sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

ALVINÓPOLIS, CIDADE DO CARNAVAL


Imagine um país inteiro festejando e vivendo cultura por 4 dias.

Agora imagine uma cidade mineira que começa bem antes...

Pois é! Em Alvinópolis o carnaval já começou há vários dias, com os blocos ensaiando, muitos eventos pelas ruas e nas praças públicas com charangas e baterias, a cidade inteira ensaiando para receber milhares e milhares de foliões.

CARNAVAL DE ONTEM E DE HOJE


Alvipa respira carnaval e isso não vem de hoje. Antigamente, tinha um ótimo carnaval de clubes e grandes compositores que imortalizaram as lindíssimas marchinhas “Bambas do Gaspar e Adeus Marinha”.

Os tempos mudaram, mas o espírito folião do Alvinopolense se adaptou. Além dos sambas, assimilou outros gêneros, abrindo pros funks e sertanejos da moda, pro rock, pra marchinha tradicional e pras marchinhas do futuro...



OS BLOCOS SÃO AS GRANDES ATRAÇÕES

A programação  está repleta daquilo que é o melhor do carnaval : blocos, blocos e mais blocos.
Tem os Piratas, provavelmente  o maior bloco da região, com seus paredões de som e sua mangueira gigante dando banho na multidão. 
Tem as Mariquitas, que arrastam muita gente, tem o Bloco do Saco Sujo, tradicionalíssimo, tem Bloco de Fora, o Bloco afro, tem a Escola de Samba Unidos do Morro, tem a Santa Cruz, 
a fantástica Bateria Colibri, da Fundação Bio Extratus, tem os sambistas do gravatá, tem a charanga da rua de cima, tem a tradicional Banda Santo Antônio, tem atração pra todo gosto.
E tem um exército de músicos tocando e cantando, além dos foliões que vão no chão sambando e cantando junto.

2017 VAI FERVER E VAI TER NOVIDADES...

E pra completar, tem os bailes de carnaval na Praça São Sebastião promovidos pelo prefeitura e as atrações do Espaço Delícia, na Praça Boas Fortes, que tem feito muito sucesso. 
E como novidade em 2017 vai ter o FESTIVAL MARCHINHAS DE MINAS, que está recebendo marchinhas de todo o estado e que terá Alvinópolis como sede.

Tudo isso, mais uma rede hoteleira e de serviços que tem evoluído muito nos últimos anos e uma administração municipal nova, cheia de tesão e de vontade de acertar.
Por isso, meu amigo, se você está querendo um carnaval animado e participativo, Alvinópolis é o melhor destino. Monte seu bloco e caia na folia. Ah...e faça sua marchinha também...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

FESTIVAL MARCHINHAS DE MINAS, HUMOR, AMOR E FOLIA

Tem um bocado de prefeituras que tenta trazer de volta a tradição das marchinhas do passado. Mas pra  isso proíbe outros ritmos como funk, axé e sertanejo. Não seria proibido proibir na festa da liberdade? Ao invés disso, que tal tratarmos das marchinhas do futuro? É isso que propõe o FESTIVAL MARCHINHAS DE MINAS: renovar com humor, amor e folia o cenário desse gênero que não é mais tão popular mas tem lugar cativo no coração dos Brasileiros. Vamos conversar com Angelo Hosken da Krawy promoções, um dos idealizadores do FESTIVAL MARCHINHAS DE MINAS

MEDIOPIRA – Por que fazer um Festival de Marchinhas?

ANGELO KRAWY– Veja só. Nós somos de Alvinópolis, uma cidade muito musical e carnavalesca. Por lá, músicos maravilhosos compuseram marchinhas que marcaram as vidas de muita gente e todo mundo sabe cantar. O gênero atualmente anda meio abandonado pela mídia, mas todo mundo gosta. E percebemos que a maioria das cidades do interior também tem essa tradição das marchinhas.

MEDIOPIRA – Mas como será o Festival Marchinhas de Minas?

ANGELO KRAWY – Será todo virtual. As músicas serão publicadas na internet e as pessoas vão votar. As mais votadas vão ganhar os prêmios. Vai ter também prêmio para melhor do júri técnico.

MEDIOPIRA – Mas quem comporá esse júri técnico?

ANGELO KRAWY – Pessoas da mídia, influenciadores, produtores culturais.

MEDIOPIRA – E qual será a premiação?

ANGELO KRAWY – Os vencedores ganharão kits da premiada cerveja artesanal Botocudos, terão suas músicas divulgadas e ganharão prêmios em dinheiro.

