plataformas digitais: Deezer, Spotify, ITunes e AplleMusic. Estamos com um projeto pra gravar o clipe da música “Trovão”, lançaremos em breve um mini doc da nossa turnê nordeste (do fim do ano passado),  e esse mês e mês que vem tocamos respectivamente com Criolo em Fama/MG e com Suricato e Paralamas do Sucesso no Rio de Janeiro/RJ (e a gente tá bem feliz com isso! Rs...)

12)             – E  o que a galera do 1º Festival de Inverno de João Monlevade pode esperar do show do Djambê?

Podem esperar nosso suor e nossa alma ali, exprimidos em forma de música. Muito rock, muita macumba e muito questionamento!

13)             – Deixem os contatos de vocês, face, youtube, soundclouds, palcomp3, etc, etc, etc

sexta-feira, 3 de junho de 2016

MIKE SANTOS DE CASA FAZENDO MILAGRE

Há alguns anos atrás organizávamos um Festival da Música  quando recebemos uma inscrição que nos impactou positivamente. Primeiro pela letra instigante, depois pelo arranjo também de ótima qualidade. Nas pré-seleções sempre temos o hábito de ouvir todas as músicas sem saber os autores, até para não haver contaminação. Quando fui conferir de quem era aquele música li pela primeira vez o nome MIKE SANTOS. Fiquei mais surpreso ao perceber que o compositor era de Rio Piracicaba e que havia gravado aquela música em seu home studio. Santa tecnologia, Batman! Mas o Mike é muito mais que isso. Também é editor, videomaker, pioneiro no modo colaborativo de produção, um sujeito extremamente antenado que faz milagres com as novas tecnologias. Mas vamos à entrevista. 
1 – Como foi o seu despertar pra música?
Aconteceu em casa mesmo, minha mãe é musicista, e na época dava aulas de teclado e violão em casa, eu estava sempre "de olho", e aos 6 anos, ela percebeu que eu já estava tocando alguma coisinha por conta própria, e decidiu me ensinar.
2 – O que você ouvia na sua infância?
Durante a infância eu era um pouco mais “fechado” musicalmente ouvia muito Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil, Clube da Esquina, Legião Urbana, Angra, Piano Clássico (por estar aprendendo), Don Ross, Pink Floyd, Dream Theater, Steve Vai, Joe Satriani, e do pessoal mais próximo eu ouvia República dos Anjos, Aggeu Marques e Concreto, e tudo o que minha mãe cantava, minha maior influência.
3 – Você começou a aprender música em Rio Piracicaba mesmo ou em outra cidade?
Sim, em Rio Piracicaba, cidade de grandes músicos, haviam várias bandas e uma corporação musical na época, várias boas influências, e sempre uma boa movimentação cultural, o que a tornou um bom berço pra vários músicos que como eu, tem suas bases em Rio Piracicaba.
4 – Como foi a sua iniciação musical? Você continua estudando?
O início foi no teclado, aos seis anos, tendo como professora minha própria mãe Fátima, alguns meses depois, comecei a me aventurar pelo violão também, e assim foi sistematicamente por toda a minha infância, tínhamos dias de estudo de teoria, dias de solfejo, dias em que ela solfejava para que eu “tirasse” as músicas de ouvido, e nesse meio tempo, fui me aventurando por outros instrumentos.
Nos apresentávamos muito como Família Santos, no extinto Clube da AFERP em Rio Piracicaba, em casamentos, festas particulares, na tradicional Festa de Bom Jesus, e me recordo que aos nove anos minha mãe decidiu “parar” de tocar profissionalmente, a partir desse momento eu assumi a parte instrumental da família, responsabilidade que me forçou a buscar sempre melhorar como músico apesar da pouca idade na época.
Hoje continuo estudando, em virtude de uma parceria com a Ibanez, estou mais concentrado nas guitarras, mas nem por isso deixei os outros instrumentos de lado. A partir de junho desse ano, terei alguns vídeos periódicos, no meu canal e no canal da Ibanez com interpretações de obras dos grandes da guitarra, entre eles Steve Vai, Joe Satriani, Kiko Loureiro (que está representando o Brasil muito bem no Megadeth), Eric Johnson, entre outros.

