quinta-feira, 30 de março de 2017

APOCALIPSE AUTORAL?






Uma banda que faz músicas próprias sempre teve dificuldades para agendar apresentações. Os donos das casas de shows preferem as bandas covers, que tocam as músicas das paradas de sucesso, aquelas que o povo tá pedindo. Na verdade isso não é novo. Os caras são empresários e montam as casas pra faturar. 


AUTORAIS SEM PATROCÍNIOS

Não é fácil convencer um empresário a investir em músicas autorais. Eles preferem investir em eventos que “bombem”, com público enorme, para que suas marcas sejam relacionadas com o sucesso.

FESTIVAIS AUTORAIS ? TÔ FORA!

O povo prestigia os shows dos famosos e os covers das bandas e duplas conhecidas. Os festivais autorais atraem músicos e artistas que ainda acreditam na fórmula, que veem nos festivais espaços de fruição, que estão interessados nas novidades sonoras. E atrai também a tribo ligada à arte e cultura, que não é numerosa hoje em dia. Em tempos de velocidade e self service de tudo, parece não existir espaço para curiosidade intelectual e nem paciência pra ouvir músicas desconhecidas e muito menos disposição pra conhecer.

ENFASTIO CULTURAL

Parece que as pessoas tem tudo tão à mão que começam a sentir preguiça com as novidades. Ainda mais quando se tem um acervo enorme de todos os cantores e bandas inimagináveis, dos anos 50,60,70,80,90 e por aí vai.  São muitas memórias musicais acumuladas durante a vida e mesmo as não vivenciadas estão acessíveis a um toque no google. Pra que mais músicas?

COVER É ARTESANATO

Na verdade os covers não são originais, mas tentativas de soar como os originais. Aliás, há um prazer do público e dos músicos dessa modalidade. Do público que gosta quando uma banda toca igualzinho sua banda favorita. E das bandas também por tentarem fazer igual.E tem bandas que costumam até se sentir maiores do que os originais.

ANÔNIMOS ILUSTRES

Banda Estorvo de Alvinópolis
Eu tava aqui pensando quantas canções maravilhosas que não chegaram ao grande público. Só nos festivais de música foram trocentas e tantas. Ai fiquei pensando na galera que está na ativa hoje. De Itabira lembrei de Maíra Baldaia, Rivotrio, Marçal,Igor Venal, Cotonete, entre outros. De Monlevade, o Umbigo Trio, a banda Dezarm, o pessoal do Souldusamba, Guilherme Calk, Isa Lelis, João e André Freitas, Markus Kâmara, Rômulo Rás, João Roberto e Ronivaldo. De São Gonçalo tem o Tupete, grande compositor, músico e luthier e o exímio violonista Aulus Rodrigues. De Alvinópolis tem trabalhos novos muito bons, como da banda Estorvo e Thayson Azevedo. Mas e aí? São todos artistas muito bons, conhecidos em seus microuniversos, mas anônimos em termos de conhecimento do grande público. O que fazer com esse talento todo? Como fruir esse material lindíssimo?

A INTERNET NOS LIBERTARÁ

Será? É verdade que pela internet qualquer artista consegue montar um canal no youtube, produzir seus próprios vídeos, se bobear até seu programa de TV, como fez o músico Cotonete de Itabira. Mas os artistas não vem conseguindo grande alcance. Poucos conseguem realmente ficar populares no país inteiro através da internet.  A não ser que tenham uma ideia extravagante, um nome diferente (a Banda mais bonita da cidade foi um case), quem sabe um escândalo, um vocalista extraterrestre, algo que provoque a curiosidade do público. Resumo da ópera: se o artista quiser ser popular e vender shows no Brasil inteiro, vai continuar tendo de encontrar maneiras de romper a barreira das velhas mídias de massa.

TREM BALA: UM CASE EXEMPLAR

Há algum tempo recebi pelo celular um single de uma cantora chamada Ana Vilela. Ela enviou a música e pediu a opinião da gente e tudo. Achei simpático. Na época achei a música bonitinha e até mandei comentário pra ela dizendo que tinha gostado bastante da letra. Alguns meses depois a música estourou e foi parar na Globo, principalmente depois que  Gisele Bundchen gravou um vídeo tocando e cantando ao violão.  

O QUE FAZER PARA QUE O AUTORAL SEJA MAIS ACEITO?

