quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

MÚSICA SELF SERVICE

Reclamações e lamúrias de nada adiantam. Reclamar que a juventude não está querendo saber do rock ou MPB é perda de tempo. A juventude de hoje é eclética. Vai frequentar as tribos que quiser, beber das fontes que quiser, sem intermediação de ninguém. É multiplataforma e não linear. A música de hoje não é mais "a la carte". É self-service. As pessoas podem escolher no imenso menu oferecido pelos youtubes e spoftys da vida. A turma do "antigamente é que era bom" vive dizendo que a turma de hoje não tem gosto. Que bobagem! Cada época tem suas músicas da moda. Quando o axé apareceu sensualizando tudo, muita gente torceu o nariz. Como pode uma música tão vulgar assim, com tantas bundas e peitos ocupando os espaços? O povo dizia: essa tal de axé não tem conteúdo, não tem poesia, só tem essa dança maliciosa e essas letras de baixo calão. Mas o povo caiu no swing e barbarizou geral. A turma do rock reclama, mas já houve um tempo em que juventude embarcou na onda do rock brasil, que era dançante, bom pras baladas da época e também tinha muito sexo e diversão. Houve uma primeira onda com Roberto Carlos e a jovem guarda. Depois veio o rock dos anos 80. As músicas dos titãs, paralamas e Legião tocavam nos bailes. O rock brasil foi muito popular.  Depois vieram o sertanejo, o pagode e mais recentemente o funk, gêneros ainda mais populares instantaneamente assimilados pela massa. Aí vem os puristas reclamar que das 100 músicas mais executadas no país 90 são sertanejas, 8 funks e duas são pop. E reclamam que a artista mais bem sucedida do país hoje é Anitta, que começou como funkeira, mas flerta com grandes artistas pop do planeta e transita em gêneros como reggaton, funk americano, zouk e claro, com o funk carioca. Seu clip recém lançado é um funk muito bem tramado sob o ponto de vista do marketing. Primeiro por que a ambientação é toda em cenários de periferia, uma realidade bem carioca, espelho das periferias do Brasil. 
Achei genial a jogada de celulite explícita no início do clipe. A auto estima da celuliteiras foi lá em cima. Isso vende. Quanto a música, nada demais. Na verdade, um lixo. Mas um lixinho rico. Nunca antes na história do país tivemos uma artista com tamanho apetite pop. Vai, malandra, para o topo das paradas... 
Sem falar no sucesso da cantora Pablo Vittar ( é muito engraçado chamá-lo de cantora, mas é assim que vem sendo tratada. Mas voltando ao assunto rock, há algum tempo publiquei que o estilo tinha ficado gagá,  caduca, uma músicapara velhos. O rock broxou. 

Do slogan "sexo, drogas e rock and roll" muito pouco sobrou. A galera que nova que faz rock parece que tem vergonha de ser pop e prefere falar de depressão e de política. Parece que encaretou. Nada de experiências sensoriais e de comportamento politicamente incorreto. Ficou tudo comportado, alternativo, pouco festivo. Por isso bandas como Rolling Stones, ACDC, Beatles continuam veneradas. Até pela turma mais nova, saudosa de um tempo que nem viveu. Com a MPB aconteceu algo semelhante. Foi o estilo preponderante principalmente durante a ditadura e no inicio da redemocratização do país. Mas a turma erigiu toda a sua obra naquela época e os que vieram depois não tiveram a mesma capacidade de popularização. Além do mais, é um gênero pouco interativo, feito pra fazer pensar, mas não pra dançar. É um estilo mais adequado para teatro e não para grandes bailes populares e shows ao ar livre. Aliás, talvez ai esteja o "ó do borogodó", o ponto de disrupção das fases anteriores da música e da vivenciada hoje: a interação. 
Num show sertanejo ou mesmo de funk, o público deixa de ser apenas platéia para se transformar em protagonista, dançando, participando e interagindo com os artistas. A atitude é outra. Bom, mas chega a hora de concluir o textão. Em alguns momentos fui  apocaliptico, falei da preocupação com a automatização e até sobre a inteligência artificial substituindo o músico. Mas...em 2018 vamos tentar ver o copo cheio. Que tal os artistas pararem de reclamar e dedicarem-se mais? Que tal mais profissionalismo, mais compromisso? Que tal shows roteirizados e ensaiados, com iluminação bacana, roupas adequadas, disposição pra divulgar nas mídias e finalmente gerar renda e qualidade de vida? Que tal as cigarras e formigas trabalhando juntas? Um respeitando o ofício do outro? Tomara que 2018 seja um ano de virada, em que consigamos re-significar a arte na vidas das pessoas.  E pra finalizar, agradeço a todos pela atenção ao longo do ano. Nas próximas edições retornaremos às entrevistas com artistas do Médio Piracicaba e repercutiremos os assuntos culturais da região. Felicidades para todos...