5 – É músico de partitura ou só de ouvido?
Faço uso de ambos, no dia a dia toco “de ouvido”, mas para estudar a partitura é uma ótima ferramenta, e acelera muito o processo de aprendizado de novas músicas, treinos, escalas etc. Fora o uso para gravações também, onde se torna possível tocar “cravado” sem a necessidade de ensaios.
6 – Quais as suas principais influências?
Hoje apesar de grande parte do que eu escutava eu continuar ouvindo, os horizontes se abriram mais, Chico Buarque, Renato Russo, Humberto Gessinger, Johnny Alf, Rafael Bittencourt, Djavan e Marcelo Camelo são boas referências no Brasil em relação às letras e harmonias. De fora Pink Floyd, Dream Theater, Peter Frampton, Little Tybee, Symphony X, Frank Zappa, Kansas, Cristopher Cross, entre muitos outros, o que se reflete em parte do que eu componho.

7 – Rio Piracicaba já o inspirou musicalmente?
Sim, sem dúvida, mesmo porque é a cidade onde eu passei grande parte da minha vida, logo as lembranças, influências, estão sempre presentes, e além de tudo, é um lugar onde tenho segurança e tranquilidade pra perder umas boas noites de sono entre composições e arranjos.
8 – O que mais o inspira a compor?
Acho que os temas mais comuns são cotidiano, conjuntos de ideias e valores, e o amor, que vem a muitos séculos inspirando compositores e poetas. Temas comuns entre a maioria dos compositores, tem umas “viagens” também, como algumas músicas que foram feitas depois de sonhos, outras após boas conversas ou discussões sobre a vida, “o crítico da sociedade” que foi feita numa noite em que eu avistei uma estrela cadente (vejo todos os dias...), “polaroid” que é sobre uma câmera que já imprime as emoções, e “e quando eu te vejo” que traz a formula consagrada das boas e velhas canções de amor.
9 – Dá pra arriscar a fazer show 100% autoral?
Dá sim, claro, inclusive é um sonho antigo, que vamos trazer à realidade assim que possível, mesmo que seja em um ambiente mais intimista, é uma meta ainda para o ano de 2016.
10 – Você além de compositor também é produtor e grava suas próprias canções. Conte um pouco dessa história pra gente. Você grava tudo em seu homestudio?
Martino, tudo começou quando resolvi fazer uma “demo”, assim como todo mundo. Por falta de dinheiro resolvi fazer um processo caseiro, fui lendo sobre os softwares, o processo, e com muita ajuda, de vários amigos, comprei uma placa de som de dois canais, e me surpreendi com os resultados, eu vi que era possível chegar a um produto satisfatório sem “entrar em estúdio grande”, e com isso eu continuei aprendendo, e correndo atrás para enriquecer esse processo.
O primeiro CD demorou cinco anos para ficar pronto, várias pistas foram gravadas e regravadas diversas vezes, nesse meio tempo passei por uns três softwares, e umas quatro interfaces de áudio, e em 2014, surgiu uma possibilidade de uma parceria com a Sony, foi então que eu me “estabeleci” em uma DAW (programa de gravação), plug-ins e processo, tudo fornecido por eles.
A partir daí foi tudo muito rápido, refiz parte das gravações, usei grande parte do material que já tinha gravado, alguns lá da primeira placa de som ligada a um notebook CCE, tive muita ajuda dos técnicos da Sony e no fim cheguei ao áudio que eu queria ouvir no início do processo.
A masterização foi feita por eles, de forma analógica na Inglaterra, e eu gostei bastante do resultado. O fruto dessa caminhada foi o cd Sublime Sentido, disponível no Itunes, Play Store, Spotify, SoundCloud e todas as outras plataformas do mercado.
Hoje gravo grande parte de tudo em casa mesmo, no meu homestudio, só as gravações realmente grandes, como pianos, coro de cordas, e baterias que costumo fazer fora, geralmente em estúdios parceiros da Sony, mas mantenho o processo o mais “em casa” possível. Acredito muito nessa iniciativa de produção em pequenos estúdios, levando em consideração que hoje houve uma democratização dessas ferramentas e desse conhecimento.