Em primeiro lugar trabalhar para que as suas principais músicas sejam ouvidas pelo público alvo pela internet. E isso, acreditem, é trabalhoso. Engajamento pela rede não é tarefa fácil. Depois, dobrar os donos de casas noturnas e eventos, convencendo que seu show autoral agrada. E finalmente causar com seu show, surpreender, arrebatar, emocionar, ser profissional ao extremo. Vc pode produzir seu CD também, mas hoje não é o mais importante. Tem pouca gente ganhando dinheiro com CD. Mas pode ser um excelente cartão de visitas. Vc deve continuar produzindo bons conteúdos, divulgando, fazendo shows, mostrando a cara e procurando maneiras de colocar seu bloco na rua, sua fruta na feira, seu produto nas melhores vitrines.

IRONIA DAS IRONIAS

A vida não tá fácil para os autores, mas por ironia, todo mundo  virou autor. Qualquer um pode publicar, pode ter seu blog, seu site, seu canal no youtube, suas músicas no spotfy, no face, enfim. O maior desafio é conseguir reputação, autoridade e demanda. Isso vale pra tudo...

quinta-feira, 23 de março de 2017

IGOR VENAL E SEU BREGA FUTURISTA

Música de Zona, bolerão torto, meio brega, meio bêbado, namoro do retrô com o pós qualquer coisa. Tem a guitarra suja e o órgão futurista no meio do arranjo tradicional.Melodia que remete a Amado Batista,  Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, e Tom Zé. Não sei se a rebeldia ao metrônomo é intencional. Tem algumas notinhas fora do lugar. Há quem prefira o orgânico ao metrônomo.É também uma canção de desamor, de persistência e desalento, esse amor frustrado e bloqueado de hoje em dia, meio futuro non sense do pretérito, nude de corpo de alma, fragilidade extrema e vagabunda na nuvem. 

sexta-feira, 10 de março de 2017

AMANTINO "INCLUSIVE" ANDRADE


Conheci Amantino Andrade através de dois amigos comuns: o Adailton do Karas e Korpus e Walbert. Eu já trabalhava fazendo jingles e começava a fazer shows com a minha banda de rock.  Amantino começou a fazer sucesso como empresário. Era representante do Show da Xuxa na região, juntamente com Marta Azevedo de Ipatinga. Foi o primeiro grande produtor que conheci. Vendia os maiores artistas do país nas maiores feiras de eventos de Minas. Vendia Elba Ramalho, Wando, Erasmo Carlos, Zezé de Carmargo e outros grandes  do primeiro time da MPB, além de atores globais. E trabalhava também com bandas promissoras. Nessa época ele conheceu o REPÚBLICA DOS ANJOS, acreditou e colocou a banda pra tocar em grandes feiras, cavou espaços na mídia e fez um trabalho essencial para a trajetória da banda. Depois, mudou-se para os Estados Unidos, retornou, teve bar, experimentou a fama, o sucesso e os fracassos e voltou a residir em Monlevade, onde cuida da sua mãe e sonha com uma volta ao mercado em grande estilo.  Mas vamos à entrevista.
Amantino produziu show memorável com Erasmo Carlos

MEDIOPIRA – Como é que você começou a trabalhar como empresário artístico?

AMANTINO - Comecei como representante assistente de Martha Azevedo do show dá Xuxa ao vivo no Brasil

MEDIOPIRA – Eu citei alguns artistas na abertura da matéria. Com quais mais vc trabalhou?

AMANTINO - Trabalhei com Daniel,Leandro Leonardo ou também somente Leonardo após morte do Leandro. Bandas promissoras como República dos Anjos, Católicos Protestantes hoje Pau com Arame, ItS Rolling Stones e Serpente. Lancei Skank no vale do aço através dá galáxia fm na época do CD macaco prego. Trabalhei no inicio da carreira com Elke maravilha. Em um baile no antigo ideal clube João Monlevade, contratei Elke maravilha na agência dá Martha Azevedo produções. Hoje Martha é minha amiga de coração.
Eva Vilma e Martha Azevedo: grandes amigas

