sexta-feira, 13 de maio de 2016

MARÇAL FILHO DE ITABIRA

O MEDIOPIRA desta semana traz o Itabirano Marçal Filho. Marçal é multi pra caramba, poeta, compositor, produtor cultural, militante da causa artística, mais um quixote para a nossa legião. Ah...ele também é homem de mídia, apresentador de um programa de TV na cidade de Drummond. Mas vamos à entrevista...

1) - O fantasma de Drummond assombra vocês?

Na verdade, não posso falar por todos, mas no meu caso, considero o fantasma de Drummond bonzinho, mesmo porque, seu estar no mundo, seu postar frente à vida era de uma simplicidade a toda prova e sendo o monstro sagrado que foi e é, certamente não seria um fantasma pentelho porque se o dito cujo assim o fosse ou se comportasse, o poeta, sem dúvida o repreenderia.

2)– É difícil fazer poesia, fazer arte na terra do poeta maior?

Não diria que é difícil, mas certamente é de uma responsabilidade absurda, a poesia de Drummond é incomparável, mas acho que cada um tem seu livre arbítrio de criar e alguns leitores agradarão e outros não. Com Drummond, não foi diferente.

3)- O que constitui a sua poética? Quais as suas influências?

Apesar de muita gente me considerar um poeta, até hoje sinceramente não acho que sou. O que sou mesmo é um rabiscador de versos. Leio muita gente admiro muitos poetas, assim como tem muitos que não me agradam, mas procuro dentro da medida do possível rabiscar minhas coisas do meu jeito, tento ser livre das influências para ser o mais verdadeiro possível.


4)– Como é que foi esse casamento da poesia com a música?  As duas coisas vieram juntas?

Não. A música veio primeiro, aprendi os primeiros acordes tocando cavaquinho, meu pai ensinou-me os primeiros acordes aos quatro anos de idade, sou péssimo instrumentista até hoje, nunca consegui aprender, mas tocar um pouquinho ajudou-me na criação das canções, a poesia surgiu na adolescência, mas é como falei, são coisas simples que traço no papel, mas como nem todas as pessoas são perfeitas (risos) consigo encontrar algumas que gostam.

5)–Como está o cenário da literatura em Itabira nos dias de hoje? Quem você citaria como expoentes, além de você mesmo.

Itabira é realmente um celeiro artístico. Tem muita gente envolvida com a arte de maneira geral e no campo da Literatura, temos alguns escritores e poetas dos quais gosto muito. Para citar alguns: Saulo de Oliveira Campos, Marcos Henrique Camilo (Gacê), José Eustáquio Lage Moreira, José João de Brito e Rosemary Penido de Alvarenga.

6)–E o cenário musical? Tem belas revelações?

Sim, tem uma rapaziada nova aí fazendo bonito, o pessoal da Banda Curva de Gauss, Igor Venal, Karlo Cabeça, além dos veteranos que continuam na ativa.

7)– Como está a fruição musical de Itabira hoje? Tem belas vitrines? Belos espaços para a moçada mostrar seus trabalhos?

Temos espaços perfeitos e de sobra, no entanto, pouco explorados, entende?
A previsão é de que a partir de 2017, as coisas fluirão melhor. Estamos trabalhando incansavelmente para isso.


8)  – Os itabiranos preferem trabalhos autorais ou se comportam como na maioria das cidades, preferindo os covers que os trabalhos autorais?

Parece que isso é regra geral, diria que aqui não difere do contexto, acho que a proporção é de 90 contra 10% infelizmente.

9) – Você também tem destacado trabalho de militância cultural. Conte um pouco desse trabalho pra gente.

Rapaz essa é uma luta de alguns aqui e é datada de muitos anos. Só para você ter uma ideia há 20 anos a gente vem discutindo sistematicamente com o poder público a necessidade de maior apoio à classe artística, ajudamos a criar a AMITA “Associação dos Músicos de Itabira”, também ajudamos na fundação da ASPI “Associação dos Poetas e Escritores Itabiranos” e mais recentemente a AILE “Academia Itabirana de Letras” depois de muita insistência e vários nãos pela frente, os horizontes a partir de 2013 começaram a clarear e temos boas perspectivas futuras.

10)– Como a prefeitura e a fundação cultural de Itabira tem se relacionado com a classe. Tem sido uma relação tranquila e fértil?

Tranquila acredito que sempre foi, mas fértil, nem tanto, a que se fazer muito ainda, mas uma coisa é certa continuaremos mais firmes que nunca.
  
11)– Quais as conquistas do movimento de vocês em termos de benefícios duradouros para a classe?