11 – O que você acha do panorama musical contemporâneo. Acha que com a internet melhorou ou piorou a vida do artista?
Acho que melhorou demais, no meu caso por exemplo, sem a internet eu não conseguiria as ferramentas necessárias para gravações, não teria como aprender o processo, além disso estudo muito pela internet, sou da época dos songbooks, e vejo o quanto o guitar pró o cifra clube e o 911 tabs democratizam e organizam esse conhecimento que está muito mais acessível hoje do que era nos anos noventa, quando comecei a tocar.
Outro aspecto interessante é que a internet mudou as formas de consumo e produção musical e cultural. Na minha época a pirataria por exemplo, era através de fitas e Cd’s gravados, hoje ela está a apenas alguns clicks, isso obrigou a indústria a mudar a forma como vende, cobra e distribui seus produtos, mudando inclusive a renda principal dos artistas, que antes estava vinculada à venda das suas obras, Cds, material licenciado, e hoje tem seu foco maior nos shows. Eu tive a sorte de ser “descoberto” pela Sony através da internet, vendo meu disco, divulgo os shows, agendo shows, mantenho contato com o público através da internet, então a considero uma ferramenta indispensável para todos os artistas atualmente, independente da fase da sua carreira.

12 – Você se apresenta na maioria dos espaços culturais do Médio Piracicaba. Como é o tratamento desses espaços para com os artistas? Respeitoso? Justo? E os equipamentos de som. São adequados?
Sou sempre muito bem recebido aqui na região, o que é motivo de muita alegria para mim. As casas, restaurantes e bares e contratantes são sempre muito atenciosos no trato e no planejamento das apresentações. De certa forma ainda há uma supervalorização do artista de fora, e em certos casos isso é usado como argumento em comparativos de preços, equipamentos, etc, mas acho que é algo que vamos desconstruir com o tempo, e com trabalho de qualidade, à altura dos artistas de fora, de dentro, de onde forem. 
As vezes há um certo “choro” em relação ao preço, mas em geral, é sempre possível chegar a um valor justo para ambas as partes, levando em consideração o tamanho da casa, o lucro previsto, e outros fatores. Afinal, há grandes shows para grandes contratantes, e grandes shows em pequenas casas, então, de certa forma, o músico tem que se adaptar, sem abrir mão da qualidade, e do valor justo, afinal, vivemos disso.
Em relação aos equipamentos, já tive diversas experiências ruins com isso, mas todas serviram para meu crescimento como profissional, e a solução que eu vi com o passar do tempo, foi levar uma boa parte do mínimo para uma apresentação de qualidade, como microfones, amplificadores, prés, transmissores, e fazer um input list versátil e acessível aos contratantes da região.

13 – E o público? Tem um comportamento respeitoso e interativo com o artista? Ainda pintam aqueles sujeitos que gritam “ Toca Raul” depois de cada música?
Tem sim, já são sagrados os pedidos, geralmente em apresentações menores, sou 100% levado pelo público do dia, que em certas ocasiões esta mais MPB, em outras mais Rock, assim vamos variando o repertório também, e nos aventurando em diversos estilos. Valorizo muito essa proximidade que o público tem ao pedir, sugerir músicas, e interagir comigo durante as apresentações.
“Toca Raul” continua sendo um mantra na noite, mas ultimamente de forma mais controlada, ainda escuto umas duas vezes por show, mas sempre toco com prazer os sucessos do grande Raul Seixas.

14 – O que significa Rio Piracicaba na sua vida. Santo de Casa faz milagre em RP?
Rio Piracicaba sempre será minha cidade do coração, cidade tranquila que teve e tem grande influência no meu desenvolvimento como músico e compositor.
Percebo pelo carinho dos Rio Piracicabenses que Santo de Casa faz sim milagres por lá, mas ao mesmo tempo, é difícil focar mais na cidade, visto que hoje em dia, há pouco espaço para apresentações, e como o músico vive de show, me sinto um pouco “fora de casa”, por me apresentar poucas vezes no ano em minha cidade natal, mas espero que com o tempo esse cenário mude, e “o santo possa ficar mais em casa” também.
15 – Deixa seus contatos – endereços eletrônicos – mídias sociais – youtube- etc...
www.mikesantos.com.br