Logo em seguida veio novo evento através dá Martha também.  Contratei Sandra Brea , atriz global na época da novela ti ti ti no ideal clube João Monlevade. No mês seguinte um amigo estava criando a OAB de Monlevade e desejava fazer um baile. Assim tivemos ideia de trazer Nelson Gonçalves, que realizou baile com sucesso e uma palestra no antigo cine São Geraldo, falando de sua dependência química com cocaína para centenas de pais que desejavam conhecer o problema para cuidarem de seus filhos dependentes. Os responsáveis por toda organização dá palestra foram dr José Maria zucheratto e dr Samuel Salles Souza, fundadores dá 75 subseção dá OAB de João Monlevade. Está palestra teve participação do Dr Elias Murad, médico cientista, do Dr José Maria zucheratto que era promotor de justiça. Depois teve o baile que foi sucesso total ,com presença de muitos jovens. A novela “Cabloca” com Fábio Jr e glória Pires fazia enorme sucesso na época, e a música tema era cantada por Nelson Gonçalves. 
Com Carlos Zara e Paulo Gracindo.
Trabalhei ainda com Dominguinhos, Sula Miranda, Chitãozinho e Xororó, Daniel, Lobão, Erasmo Carlos, Cláudio Zoli,barrerito, com os atores  Carlos Zara Paulo Gracindo, Rogério Fróes Eva Wilma. Trabalhei e ainda represento o guitarrista cubano residente em Miami Arturo fuerte, guitarrista e maestro,vive em Miami e tem brilhante carreira internacional,com música salsa e merengue, tocando em diversos palcos com Brian Adams, Carlos Santana e Gipsy King além dá carreira solo.





MEDIOPIRA – Quais foram os artistas mais gente boa com que você já lidou?

AMANTINO - Gente boa que marcou foi Arturo Fuerte amigo humilde e República dos Anjos e Católicos, representados por Neo Gemini e Luiz curinga e vc Marcos Martino, amigos forever para sempre.





MEDIOPIRA – Qual você considera ter sido o ponto alto de sua carreira como empresário?

Programa Xou da Xuxa. Faturava milhões...
AMANTINO - Ponto alto foi ser convidado para sair de Minas e também realizar trabalho em minha cidade natal, Antônio dias MG. Fora do estado realizei junto com minha amiga Martha Azevedo, indicado por Marlene Mattos, empresária dá Xuxa na época e produtora dos programas dá Xuxa na globo. Martha também era produtora nacional dos shows ao vivo e internacional também, pois fez Chile Argentina e Paraguai Eu e Martha Azevedo fomos ao Rio produzir o show Bradesco in concert no sambódromo, na praça da apoteose.  Foram mega Shows Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo,Zezé de Camargo e Luciano. Este evento foi o embrião que virou o famoso show “amigos

MEDIOPIRA – Você teve uma relação de muita proximidade com a Xuxa e com a Martha Azevedo que a empresariava em Minas. Essa relação perdurou ou vc perdeu contato com elas?

AMANTINO - Com Xuxa não tenho mais contato, mas minha amizade com Martha Azevedo é eterna. Falamos e nos encontramos sempre,. Sou amigo de toda família da Martha que virou minha família também.

MEDIOPIRA – O que o fez praticamente se afastar do mercado da música nos últimos anos?

AMANTINO - Afastei das produções devido à corrupção que tomou conta do mercado.  Apareceram vários “mega empresários” que passaram a fazer a maioria dos eventos através de esquemas para fraudar licitações, favorecendo um bocado de gente.  Eu tenho esperanças de que o ministério público também passe a fiscalizar essas coisas. Vai ficar mais justa a concorrência. Quem é honesto sofre nesse país.

MEDIOPIRA – Existem denúncias generalizadas de corrupção nesses grandes eventos. O que você pensa a respeito?  A corrupção no Brasil estaria em todas as áreas?

A corrupção está pra todo lado. Até nos States
AMANTINO -Existe muita corrupção em todas as áreas, Inclusive internacional. Não é uma coisa só do Brasil. Por exemplo: artistas daqui vão fazer tournes para USA. A  equipe é de 25 pessoas, então levam 30 , pois dão carona na documentação para conseguirem os vistos para amigos ou clientes. Entendeu? A culpa não é dos artistas e sim dos contratantes lá nos USA.  É malandro passando a perna em malandro.

MEDIOPIRA – O que você pensa sobre a monocultura sertaneja? Na sua época tinha mais ecletismo né? Lembro-me que o rock brasil estava em alta, o Axé começando...havia muitos astros da música infantil...