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O FUTURO DA MÚSICA

Além de todos os problemas decorrentes da baixíssima curiosidade intelectual, da crescente alienação das massas, da quase eliminação da cultura da ordem do dia, da falta de interesse por conteúdos de relevância e de uma quase marginalização da arte, pelo seu viés questionador e reflexivo, temos um inimigo ainda mais poderoso. Assistimos a cada dia ao avanço das tecnologias, que substituem e tornam o homem obsoleto nos mais diversos setores.
O Jornalismo mudou radicalmente, assim como a publicidade. A advocacia vem sendo impactada, a medicina, a engenharia, a educação, tudo num processo de constante transformação e autofagia.
Os mais otimistas acham tudo maravilhoso e tratam de tirar o máximo das parafernálias da moda. Há quem diga que sempre foi assim, que a pólvora aposentou a espada, assim como a lâmpada aposentou a lamparina e por aí vai. O mercado de querosene caiu e os ferreiros que fabricavam espadas tiveram de mudar de ramo ou fabricar ferraduras.
Com relação à música, houve um tempo em que era tudo analógico, tudo no muque, sem metrônomo nem nada. Música humana, sem firulas.
Mas aí começaram a aparecer os teclados eletrônicos. Tivemos a oportunidade de acompanhar a evolução dos samplers, das baterias eletrônicas, dos teclados e pedais maravilhosos que turbinavam o som.
Depois vieram os softwares de edição, que nos permitiram transformar nossos computadores em "home studios" com relativa qualidade.
Só que até então o poder estava nas mãos do ser humano. O homem ainda era necessário para criar e programar os sons.
Mas aí chega uma notícia chocante: já existem computadores baseados na Inteligência Artificial que compõem músicas. São alimentados com conhecimentos quase infinitos, com sons de todos os tempos e timbres, com programação de algoritmos e sei lá mais o que criando, músicas para diversas finalidades.
É com isso que nós músicos e compositores humanos já estamos concorrendo. As máquinas já estão criando sinfonias funcionais e industriais. Músicas pra acordar, pra comer,  caminhar, malhar, transar, trabalhar, pra acelerar o trabalho, pra colheita no campo, cavalgadas, guerras, todas as ações e sentimentos humanos similares.
Essas músicas são executadas por programas que transformam a criação em sons utilizando samplers com todos os sons analógicos e sintéticos produzidos pelo homem.  
Atenção: não é ficção. É realidade! Quem quiser pode pesquisar na internet e conhecer algumas composições feitas por IA. Algumas não são muito diferentes das coleções de trilhas disponíveis por aí. Mas tem até jazz e composições clássicas com  qualidade relativa. 
Podemos até concorrer com os computadores ao oferecermos músicas orgânicas, puras, feitas em nossos cérebros cheios de imperfeições, verdadeiras quitandas.  Será como oferecer verduras e frutas orgânicas, sem agrotóxicos ou aditivos. 
Os pessimistas acham que com a IA a humanidade vai ficar obsoleta e pode até ser eliminada pela criatura. Os otimistas acham que a IA  vai ajudar a aprimorar a humanidade. Nós humanos  aprendemos com a natureza. As máquinas aprendem conosco.
Se terão lealdade ou piedade, só o tempo dirá.
Se der errado, vamos ver se alguém lembrou de criar um botão de on/off. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

APOCALIPSE CULTURAL


A tecnologia vem passando o rodo e mudando tudo na vida cotidiana e não seria diferente com a arte. A cultura como conhecíamos não existe mais. Virou outra coisa, desmaterializou-se, virou nuvem...

NOVILÍNGUA

Os novos tempos carregam um forte elogio à ignorância. A simplicidade tornou-se virtude hipervalorizada . As pessoas consomem mensagens a cada dia mais reduzidas. Muitos só lêem as fotos e legendas ( daí o sucesso do instagram). As pessoas passaram a ter preguiça de textos maiores, vídeos maiores, conteúdos densos. Há um certo enfastio da profundidade.