Recentemente Fundamos a Frente Popular da Cultura Itabirana e graças a ela foi instituído pelo prefeito atual o Sistema Municipal de Cultura, bem como a criação do Conselho Municipal de Políticas Culturais e o Fundo Municipal de Cultura, sem dúvida, são instrumentos fortes e ferramentas que muito nos ajudarão de agora em diante.
  
12)–Quais são os principais projetos em que você está envolvido hoje?

Do ponto de vista pessoal estou envolvido com a criação de um projeto chamado Poemas & Piano nas Escolas do Brasil, também estou escrevendo 4 romances ao mesmo tempo,coisa de maluco, (risos) e pretendo gravar ainda esse ano um CD autoral chamado: “Nossa Majestade o Samba”.
Do ponto de vista coletivo pretendemos voltar com o projeto Samba, Viola e Poesia, Tarde MPB, Rebelião Cultural e com o FEMAM “Festival de Música da AMITA”

13)– Você vive da arte ou tem outra profissão pra garantir o pão de cada dia?

Devido ter começado minha vida profissional muito novo, estou aposentado há 18 anos e a arte para mim é tão necessária como o ar que respiro, por isso apesar dos percalços, sou insistente. (risos)


14) - Ficamos sabendo que seu filho também é músico e dos bons. Como é que você se sente como boa sementeira, trazendo ao  mundo um filho artista, que também tem alma e vocação artísticas?

Sinto-me um privilegiado, um felizardo de verdade, a musicalidade do Marcelo é algo inexplicável e perto dele sou apenas um mero aprendiz.

15)- Como você enxerga o atual panorama da música. Há espaço para a música de qualidade? O que o artista tem de fazer para procurar e encontrar sua turma?

Atualmente a coisa anda desanimadora (risos), mas espaço sempre houve e há, todo mundo tem seu público, acho que o advento da Internet facilitou muito as coisas. O que o artista tem que fazer é buscar esse nicho para a divulgação do seu trabalho, afinal a boa música nunca morre e na verdade de uns anos para cá, ela foi deixada meio de lado porque a grande mídia está pouco se lixando com a qualidade, só pensam mesmo em faturar, nada mais.



16) - Você hoje apresenta um programa de TV em Itabira. Fale um                  pouco sobre a experiência 

De fato há um ano e pouco fui convidado pela Prefeitura de Itabira a  apresentar o Programa Expressão Itabirana, na TV Cultura de Itabira, um programa de entrevistas, que na verdade é um Programa da AMITA, “Associação dos Músicos de Itabira” e tem por filosofia apresentar a arte e os artistas locais. Gosto muito do Programa e acredito que está agradando, pois os artistas e a comunidade itabirana tem prestigiado muito. É um programa muito simples, mas tem a cara de nossos artistas e de nossa gente.

17 – Conhecemos o Newton Baiandeira há muito tempo nos festivais, um compositor extraordinário. A cidade se preocupa com a preservação do trabalho dele? Tem preocupação com as memórias além do Drummond?

Infelizmente muito pouco se fez com relação à memória do grande Newtinho, fizeram uma estátua para ele e deram o nome de um coreto numa praça da nossa cidade, no entanto, a grandeza de sua obra merece bem mais que isso. Centenas de artigos, canções e poemas, muita gente sequer sabe que existe. A filha dele está desejando montar um Projeto de ampla divulgação do seu trabalho, nos procurou para que o façamos, estamos amadurecendo essa ideia. Acho que valerá a pena com certeza!

18. Movimento Trial, o que é? Fale-nos um pouco dele.

O Movimento Trial foi idealizado pelos artistas Marcos Gacê e Marcos Santos e hoje é constituído por um grupo de artistas itabiranos, poetas e compositores que se juntam de vez em quando para desenvolver um trabalho bem elaborado do ponto de vista poético/musical, não se trata de uma Banda, mas de um movimento livre onde todos podem participar desde que o façam baseado na tríade: Amizade, Idealismo e Arte e que essa arte realmente tenha o máximo de qualidade possível. Ganhamos alguns prêmios em festivais de MPB pelo país. Não temos nada gravado profissionalmente ainda, a proposta futura é a gravação profissional de um CD bem elaborado e desejamos realizar uma turnê pelos teatros do país e quem sabe internacional!
Deixe seus contatos, dos seus projetos, redes sociais, etc.

Quem desejar conhecer um pouco do nosso trabalho pode acessar o Blog:

Luz de Aldebarã.
josemarcalfilho.blogspot.com/

Site Recanto das Letras:

SoundCloud: de Marçal Filho ou Marcos Gacê

You Tube: TV Cultura de Itabira - Programa Expressão Itabirana
https://www.youtube.com/watch?v=nAREh1644Tw

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