AMANTINO - A Monocultura sertaneja é o desastre dá cultura musical de nosso país. Dá mesma forma que foi monocultura do pagode. Até universitários que tem o rótulo de descolados embarcaram na monocultura do sertanejo. Acho péssimo isto. Um único sujeito manipula isto em nosso país: Boninho o dono do BBB. Nos anos 80 havia mais glamour. O rock in rio era muito contagiante, tinha a MPB, o clube dá esquina. Engraçado que fui o primeiro a divulgar fora da Bahia o projeto do axé, antes mesmo de acontecer nacionalmente. Foi na Praça do Papa em BH. Produzi e tive contatos estreitos com praticamente todos os precursores do axé, precisamente a micareta carnaval fora de época, a banda Mel , Sara Jane, Margarete Menezes e Luiz Caldas. a Música Infantil. Lembro de muitos que trabalhei direto ou indiretamente, através do show dá Xuxa, Sandy e Jr, Patrícia Marx, o próprio Molejo que sempre foi muito querido pela molecada (crianças), Silvinho do ursinho Blau Blau. Na época havia realmente muito ecletismo. A monocultura mata a riqueza e impõe o mesmo menu a todo mundo. E o povo comendo arroz, feijão e miojo todo dia. Não sei como aguenta.

MEDIOPIRA - Você ficou famoso na época por ter um padrão de exigência alto. Tinha de ser o melhor som, a melhor luz, acústica perfeita. Isso lhe causou dificuldades ou prejuízos?

AMANTINO - Sempre gostei de qualidade de som e luz. Não tem como fazer espetáculo sem qualidade. Tudo tem quer ser top em qualidade, respeitando as exigências do artista músicos e acrescentando um algo mais. As dificuldades é que muitas vezes os contratantes pra lucrar mais, querem abrir mão da qualidade e isso é uma coisa que nunca aceitei e nunca vou aceitar. Talvez principalmente por isso eu tenha me ausentado nesse tempo.

MEDIOPIRA – Você também gostava de investir em artistas novos, tanto que empresariou o República, além do Pau com Arame e outras bandas da época. Gosta de trabalhar com gente nova?

AMANTINO - Sempre gostei de criar ou trabalhar com o novo. Amei trabalhar com república, pois de princípio queria algo meu no bom sentido, descoberto ou lançado, logo descobrir grandes talentos. Vc voz e composição, Guilherme cortante com sua guitarra e Ricardo Simões peso pesado ,monstro na bateria.

MEDIOPIRA – Você cogita voltar a produzir shows ou é um guerreiro cansado, que prefere ficar à margem por não se sujeitar a maneira como o mercado anda se conduzindo?

AMANTINO - Sou antenado e estou sempre muito bem informado. A internet ajuda muito nesse sentido. Hoje tá muito bom de trabalhar. Eu realmente dei um tempo talvez por não saber fazer o jogo da desonestidade. Tenho vontade de voltar com grandes produções. Quem sabe se a Lava jato chegar pra acabar com essas corrupções do dia a dia, de cartas marcadas em licitações fraudadas e outras sacanagens?

Rômulo Rás, grande artista Monlevadense.
MEDIOPIRA – Você tem acompanhado o trabalho dos artistas do MEDIO PIRACICABA?

AMANTINO - Vou ser sincero com você. No dia a dia na região vejo mais oba-oba do que qualidade. O pessoal hoje acha que é só gravar a música num estúdio, colocar na roda e pronto.  Quem sabe faz ao vivo. Só no contato com o público não dá pra saber se a banda é boa e se o artista vinga. Embora que tá faltando eventos pra música autoral. Os bares só querem saber dos covers né? E a prefeitura não tem feito nada. O pessoal precisa se mexer. Monlevade tem  bons nomes como  Rômulo Rás. Ricardo Monlevade, Fabrício de Paula e Sérgio e Delson no sertanejo . No Rock eu sou fã da república dos anjos pau com arame BH lá de Alvinópolis. Quero até ouvir artistas novos e voltar a assistir os shows.

MEDIOPIRA – Você está aberto a receber material de novos artistas? Podemos esperar uma retomada.

AMANTINO - Mas é claro. Estou sempre aberto as novidades e aguardando o momento certo de voltar a movimentar o mercado. História e experiência não me faltam. Por favor, mandem seu material. Meus contatos: amantinoandrade@msn.com - Zap - 31_992936030. Procurem também no facebook Amantino Andrade. 
Claucia Vergílio, parceira para a vida toda.
Os transtornos da neve nos Estados Unidos
Carnavalito, empreendimento que agitou a noite de Monlevade
Vestindo a camisa amarelinha com muito orgulho.




sexta-feira, 3 de março de 2017

RAIO X DO CARNAVAL 2017

O carnaval desse ano em Minas teve um fenômeno que precisa ser estudado a fundo: o CARNAVAL DE BH.

ESPONTÂNEO, PLANEJADO OU OS DOIS?