PIRATARIA SEM CONTROLE

Hoje em dia, com a facilidade de se copiar e colar qualquer coisa, como ganhar dinheiro? Se você compartilha, caiu na rede, não é seu mais. Temos templates de quase tudo e está só piorando.  Direitos autorais sobre fotos? Sobre música? Sobre textos? Esqueça! Se tiver dinheiro pra contratar advogados, vá em frente...



FIM DA MATERIALIDADE

De repente ficou tudo fluido, comprimido, evanescente. Quem consumia música há algumas décadas precisava de LPs, K7s, Mds, Cds, pendriveS. E hoje tá tudo na nuvem descomunal. Você paga um tikim e tem um tantão...quase um infinito de músicas e outros conteúdos.

TEM O LADO BOM

Tem quem defenda que os artistas nunca tiveram um meio tão democrático para atingir seus fãs. É só ter um canal no youtube, um facebook da hora, instagram com belas fotos e pá: tá resolvido.  Mas como conseguir audiência no meio de um barulho desses?

DÁ PRA GANHAR DINHEIRO COM MÚSICA?

Antes alguns artistas faturavam com direitos autorais. O ECAD arrecadava na execução em rádios e tvs, nos eventos, nos bares.  Havia a perversidade dos jabás. Hoje, nem isso tem mais. A internet vem mordendo o bolo das rádios continuamente e parece ser um caminho sem volta. Num cenário como este, poucos ganham com direitos autorais. A saída para os músicos é tocar ao vivo, vender shows. Mas como vender se a banda não for famosa?

DITADURA DO COVER

E pra completar o elenco de notícias cabulosas para a nova música, temos essa covermania. Os donos de bares não querem saber de artistas autorais, considerados chatos e alternativos. E dá-lhe bandas imitações tocando o set de alguma banda. E com isso, não há renovação. Nas artes práticas, as cópias ( artesanato) costumam dar mais lucro que os originais.

E COMO FICAM OS AUTORAIS?

Terão de cavar novos veios, procurar novos espaços de fruição e monetização do trabalho. Alguém vai querer pagar por originalidade. Por enquanto a situação está nebulosa. Mas tem gente por aí se dando bem. Tem gente ganhando dinheiro no spotfy, até mesmo no youtube.

SÓ O PROFISSIONALISMO PRA SALVAR...

Reclamar não adianta. Qualquer parceria precisa passar firmeza. Os artistas e seus empresários precisam se profissionalizar e somar no esforço de levar público, o que será bom pra quem contrata e para o contratado. Muitas bandas vão lá, levam um lero com o dono e esperam que as casas façam tudo e inclusive levem público.  E na hora do show, tocam como se estivessem nos ensaios, mal olham pra cara da platéia, não se comunicam, não oferecem uma experiência positiva. Muito pelo contrário: olham pro nada, não fazem questão de interagir, de causar algum impacto ou emoção. Alguns dizem que tocam pra agradar a eles mesmos. Bom, creio que para masturbação o palco não seja um espaço adequado.

A DIREITA NÃO TEM DISCURSO PARA A CULTURA

Eu vejo algumas pessoas xingando os artistas, que em sua maioria, nutrem simpatia pela esquerda. Isso é fácil de explicar.  Não se vê a direita abraçando nada em termos culturais. Nem a turma tucana. Enquanto isso, a esquerda abraça. Para a direita, a arte é um devaneio, coisa de cigarras num mundo de formigas. 

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A MÚSICA DE RICARDO MONLEVADE

Sou fã demais desse cara. A primeira vez que o ouvi tocando fiquei muito impressionado. Eu era recém chegado a Monlevade. Saí do hotel à noite atraído por um som. Fui parar no Buffalo Bill. Tava lotado e não consegui lugar pra sentar. Mas o som valia à pena. Arrumei um cantinho e fiquei quietinho só ouvindo. O piano era impecável sem reparos, um swing de matar. Na hora dos solos, improvisação perfeita, sem notas na trave.  Poucas vezes vi um músico com tamanha destreza, senso de improvisação e domínio de diversos estilos. Tomei coragem e perguntei para uma pessoa que saia do Búfallo: - Por favor, quem é esse que está tocando teclado? E ele me disse: É Ricardo Monlevade. Pois é! Depois disso já me encontrei com o virtuoso músico  algumas vezes e até lhe disse que um dos meus sonhos, antes de passar dessa pra melhor é cantar com ele. Quem sabe qualquer dia? Mas vamos à entrevista...
MEDIOPIRA -  Ricardo, o que você ouviu em sua infância?
Ricardo Monlevade - Muito rádio, desde quando acordava com sertanejo até quando dormia !
MEDIOPIRA -  Qual foi o primeiro instrumento que você teve contato?
Ricardo Monlevade - Uma flautinha de brinquedo que uma tia me deu de presente de natal. Eu nunca a esqueci .
MEDIOPIRA -  Você chegou a estudar música com algum professor?
Ricardo Monlevade -  Estudei sim,  mas depois que já tocava na noite e em igrejas
MEDIOPIRA -  Chegou a tocar em banda de música também?
Ricardo Monlevade - Sim
MEDIOPIRA -  Por que você escolheu o teclado?