MEDIOPIRA – Mas como serão esses prêmios em dinheiro?

ANGELO KRAWY – Nós criamos um sistema progressivo para configurar os prêmios. Quanto mais inscrições, maior o valor do prêmio.

MEDIOPIRA – Pode explicar melhor?

ANGELO KRAWY – É simples. Do total arrecadado com inscrições, 70% será para premiação e 30% para a produção. Assim, se tivermos 100 inscrições, teremos 3000 reais arrecadados, sendo 2 mil para a premiação. Quanto mais inscrições, maior o prêmio.

MEDIOPIRA – Vocês lançaram o projeto há 4 dias apenas. Como está a procura.

ANGELO KRAWY – Graças a Deus tem muita gente baixando fichas de inscrição e parece que vai ser um sucesso.

MEDIOPIRA – Vocês não tiveram temor pelo fato das marchinhas serem um ritmo em desuso?

ANGELO KRAWY – Em desuso por que o pessoal parou de fazer. Por que só ficam tocando marchinhas do passado. Nossa proposta é abrirmos espaço para as marchinhas do futuro.


MEDIOPIRA – E tem conseguido muitos apoios?

ANGELO KRAWY – Graças a Deus. O pessoal tá chegando. Aproveitamos pra agradecer a todos que vem acreditando nas marchinhas de minas.

MEDIOPIRA –E quem são seus companheiros de empreitada?

ANGELO KRAWY – O Alessandro Magno, músico e Analista de Sistemas, Marcos Martino, também músico, compositor e produtor e eu, Angelo Hosken, da Krawy Promoções. Mas temos um monte de colaboradores e entusiastas que estão firmes conosco.

MEDIOPIRA – E o carnaval de Alvinópolis. Promete?

ANGELO KRAWY – Rapaz...estamos em época de crise, mas o povo de Alvinópolis é muito animado. O carnaval de blocos é que faz a diferença por lá. Se Deus quiser estaremos lá...e aproveitamos pra convidar todo mundo.

MEDIOPIRA – Mas sobre o Festival de Marchinhas. O que o pessoa tem de fazer pra se inscrever ou participar de alguma forma?

ANGELO KRAWY – Só acessar o site www.marchinhasdeminas.com.br
Tem também a nossa página no facebook

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

PERSPECTIVAS 2017 # 01



Apesar das crises e das crases, tem coisas boas pra acontecer. O ano de 2016 foi muito complicado e 2017 pode ser pior se ficarmos sentados com a boca cheia de dentes esperando a morte. Mas vamos às notícias...

LIKE TV em MONLEVADE

Monlevade vai ter uma WEBTV. Pelas informações que obtive vai se chamar LIKE TV. Para quem não sabe,  WEB TV é uma "TV" transmitida  pela internet. Os programas serão apresentados por profissionais de diversas áreas em Monlevade, entre eles o jornalista e produtor de eventos Thiago Moreira Gonçalves. O pessoal da Like TV está preparando tudo com muito cuidado e enfim Monlevade vai realizar o sonho de ter um canal de tv ...quer dizer, de WEBTV. O legal é que os conteúdos poderão ser acessados na hora que o internauta desejar...e ainda pode ter transmissões ao vivo.

COTONIGHT SHOW!

De Itabira vem uma experiência muito interessante. A galera de lá tem uma postura do “Faça Você Mesmo” que é bem do espírito artístico. Em Belo Horizonte montaram uma gravadora em um apartamento, onde passaram a gravar CDs DVS e vídeos com produção baratíssima , quando não gratuita. E agora o pessoal da banda Itabirana “Curva de Gaus” montou um programa de entrevistas dentro de seu canal de internet, o “COTONIGHT SHOW”. A produção é tosca, ambientada no quarto de um dos integrantes da banda. O próprio Cotonete vocalista da banda é o apresentador, toca com os convidados, toma uma cerveja e cai na prosa. 
O cenário é um velho sofá, tendo ao fundo uma simulação de parede de tijolos. A entrevista é viajandona e despojada, bem no estilo dos caras. Eles parecem não se ater a roteiros ou fórmulas. É o que rolar na hora. Na tora! E o resultado é passar de forma espontânea o universo dessa nova galera da música. A primeira entrevista foi com IGOR VENAL, nome emergente da música itabirana. https://www.youtube.com/watch?v=SnGMZiGxm4g O bacana é que os músicos tem um canal eficiente para conversar com seu público e com públicos afins. Um divulga o outro e está estabelecida uma rede. Sabem o que isso significa? Que ninguém mais precisa suplicar para nenhum canal de mídia tocar ou divulgar seu trabalho. É só você montar seu próprio canal e mandar ver. A internet tá dando mais asas que a red bull. E estamos todos nas nuvens.