Carnaval de BH: 3 milhões de foliões
Tudo começou há poucos anos com muita rebeldia e irreverência. Pequenos blocos se organizaram e começaram a se fantasiar e fazer marchinhas ironizando o governo Lacerda. A administração que começava queria botar moral e proibia tudo. Mas acabou agindo segundo um velho ditado: se não pode vencê-los, junte-se a eles. De inimigo da folia, o município passou a apoiar, regulamentar e divulgar para os quatro ventos. O resultado é que BH hoje tem o terceiro maior carnaval do Brasil.

E AS CIDADES DO INTERIOR?

Já de cara perderam grande parte do público. Muitos Alvinopolenses que sempre vão para Alvinópolis preferiram ficar em BH. Imagino que na maioria das cidades do médio-piracicaba aconteceu fenômeno parecido. E a tendência para os próximos anos é que esse fluxo aumente, pois a fama tá grande. Os prefeitos terão de rebolar para atrair públicos.

SEM DIVULGAR FICA DIFÍCIL

Teve Carnaval em SG, em Bela Vista, Barão, Santa Bárbara, Alvinópolis, Dom Silvério, Rio Piracicaba, em quase todas as cidades. Mas pelas observações que obtive, o público diminuiu na maioria. Também ninguém divulgou, ninguém anunciou. Achar que só as redes sociais resolvem é um erro. Os prefeitos não deixaram o povo sem folia, mas parece que foisó pra cumprir tabela. Monlevade e Itabira preferiram dormir ou exportar foliões.

ALVINÓPOLIS BOMBOU!

Os Piratas, um bloco com mais de 10 mil pessoas
A situação em Alvinópolis foi diferente. Mesmo com a perda de foliões para BH, a cidade ficou bem cheia. Mas o prefeito fez um marketing mais forte, anunciou inclusive na rádio Itatiaia e também foi pras redes sociais com muito apetite. O resultado é que o carnaval bombou! Blocos de tardinha e shows na praça à noite. O Prefeito João Galo Índio cuidou pessoalmente de cada detalhe. A praça ficou cheia todos os dias. Houve muitos elogios. A estrutura montada na praça foi realmente muito boa. A segurança na cidade foi algo nunca visto, com câmeras de segurança pra todo lado. O único assalto ocorrido foi devidamente esclarecido pelas câmeras. Teve também um carnaval para as crianças como há muito não se via com praça lotada, o carnaval para o asilo dos velhinhos, da APAE, teve muita coisa bacana.Teve o monstruoso bloco PIRATAS, com seu estilo mad max, com imensas baterias de som automotivo e o povo atrás. Teve a bateria Colibri e a Charanga da Rua de Cima. Teve Bloco Afro, Mariquitas, teve atrações para todo gosto. E ecletismo musical também. Das marchinhas e sambas tradicionais ao sertanejo, axé e ritmos da moda. Teve até música nordestina com a ótima bateria colibri.

CARNAVAL GERIÁTRICO?

Os shows na praça foram muito bem recebidos pela juventude e pelo povão. As bandas tocaram as músicas de sucesso do sertanejo, axé e funk. Os shows foram criticados pelos que tem a opinião de que sertanejo e funk não são músicas de carnaval. Deu muita polêmica nas redes sociais. Funk e sertanejo estão longe de ser meus gêneros preferidos. Mas será justo vetar músicas do gosto da juventude pra fazer prevalecer a tradição e o gosto musical de quem pensa dessa maneira? Os carnavais sempre absorveram os modismos. Desde sempre. Os carnavais se alimentam dos hits. Aconteceu com o axé um dia, também com o funk ou com o pagode. No carnaval baiano já teve até música clássica em trio elétrico e um dos blocos mais originais do carnal de BH, o Magnólia, desfila com JAZZ. Claro que tem de ter espaço para a tradição. Pode e deve ter espaço para os sambas e marchinhas. Mas sem que isso signifique vetar outros estilos. Fazer isso seria impedir os jovens de ouvir e curtir seu estilo de preferência. Eles vão preferir ir pular onde o ambiente lhes seja propício e teremos um carnaval Geriátrico.

E O CARNAVAL 2018?

Sinceramente. Se os Prefeitos não se mobilizarem, se não começarem a pensar em diferenciais e conforto para os turistas, se não investirem em divulgação, se os foliões não começaram a se organizar desde já, as cidades do interior correm o risco de perder cada vez mais foliões, turismo e renda para BH, que mais do que nunca virou capital do carnaval.