Ricardo Monlevade - Escolhi os teclados pela praticidade e por ser um instrumento mais completo , principalmente os teclados arranjadores pela autonomia .
MEDIOPIRA -  Já tocou em muitas bandas? Pode citar algumas?
Ricardo Monlevade - Sim com todo prazer .Ja toquei com excelentes cantores e cantoras como Wanderléia Souza ,Eliane Ribeiro , Eliane fonseca ,Vilma de Oliveira , Mauro Martins,Claudiney Godoi , Sérgio e Delson, Dudu Nunes, Maicon e Douglas. Também em Bandas com grandes amigos como:Flor de Minas,que depois passou a se chamar Metropolitan , Dablus big band, Expresso boiadeiro , Estampa de minas , Pop Minas banda show e participações diversas. Sempre adorei tocar ao lado de todos os citados .Tudo foi feito com muita alegria e uma satisfação imensa e aproveito o ensejo para agradecer a todos os meus antigos parceiros de palco pela alegria de ter aprendido muito com eles . Não poderia me esquecer da Banda Limão Verão com a qual tive o enorme prazer de fazer 2 grandes carnavais
MEDIOPIRA -  Você consegue tocar muito bem vários estilos. Mas qual é o seu preferido?
Ricardo Monlevade - O que me da mais prazer é o jazz
MEDIOPIRA -  Quais são as bandas famosas que lhe dão mais prazer tocar.
Ricardo Monlevade - Se eu pudesse eu viveria só de tocar jazz porém quando a gente casa e tem filhos o lado comercial fala mais alto .Gosto muito de tocar algumas internacionais mais clássicas. E nacional eu gosto muito da chamada MPB, aquelas clássicas que nunca ficam velhas. Vc sabe do que estou dizendo rsrsrsrs
MEDIOPIRA -  Você também toca sanfona ou é mais do teclado eletrônico convencional?
Ricardo Monlevade - Quando era criança conheci um moço que se chamava Mário que começou a me ensinar algumas coisas no acordeon. Mas infelizmente esse moço faleceu e eu como não tinha a mínima condição de pagar pra estudar o instrumento tive que abortar esse estudo que eu gostava muito
MEDIOPIRA -  E os pianos convencionais, de estojo ou de calda. Também executa com facilidade?
Ricardo Monlevade - Devido a não ter acesso aos pianos convencionais eu estranho muito as teclas. Mas se eu me esforçar sai alguma coisinha rsrsrsrsr
MEDIOPIRA -  Qual a sua opinião sobre a música de hoje. Acha que caiu o nível ou pensa diferente?
Ricardo Monlevade - Assim como sempre foi ,.a música tem coisa boa e coisa ruim .Mas como dizia um tio meu "Não existe música feia e nem mulher feia ,O que é feio pra uns é bonito pra outros " .Eu vejo da seguinte forma :Por um lado o que me agrada e por outro lado o que eu considero pelo lado profissional .Ex: Eu posso não gostar de uma música e as vezes não me soar muito bem ,mas posso ver muito profissionalismo nela .Acho que seria mais questão de ponto de vista !E uma questão de nível cultural e intelectual de quem ouve também. Em suma é um assunto muito complexo e ha que se ver por vários ângulos .
MEDIOPIRA -  Você vive apenas de música ou tem ofícios paralelos?
Ricardo Monlevade - Tenho muitas profissões mas atualmente vivo só do que está ligado a música. Além dos meus shows faço sonorização, iluminação,estruturas de palco ,montagens, desmontagens e transporte em geral,Tenho muitos parceiros nessa área de festas em geral .
MEDIOPIRA -  Acha que tá mais difícil viver de música hoje em dia?
Ricardo Monlevade - Acho que está bem mais difícil hoje em dia ,falando de uma maneira geral, por uma série de fatores, que vão desde a lei do silêncio "seletiva né... " até cachês que são oferecidos que não animam a gente nem a sair de casa,Quem dirá ensaiar ,investir em equipamentos caros e modernos e perder noites de sono .... rsrsrsrsr é rir pra não chorar ...No meu caso até não posso reclamar porque a gente vive bem ,devido a um nome já construído ao longo do tempo e que nos credencia a ser preferidos em muitos eventos. Mas vou lhe confessar: Se fosse pra eu largar a minha colher de pedreiro pra ser músico da noite como eu fiz a uns anos atrás eu jamais faria nos dias de hoje. Talvez tocaria só por Hobby mesmo.
MEDIOPIRA -  Você também compõe ou não é esse o seu forte?
Ricardo Monlevade - Talvez se eu tivesse mais tempo pra dedicar a composições sairia alguma coisinha e certamente me daria muito prazer. Mas não tive a coragem de tirar um tempo pra isso ainda.No momento prefiro curtir e admirar os bons compositores que temos 
MEDIOPIRA -  Você hoje se apresenta mais sozinho ou tem músicos parceiros e uma banda pronta pra apresentações?
Ricardo Monlevade - Mais sozinho devido a praticidade .Mas com certeza se a "maré" tivesse melhor um pouquinho eu estaria no mínimo com um baterista, um baixista e um bom guitarrista comigo .
MEDIOPIRA -  O que você recomenda a quem está ingressando na música?
Ricardo Monlevade - Recomendo que faça tão somente por amor e prazer e se vier alguma coisa em troca amém ! Não ficar criando expectativas e nem ficar sonhando muito .Como diz a bíblia " o amanhã não nos pertence e sim a Deus " .Se a pessoa tem a sua realização pessoal com a música, Amém.
MEDIOPIRA -  Deixe seus contatos para shows, face, site, etc