TV CULTURA DE ITABIRA NA BERLINDA

Vem sendo feita uma campanha por parte de um jornalista para fechar a TV Cultura local. O argumento é que a TV doméstica era doméstica demais. Só servia para promoção dos prefeitos no poder. Eu não conheço um caso de tv cultural bem sucedida em cidades de porte pequeno ou médio ( até imagino que existam).A manutenção dos equipamentos, da equipe, geram altos custos. No caso das tvs públicas ainda tem o drama de não poder captar comercias convencionais. Já uma webtv fica barata e pode-se fazer uma TV de nichos. A se considerar a baixa qualidade da internet em diversos locais do interior de Minas. No meio rural então...

AGENDA CULTURAL 2017

Ainda tá cedo para fixar qualquer agenda. As novas administrações municipais estão se organizando, novos secretários assumindo e o ano começa depois do carnaval...

CULTURA INDEPENDENTE

Há anos que ouço uma frase: a cultura precisa ser independente do poder público. Será? Independente eu não diria. Quando for bom pros dois lados, por que não? É sabido que os gestores municipais(políticos) investem mais na chamada  cultura popularesca. Gastam 300 mil para fazer mega-eventos sertanejos, mas não gastam 8 mil em eventos culturais, que não atraem as massas e não dão votos. Quando as prefeituras tem departamentos de cultura e pessoas sensíveis em seus staffs sai alguma coisa. O público por sua vez adora ser massa. Quer gostar do que tá todo mundo gostando, vestir as mesmas roupas, falar as mesmas gírias. Mas...existem os nichos, meus amigos. É por eles que as coisas acontecem. Vamos nessa?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

AS PAISAGENS DE MAÍRA BALDAIA

Jenfs Fotografia.
O primeiro MEDIOPIRA DE 2017 traz uma entrevista muito especial com uma das artistas mais promissoras dos últimos anos: a itabirana Maíra Baldaia. Embora jovem, Maíra se preparou como ninguém, fez teatro, estudou muito, interagiu com meio mundo e seu CD de estreia lançado no final de 2016 figura certamente entre os melhores lançamentos dos últimos anos.  Quem me vê falando assim pensa que estou exagerando, mas não estou mesmo.  As letras, as músicas, os arranjos , tudo é cativante no som dessa itabirana. Portanto, meus amigos: fiquem atentos. Se ela se apresentar perto de vocês, não percam.  Vocês podem estar diante da próxima estrela da MPB. Bagagem pra isso ela tem. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA - Quais são as suas influencias primordiais, os sons que ouvia na infância?

MAÍRA BALDAIA - Tenho muitas influências, pois desde muito nova estive em contato com diversos sons por incentivo dos meus pais. Voltando um pouco na memória chego aos discos que mais ouvi quando pequena, entre eles o álbum Circuladô Vivo do Caetano Veloso, ao álbum Monjolear do Dércio Marques e Doroty Marques, ao Sá Rainha da Titane, ao Bisnetos da Família Alcântara Coral Afro. E daí em diante vão se somando várias influências sonoras sejam artísticas ou despertadas por vivências no candomblé/ umbanda, vivências em uma cidade do interior repleta de poesia e ludicidade ou na capital repleta de informações e diversidades. Tudo está à nossa volta, a natureza é uma grande inspiração, as paisagens, as estradas, as fases do sol e da lua. Há música em tudo!

MEDIOPIRA - Como foi a sua trajetória na musica?