Ricardo Monlevade - Ricardo monlevade (31)3851 0665 ou Zap 988060665 Desde já agradeço imensamente e me sinto honrado em poder participar desta tão nobre iniciativa do mediopira parabéns a vcs Saúde e muita paz ! 

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

JEAN E DRUMMOND

Algumas cidades valorizam seus notáveis. Itabira faz isso muito bem com Carlos Drummond de Andrade. Tudo em Itabira tem Drummond no meio.
Alguns intelectuais locais até criticam a drummomania, mas não tem jeito!
Tem estátuas pra todo lado, frases, outdoors, placas de inauguração, bonecos, esculturas, tudo tem Drummond.
Recentemente o Brasil inteiro comemorou 115 anos do poeta e como não poderia deixar de ser, Itabira festejou Drummond a semana inteira, com muita poesia e arte. E comemoram todos os anos, todos os dias, a todo minuto.
Itabira tem orgulho do seu filho mais ilustre e não se cansa de homenageá-lo. E isso é lindo, pois numa terra onde surgiu a Vale do Rio Doce, o principal produto de exportação é a poesia, a palavra.
E João Monlevade? Parece que a cidade não dá a mesma importância ao legado do pioneiro fundador, o francês Jean Monlevade.
Ele não é nativo como Drummond, mas foi  tão importante que até emprestou nome à cidade. Como disse o jornalista e escritor Erivelton Braz, "aqui Jean virou João".
Num ano em que completaram-se 200 anos da sua chegada à região, muitas coisas foram projetadas, mas por enquanto foram tímidas as ações.
Houve o lançamento de um selo comemorativo e reuniões com intelectuais e autoridades públicas para criação de uma agenda. Ficou definido o biênio 2017/2018 para diversas atividades. Mas para o ano do bicentenário foram poucas as ações. Tá certo que 2017 ainda não acabou, mas fica difícil rivalizar com Papai Noel e revellion em atenção.  
O jornalista Erivelton Braz, apaixonado pela saga do desbravador é fez algo pra marcar os 200 anos. Escreveu um belo poema sobre o Jean, que tive a honra de musicar. A música acabou nos inspirando um vídeo-clip comemorativo, que teve mais de 20 mil visualizações no facebook. O Erivelton aproveitou pra lançar NAS TERRAS PESADAS DE METAIS E ESPANTOS, um ebook com história romanceada do grande pioneiro, disponibilizado gratuitamente na internet. Para a execução do projeto, tivemos as parcerias da Arcelor Mittal, SICOOB CREDIMEPI, HIPER COMERCIAL MONLEVADE, CDL, PROHETEL, REAL CLUBE E RÁDIO ALTERNATIVA.
O poeta Geraldo Magela Ferreira, o Magelinha, também lançou belíssimo poema em homenagem ao bicentenário.
E foi só.
O francês foi um gigante, sonhador e realizador poderoso. Moveu céus e terras, trouxe uma indústria inteira  transportada através dos rios e montanhas, em balsas e lombos de burro, da costa brasileira até onde hoje está localizada a Fazenda Solar. Criou uma indústria monumental num lugar quase selvagem e ao derredor nasceu uma das cidades mais importantes de Minas. Mas...engraçado! Parece que o João não gosta do Jean.
Fiquei sabendo de umas maledicências históricas. A primeira de que Jean foi um capitalista cujo único objetivo era enriquecer, que não teve nenhuma atitude altruísta ou amor à terra e sua gente. Outra história é de que foi um mal patrão.Tem gente que não gosta dos patrões. Acham que são todos exploradores desalmados. Ah...e também tem aqueles que dizem que foi  feitor de escravos e se aproveitava das mulheres. E a mais surreal de todas: de que ele era um forasteiro como tantos que só vem pra explorar.
E o empreendedor nato? Onde fica? E o gestor com visão excepcional e grande capacidade de realização? Parece vir de muito tempo essa tendência em diminuir os pares, esses espíritos de língua ferina prontos pra difamar quem tenta fazer alguma coisa ao invés de enlevar, de glorificar seus notáveis.
Se foi vilão ou herói, depende de como a história é contada.
Stalin matou milhões, mas é herói pra muita gente, assim como Fidel, Hitler, Lampião, Kennedy e outras personas.
Jean não foi poeta nem ergueu castelos de palavras.
Também não transformou chumbo em ouro, mas minério de ferro em aço, uma região selvagem em um fabuloso complexo siderúrgico...e a minha vida, a sua e a de todos no Médio Piracicaba.

(Além do ebook do Erivelton, sugiro as leituras dos livros de Jairo Martins e de Afonso Jr.  Os livros do Jairo são fantásticos e do Erivelton também. O Livro do Afonso ainda não li, mas quero fazê-lo assim que possível. São visões diferentes sobre o mesmo tema que ajudam a compreender o mito. Jacqueline Silvério deve ter na República Literária).

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A HUMANIDADE ESTÁ MIGRANDO PRA NUVEM

No MEDIOPIRA da semana, proponho uma reflexão sobre um assunto que afeta a todos, mas principalmente àqueles que trabalham com música, no médio piracicaba ou em qualquer ponto do planeta. Há pouco tempo atrás, um artista para se estabelecer no mercado precisava gravar um disco de Vinil, CD, DVD, K7, MD e outros suportes físicos. Uma considerável cadeia de produção sobrevivia a partir da venda de CDS. Os compositores ganhavam, haviam lojas, inúmeras revistas, havia o material gráfico dos Vinis e CDS e num repente, tudo foi pra nuvem. Muitos artistas ainda gravam no conceito antigo, ainda sonham e se esfolam pra produzir seus CDs, um suporte já meio vintage, que não exerce o mesmo fascínio de anos atrás. E pra agravar a situação a maioria dos aparelhos já está vindo sem drive pra CDs, apenas com entrada UBS. Há quem advogue que as modernas plataformas de streaming como Spotfy e Deezer são os caminhos, pela possibilidade de difusão e monetização para os artistas. Mas para alguém começar a ganhar dinheiro por esses recursos, tem de ser baixado milhões de vezes. Eu acho essa desmaterialização desconcertante, não só do áudio como do vídeo, do texto, tudo indo pra nuvem. Fomos educados num mundo analógico, mas veio a desrupção digital e tivemos de nos adaptar na marra.Claro que há mais ganhos que perdas na vida de todos e a gente tem até dificuldades de imaginar o mundo sem a internet e suas possibilidades. Mas precisamos ficar muito atentos. As revoluções são traiçoeiras. Você não antevê o enredo. Uma boa ideia fica obsoleta rapidamente se não for lançada no tempo certo. O novo tempo exige outro tipo de sensibilidade e trata-se de uma revolução que ainda está longe de completar seu ciclo. Para os artistas houve uma melhora no sentido da democratização. Qualquer um cria seu canal de tv, toca seus clips e músicas. O problema é que as pessoas não assistem um clip inúmeras vezes. Por isso a retenção é baixa. Mas se a pessoa gostar, pode ouvir por streaming pago ou gratuito ou mesmo baixar.. 
Já as midias de massa vão continuar agindo como sempre, só operando no popularzão do povão. Eu como tenho um pé no analógico e outro no digital, ainda sinto falta da materialidade, do cd, do livro, do palpável. Mas fazer o quê? Teremos de aprender a surfar nas nuvens...e esse conteúdo todo...essa nuvem...se não é física é o que? Espiritual? Uma descomunal egrégora, coletivo espiritual da humanidade? Viajei demais né?