MAÍRA BALDAIA - Minha trajetória artística sempre veio traçando um paralelo entre a música e o teatro. Fiz minha primeira participação na música ainda criança gravando no CD Nem Tudo É Verdade do Tony Primo em 1994, lembro que fizemos shows no Rio de janeiro e em Itabira por ocasião do lançamento. Na infância a minha brincadeira preferida era compor, eu tinha um gravador de fitas e ficava criando músicas para depois ouvir. Aos 12 entrei para o teatro, onde redescobri o canto junto a um trabalho cênico e corporal. Mais tarde aos 14 anos eu tive a minha primeira banda de rock autoral ao lado dos amigos João Jardel, Rodrigo e Marina. Foi muito bacana essa fase e o exercício da composição estava presente mais uma vez.  Aos 16 fui estudar teatro no Galpão Cine Horto e depois com o Grupo Ponto de Partida. Também aos 16 integrava o projeto Mineirada e fiz shows em Minas Gerais e Portugal. Comecei a trabalhar aos 17 no projeto Meninos de Minas que foi uma grande influência na minha música, trazendo os ritmos afro mineiros e me aproximando de Maurício Tizumba com quem passei a trabalhar no Grupo Tambor Mineiro e em espetáculos como “Galanga, Chico Rei” de Paulo César Pinheiro com direção de João das Neves e direção musical de Titane. Em 2010 comecei a apresentar em shows o meu trabalho autoral com os shows Flor do Dia e Prosa de Gangas. Em 2012 participei como cantora e compositora do show “Sins – Brasil e Portugal” com direção musical e participação do maestro Jaime Alem. Me formei em Canto na Bituca – Universidade de Música Popular em 2011 e em Teatro na Escola de Belas Artes da UFMG em 2016. De 2006 a 2016, me apresento no meio do ano em Portugal seja com projetos de Cleber Camargo ou com o meu trabalho autoral. Atualmente integro o Grupo Dingoma, o Grupo Tambor Mineiro, faço parte da enRede – Rede Internacional de Municípios pela Cultura  e estou em circulação com meu primeiro disco “POENTE e outras paisagens” lançando em dezembro de 2016.

MEDIOPIRA - O seu nome é Maíra Baldaia mesmo ou é codinome artístico? Qual o significado?

MAÍRA BALDAIA Baldaia não é meu nome de registro, mas pertence à minha família. A minha Bisavó se chamava Maria da Rocha Baldaia e eu quis trazer essa raiz para mais perto de mim adotando seu sobrenome.

MEDIOPIRA - Você começou meio moleca, cabelão meio sarará e hoje exibe um visual mais enxuto, de cabelos curtos, realçando o rosto. Você compõe os personagens (alma camaleoa) ou esses personagens emergem de forma natural?


Crédito foto: Isabela Guerra
MAÍRA BALDAIA - Risos! Sim, tenho a alma camaleoa mesmo! Gosto de mudanças, sempre que algo muda dentro de mim também muda no meu visual e isso reflete diretamente na minha arte, pois trago no meu trabalho a minha verdade. Meu cabelo não era meio sarará, era totalmente sarará, amo meu cabelo crespo e volumoso seja solto ou trançado e em breve vou voltar a usá-lo. Assumir esse cabelo natural faz parte de todo um processo de identidade, de representatividade, de aceitação das raízes afro brasileiras e entendimento de que as belezas fora dos ditos “padrões” são belas. Algo que aprendi é que quanto mais você se ama mais bonito e autêntico você é, não é questão de estética, é questão de amor-próprio e até de política. Hoje estou careca e platinada e já tive com o cabelo azul também. O cabelo curto traz uma liberdade e praticidade que gosto muito. Gosto de me transformar, faz parte da minha essência.


Créditos foto: Paulo Abreu
MEDIOPIRA - É claro que a gente percebe no seu som a ancestralidade dos tambores negros , mas também senti uma coisa mais contemporânea meio blues urbano. Estou enganado?

MAÍRA BALDAIA - Sim, meu trabalho mistura várias referências. É uma profusão de cores por assim dizer, tem congado, tem jazz, tem blues, tem samba. Acaba sendo definido como música popular brasileira, mas sobretudo como uma música do mundo.

MEDIOPIRA - No seu novo CD, você demonstra que é bem mais que uma cantora bonita. Poente é uma letra muito boa. Seu disco tem outras letras também cheias de achados poéticos. Você acha que letra de música é poesia?

MAÍRA BALDAIA - Sim, pelo menos pra mim a música e a poesia estão totalmente ligadas. Gosto muito de escrever, algumas das músicas nascem primeiramente na poesia e só depois ganham melodias. As minhas músicas trazem o lugar de enunciação da mulher, sobretudo da mulher negra. Falam do nosso cotidiano, das alegrias, das tristezas, dos amores, das lutas, dos olhares sobre o mundo. que Eu não estou sozinha nessa estrada, tem diversas mulheres na composição mostrando suas vozes, quebrando padrões e mostrando através de suas canções que temos trabalhos potentes e de qualidade.