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO PLANETA TIVEMOS ALGO TÃO GIGANTESCO...

Uma nuvem que abarca todo o globo terrestre, que contém toda a inteligência do planeta, as enciclopédias, as ruas de milhares de cidades, a história de cada vila, cada biboca, os rostos de bilhões de pessoas, histórias pessoais de quase todos os seres humanos vivos, a música popular de cada recanto do planeta, música esquimó, dos aborígenes, orquestras inimagináveis, o cinema, as memórias, tudo na nuvem absurda, colossal, descomunal.

E CADA UM DE NÓS CONECTADO

A nuvem é onipresente. O celular vigia cada ser humano todo o tempo. Nossas pegadas digitais estão por todo lado. Ao mesmo tempo, temos à nossa disposição, respostas imediatas para a maioria das perguntas. Tutoriais até pra fritar ovo.

E OS ROBOZINHOS?
 
Já repararam o tanto de ligações de robôs que a gente recebe por dia vendendo de tudo? Principalmente operadoras de celulares oferecendo planos das picas das galáxias. Além de um cipoal de instituições de caridade, planos de saúde, bancos, times de futebol vendendo carnêt, putas vendendo serviços. Os robozinhos não cobram nada, ligam para centenas ao mesmo tempo, não exigem nem férias, nem hora extra...e substituem milhares dessas meninas de call centers.

SERÁ QUE A HUMANIDADE QUER CONSTRUIR UM DEUS?

Se a humanidade continuar nessa toada, daqui a um tempo construirá uma inteligência coletiva que chegará perto da divindade através da inteligência artificial. Imaginem o poder, a onipresença, onisciência, clarividência, tudo possível a um master computador capaz de controlar todo o fluxo de dados do planeta e que aja a partir de uma mediação construída da ética de todas as etnias planetárias.

FRASE DE UM AMIGO


A tecnologia tá evoluindo tanto, que dentro de pouco tempo não precisaremos mais de gente.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

TALENTOSO E ECLÉTICO EDUARDO MOREIRA

O MEDIOPIRA de hoje conversou com um artista eclético, que se entrega de corpo e alma em todas as produções de que participa: o polivalente EDUARDO MOREIRA. O moço tocou comigo na banda República dos Anjos. Ele encarnava tanto o espírito rock and roll que o palco tremia.  Na ocasião o baterista Simões o apelidou de Eduardo Pulguinha, de tanto que saltitava. Mas o seu segredo mesmo é o entusiasmo, a entrega  aos projetos. Não é atoa que vem participando de inúmeras formações, do sertanejo popular ao instrumental. Hoje integra o consagrado projeto ORQUESTRA OPUS HARMONIA, que além do repertório clássico, faz parcerias com artistas consagrados em apresentações memoráveis. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA -  O que você ouvia na infância?

Eduardo Moreira - Não existia internet. Então ouvíamos menos quantidade de informação. Basicante vinis de música infantil. Meu pai ouvia chorinho e música instrumental, que na época eram comuns, principalmente músicas natalinas tocadas com harpa, Phil Collins, Michael Jackson, estas coisas.

MEDIOPIRA - Como foi que você percebeu que tinha talento pra música?

Eduardo Moreira - Estou na música por insistência. Não tinha um ouvido treinado mas gostava de tocar com os amigos. Isto foi a partir dos 14 anos quando fiz uma Oficina de musicalização com Tó Vilela. Foi aí que despontei a estudar com o que tinha na época. Ia de bike do bairro Santa Bárbara até Bela Vista de Minas para ter aula com Valdivino e também estudei um pouco de Tuba (Souzafone) para aprimorar em leitura musical na banda de música que na época tinha uma sede próximo a linha de trem em frente a antiga Belgo Mineira.

3) - Você já começou direto como baixista ou sua iniciação musical teve outras vias?

Eduardo Moreira - Fui direto para o contrabaixo devido a dois fatores: ninguém queria tocar contrabaixo. Era época de ouro da guitarra e meu ídolo era o baixista do Iron Maiden, o Steve Harris.

MEDIOPIRA - Você tocou em diversas bandas de rock. Conte um pouco dessa história pra gente...

Eduardo Moreira - Sou roqueiro.  Toquei somente Rock por 8 anos e ainda considero um bom rock um estilo honesto e atual.

MEDIOPIRA - O que pensa sobre o rock atual? Vê renovação ou o rock envelheceu e perdeu o tesão?

Eduardo Moreira - A sociedade atual está muito ligada aos novos meios de conexão digital e passa a impressão que o que está em evidência é o que se destaca mas, fora das mídias existem excelentes compositores, bandas, músicos, escritores, poetas, artistas plásticos, em que a arte em geral e não somente o rock, é viva, bonita, instigante e emotiva.

MEDIOPIRA - Você tem um trabalho interessante também com uma banda instrumental. Como vê o mercado para o estilo?

Eduardo Moreira - Péssimo! Os grandes compositores e instrumentistas que possuem trabalhos no estilo, na maior parte das vezes possuem trabalhos paralelos para seu sustento e para manter vivo o trabalho instrumental. Mas as novas plataformas digitais permitem alcançar públicos muito além dos amigos do bairro. Em BH mesmo tem o grupo Constantina que já excursionou até para fora do país graças a este alcance. Temos o compositor e pianista Gilberto Mauro (da família do cineasta Humberto Mauro), Rafael Martini, todos ja excursionaram por terras estrangeiras.

MEDIOPIRA - Você também toca baixo acústico. Como foi a sua aproximação com a música clássica?
Orquestra com Maria Gadu

Eduardo Moreira - Sempre ouvi música erudita também, e como estava morando em BH, ingressei no CEFAR (Palácio das Artes) onde estudei por 4 anos. Após estudei 3 semestres na UEMG mas não me formei, após estas experiências resolvi incluir o baixo acústico nos trabalhos instrumentais e de Jazz de que participo.
MEDIOPIRA - Você hoje integra um projeto interessantíssimo que junta orquestra e artistas populares. Fale pra gente sobre o projeto.
Com Flávio Venturini

Eduardo Moreira - Sou músico convidado da Orquestra de Câmara Ópus que se especializou também em acompanhar artistas da musica popular brasileira. Entre os nomes que ja acompanhamos estão a Fafá de Belém, Milton Nascimento, Daniela Mercury, Flávio Venturini, Ana Carolina, Nando Reis, Guilherme Arantes, Sandra de Sá, Tunai e Cláudio Venturini. Sou muito feliz por participar deste projeto.

MEDIOPIRA - Hoje em dia, o CD praticamente deixou de ser uma fonte de renda para os compositores e os suportes estão mudando a cada dia. Pra você, quais são os caminhos para a música?

Eduardo Moreira Tocar ao vivo. As plataformas digitais devem dar retorno interessante para grandes artistas.  Para nós o principal é tocar.

MEDIOPIRA - Músico ainda vive a síndrome da formiga e da cigarra? Pra você, ainda existe preconceito quanto ao ofício do músico?

Eduardo MoreiraCaso exista preconceito para alguns, paciência! O importante é a realização pessoal de cada um. Um músico deve ter a postura de qualquer outro profissional. Chegar no horário para os compromissos, cumprir com os acordos comerciais, respeitar os ambiente de trabalho. 
Com Daniela Mercury

MEDIOPIRA - Você tem um emprego paralelo que ajuda a manter as coisas no lugar. Mas lhe pergunto: Dá pra viver de música e sustentar uma família no Brasil?

Eduardo Moreira Claro.Com muita flexibilidade e criatividade. Eu tenho um grupo para tocar em cerimônias de casamento, "Grupo Celebrar"; toco como free lancer para artistas de todos os gêneros: Rock, Sertanejo, MPB, estas coisas todas e ainda, um bom instrumentista pode reservar um tempo para dar aulas.

MEDIOPIRA - O que vc aconselharia a alguém que tá montando um trabalho musical, bandas, artistas, compositores, intérpretes pra ter sucesso na carreira?
Com Sandra de Sá

Eduardo MoreiraPensar como um empreendimento, ter horários, metas, setor de vendas, captação de recursos e principalmente divulgação digital.

MEDIOPIRA - Deixe uma mensagem e contatos para shows e interação com o público...


Eduardo Moreira Trabalhem por amor, com seriedade e respeito que portas se abrirão. Meu contato telefônico é 31-99809-7970. Muito obrigado pela oportunidade e sucesso a todos...