MEDIOPIRA - Você saiu de Itabira e mudou-se pra BH. O que você levou de Itabira pra BH e o que leva de BH pra Itabira?

MAÍRA BALDAIA - Me mudei de Itabira com 16 para 17 anos para buscar em Belo Horizonte estudo, trabalhos, contatos na arte. Nisso acabei ganhando grandes parcerias de arte e de vida. De Itabira veio toda poesia que corre em minhas veias, todas as minhas primeiras experiências na arte e, principalmente, um olhar sensível ao entorno. Isso me acompanha sempre. Em BH desenvolvi esse olhar sensível, me formei e comecei de fato a viver de arte, um caminho difícil, mas do qual não consigo me ver sem. Os aprendizados vividos nas duas cidades permanecem comigo em trânsito, estou sempre nessa ponte entre a capital e a cidade natal.
Foto: Pedro Viotti.

MEDIOPIRA - Pesquisei um pouco e vi que vc tem uma forte ligação com os movimentos negros, principalmente com a religiosidade. Isso continua fazendo parte da sua vida?

MAÍRA BALDAIA - Sim, isso está totalmente ligado à minha vida. Acredito na força da coletividade que aprendemos com nossos ancestrais.Eu caminho para ser melhor dentro de um todo. Eu luto através da arte e do amor para que sejamos todos iguais, cada um com suas particularidades, mas com direitos na mesma medida. E quanto à religiosidade, está tudo aí na natureza, as forças que precisamos estão a nossa volta, a proteção que acredito vem de algo maior e ancestral.

MEDIOPIRA - Seu CD faz uma ponte entre o passado e o presente, promove o diálogo do tambor com a guitarra elétrica e o som ficou bem orgânico. Foi você quem produziu, escolheu repertório e roteiro?

MAÍRA BALDAIA -Esse paralelo entre o ancestral e contemporâneo é presente no meu disco por ser também presente na minha vida. Está tudo ligado, eu como ser que vive as questões de uma sociedade pós-moderna conto com um olhar aprofundado nas raízes e nas tradições orais. Trago aprendizados que vem das mulheres matriarcas da minha família e também que vem da minha irmã mais nova. Tudo é uma coisa só e reflete no meu trabalho enquanto estética, conceito, estilo. Sim, eu assino a direção artística desse disco, eu produzi e escolhi o roteiro que traça uma dramaturgia que vai do amanhecer ao anoitecer, mas tive a direção musical generosa e extremamente necessária do Clayton Neri. Além da direção do Clayton, tenho ao meu lado as musicistas Débora Costa, Larissa Horta e Verônica Zanella que dividem comigo esse fazer, pensando, se envolvendo e criando juntas esse filho chamado “POENTE e outras paisagens”.  Os arranjos são assinados por Verônica Zanella, Clayton Neri e Alysson Salvador.

MEDIOPIRA - No disco vc teve a presença de músicos especialmente convidados. E tem os músicos parceiros habituais que lhe acompanham nos shows. Quem seriam esses músicos?

(Créditos da foto: Tásia d'Paula)
MAÍRA BALDAIA - Sempre me acompanham nos shows e também gravam o disco ao meu lado as musicistas Débora Costa (percussão e bateria), Larissa Horta (contrabaixo e vocais) e Verônica Zanella (violão, guitarra e vocais). Esse trabalho é fruto de uma parceria muito forte e sensível com essas três musicistas, um processo com muito amor envolvido. No álbum, que foi gravado no Estúdio Engenho em Belo Horizonte e foi gravado, mixado e masterizado por Andre Cabelo, eu tenho as participações especiais de Alysson Salvador (guitarra em Espelho D'água e violão em Negra Rima), Bia Nogueira (vocais em Negra Rima), Caetano Brasil (clarinete em Ensaio sobre o amanhecer e Pororoca), Maurício Tizumba (vocais em De chegada em canto), Nath Rodrigues (violino em Insubmissa e Só por um instante). São todos artistas negros que admiro e com os quais compartilho afinidades musicais na cena artística mineira. Dentre eles, Tizumba, que abre o CD com sua participação, foi um dos mestres que tive na música e no teatro e Alysson, Bia, Caetano e Nath são artistas que abraçam meu disco com profunda generosidade e que são referências pra mim no que tange ao fazer musical que une técnica e alma. Além desses artistas, o nosso diretor musical Clayton Neri, que é músico/ professor/ diretor/ arranjador virtuoso e que ama profundamente o que faz na arte, nos presenteia com duas participações nas faixas “Ensaio sobre o amanhecer” e “Axé”.


MEDIOPIRA - Principalmente na música “Ensaio sobre o amanhecer” o clarinete tem uma importância enorme, assim como a cuíca,  não só pela  execução mas pela presença. O que inspirou essa música?

Foto: Larissa Horta
MAÍRA BALDAIA - O clarinete é participação especial do músico Caetano Brasil. e a cuíca é executada com maestria pela minha parceira de caminhada a percussionista Débora Costa. Caetano é um músico que mistura em seu trabalho tanto a virtuosidade da técnica quanto a sensibilidade da prática. Ele toca com a alma e foi mto especial contar com a sua participação. Débora é integrante da banda que me acompanha a mais tempo. Está comigo desde o início. nos entendemos musicalmente só pelo olhar. Há uma interação muito forte entre nós. A cuíca e o clarinete em "Ensaio sobre o amanhecer" dialogam com a voz de forma marcante. É um encontro de timbres! Essa é uma música que fiz na estrada entre Lisboa e Porto em Portugal. A estrada é grande inspiração pra mim.  


MEDIOPIRA - As fotos para o CD foram capítulos à parte. De quem foi a concepção visual? Onde foram feitas as fotos? 


MAÍRA BALDAIA -As fotos foram pensadas por mim e pela fotógrafa Jenfs Martins, que é uma profissional com um dos olhares mais sensíveis que já vi. Na arte gráfica tenho o trabalho belíssimo de Gabriela Brasileiro e Matheus Fleming. Essa equipe é responsável pela concepção visual do meu disco, fui muito feliz na parceria com esses profissionais que entenderam na medida certa a identidade das minhas canções. O local foi indicação da musicista e parceira de composição Isabela Guerra, é um pequeno paraíso escondido em Belo Horizonte no bairro Belvedere de onde se tem uma vista maravilhosa para o pôr-do-sol.

MEDIOPIRA - Você lança seu CD num momento em que o mercado anda meio avesso aos trabalhos autorais. Os promotores de shows e até de espaços culturais e bares dão preferência a música cover, principalmente do gênero sertanejo. Como você pretende fazer pra driblar essa preguiça mental e essa resistência ao novo?

MAÍRA BALDAIA - Bom, não pretendo driblar o mercado, pretendo continuar espalhando a minha arte por onde for. Não sei se o percebo tão avesso assim ao trabalho autoral, apesar de ter noção de que o meu disco não está necessariamente inserido em determinados padrões, mas tem um cenário muito interessante da música independente que cresce cada vez mais no Brasil. A resistência e as dificuldades sempre estarão postas à nossa frente, nos resta caminhar e trabalhar para que nossa música chegue às pessoas. Apresento um trabalho com muita verdade, um trabalho autoral, um trabalho independente que fala por si, aonde chegarei com ele ainda não sei, mas se eu conseguir tocar as pessoas que ouvirem ao ponto delas também desejarem “espalhar essa palavra” para outras pessoas já está iniciada a rede. Acredito nas conexões.

MEDIOPIRA - Além do seu projeto do CD, você tem trabalhos paralelos. Fale um pouco sobre esses projetos e parcerias.

MAÍRA BALDAIA - Além do meu trabalho autoral, eu toco nos grupos Tambor Mineiro e Dingoma, sendo também atriz e arte educadora. Também dialogo de forma mais intimista com a poesia, com o cinema e com a pintura.

MEDIOPIRA - Quem quiser contratar o seu show tem de falar com quem? Deixe seus contatos pro pessoal.

Foto: Carol Reis
MAÍRA BALDAIA - Quem quiser contratar o show pode entrar em contato com a nossa produção através do e-mail contatomairabaldaia@gmail.com . Será um prazer levar esse pôr-do-sol para outros cantos.






Foto: Larissa Horta
MEDIOPIRA - Quem quiser adquirir o seu belíssimo CD tem de fazer o que? Onde tem pro pessoal que não puder adquirir poder conhecer seu trabalho?

MAÍRA BALDAIA - Para adquirir o CD físico basta entrar no site www.mairabaldaia.wixsite.com/baldaia e na aba POENTE encontrará todas as orientações. Também pode nos enviar mensagem na página do facebook (facebook.com/mairabaldaiafanpage). Além disso, o disco está disponível no meu canal no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=VLAF0OZfwLI  e no Soundcloud, se inscreva no nosso canal e acompanhe todas as novidades.