quinta-feira, 29 de junho de 2017

MONLEVADE NÃO TEM CULTURA - by Carla Lisboa

NO MEDIOPIRA da semana, tomo a liberdade de publicar um texto provocação da produtora Carla Lisboa. Carla é uma daquelas pessoas abnegadas, insistentes, persistentes . Ela anda meio na contramão da cidade, pois o que a motiva a fazer arte e cultura não é o dinheiro, mas o amor. Ela é uma romântica incurável...e como dizia o Vander Lee...românticos são poucos...e loucos. Mas vamos ao ótimo texto da Carla.

"Sabe o que é? Preciso contar uma coisa pra vocês: É que eu moro numa cidade "que não tem cultura", sabe? Moro numa cidade que não tem nada pra fazer.
Tem uma galerinha ai, "aquele povo do hip-hop", que fazem batalhas de mc's de 15 em 15 dias, lá na Praça do Povo, sabe? Mas eu não curto, "isso não é cultura", "eu não gosto". Inclusive ouvi dizer que na próxima sexta-feira, dia 30/06 vai rolar batalha lá, mas não vou não, tá muito frio e prefiro ficar em casa vendo séries no Netflix.
A Casa de Cultura da cidade? Ah, lá não acontece nada... tem uma galera lá que "veste a camisa", faz um corre danado pras coisas acontecerem... fiquei sabendo inclusive que rola uns recitais lá todo mês também, com os alunos de violão e canto, e dizem as más línguas que você sai de lá com a alma lavada... mas também nem perco meu tempo indo prestigiar. Ficar no facebook reclamando que "aqui não tem nada pra fazer" é mais produtivo. Dá mais Ibope e ganho likes.
Ontem uns conhecidos foram lá no Sindicato dos Metalúrgicos, que fica ali perto do DAE, bem no centro, pra prestigiar o ensaio aberto da Orquestra Big Band Funcec. E ai esses conhecidos me disseram que esses ensaios abertos (e gratuitos) rolam todo mês também. Ah, mas eu nunca fui também, sabe? Sair pra prestigiar um evento cultural em dia de segunda? E com esse frio? Esse povo tá doido??
Fim de semana teve encontro de motos aqui na cidade, no sábado, e no domingo teve Arraiá da UEMG na Praça do Povo, com show do Mike Santos, Dj Lucas Tavares e a turma da Casa de Cultura com o professor Guilherme, que também apresentou um projeto bacana que tá surgindo aí.

E fiquei sabendo também que vai rolar a segunda edição do Festival de Inverno de João Monlevade, entre os dias 01 a 08 de julho, que a Prefeitura e Casa de Cultura tão organizando junto com uma galera animada ai do 7faces. Um monte de "coisa bacana e de graça", mas não vai ter nenhum "artista conhecido"... então não vou também não. A UFOP também está trazendo Festival pra cá, entre os dias 13 e 15 de julho. Esse vai ter artista conhecido. Ouvi dizer que Tianastácia vai tocar na Praça do Povo, e vai rolar outras bandas "legais" também. Ah, mas sabe o que é... eu até queria ir, mas não vai ter nada "que eu curto". Então se eu não gosto, não é cultura. E como já disse, ficar no face reclamando que aqui "não tem cultura e não tem nada pra fazer" dá mais likes! https://www.facebook.com/images/emoji.php/v9/ffc/1/16/1f44d.png👍https://www.facebook.com/images/emoji.php/v9/ffc/1/16/1f44d.png👍https://www.facebook.com/images/emoji.php/v9/ffc/1/16/1f44d.png👍https://www.facebook.com/images/emoji.php/v9/ffc/1/16/1f44d.png

sexta-feira, 23 de junho de 2017

SHINE CRAZY, O TEMPLO DO ROCK NO MÉDIO PIRACICABA

O MEDIOPIRA dessa semana conversou com Zé Ronaldo do SHINE CRAZY ROCK BAR, um espaço muito legal do Médio Piracicaba: O SHINE CRAZY é verdadeiro santuário, templo do Rock em João Monlevade.Talvez o único atualmente dedicado ao estilo no médio-piracicaba. Por lá apresentam-se bandas e músicos de várias regiões do país e até de países como Peru e Argentina. Na região tem uma legião de camisas pretas, amantes da rebeldia e da liberdade , que se arrepiam quando ouvem o som das guitarras, baixos e baterias. Por isso, espaço foi conquistando um público fiel que o Zé Ronaldo chama carinhosamente de Família Shine. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA - Como surgiu a ideia de montar o Shine Crazy Rock Bar?

ZÉ RONALDO - A historia é longa, mas basicamente não vimos  opções na cidade onde o sertanejo não predominasse.Então veio a ideia de fazer  algo diferente e que a gente gostasse, um bar de família para família e com musica de qualidade!

MEDIOPIRA - O que inspirou o nome do bar?

ZÉ RONALDO -  O que inspirou foi a música "Shine on you crazy diamond". Gostamos muito do Pink Floyd( e quem não gosta né?). Então escolhemos um nome que homenageasse esse clássico do Rock!

MEDIOPIRA - O público que frequenta o shine é de que faixa etária?

ZÉ RONALDO - É muito variado. Aqui os pais trazem os filhos  e também os filhos trazem os pais! (risos) Realmente,não tem idade para quem curte o bom e velho Rock´nRoll. 

MEDIOPIRA - Monlevade tem um público roqueiro fiel?

ZÉ RONALDO - Com certeza! Não só Monlevade,como na região!

MEDIOPIRA - Vocês contratam bandas ou pagam couvers artísticos?

ZÉ RONALDO - Varia de acordo com as bandas,mas geralmente negociamos portaria.

MEDIOPIRA - Vocês preferem bandas covers ou também contratam autorais?

ZÉ RONALDO - As bandas tem total liberdade com o repertorio,embora haja uma preferência por parte do publico pelos covers. Aqui tem espaço sim para autorais.



Um grifo do MEDIOPIRA -  As bandas autorais são bem vindas em qualquer espaço desde que se comprometam a fazer publicidade e garantam público. Os bares são  empresas que precisam lucrar e pagar as contas.


MEDIOPIRA - O que vocês tem a dizer aos que acham que o Rock morreu?

ZÉ RONALDO - Pessoal, o Rock nunca estará morto enquanto houver  bandas e pessoas que levem seu legado,não importa o que toca nas rádios. O tempo passou e os contextos mudaram, mas o rock está aí, para quem quiser apreciá-lo!

MEDIOPIRA - O que vocês acham da cultura em geral hoje em dia, do predomínio da música sertaneja e do funk em todas as mídias?


ZÉ RONALDO - As mídias são tendenciosas e a  cultura musical no Brasil sempre se modificou durante as gerações,não curtimos muito estes estilos,mas há espaço para todos e o Rock sempre terá seu lugar!

MEDIOPIRA - Pra vocês, existe futuro pro rock ou vamos ficar sempre reverenciando o passado?

Zé Ronaldo- O rock é como o wisky,fica cada vez melhor com o passar do tempo.(Risos)


MEDIOPIRA - O que uma banda tem de fazer pra tocar no shine?

ZÉ RONALDO - Primeiramente,temos que conhecer a banda e ver o material que trazem. Pedimos também para que venha conhecer a casa,o publico e como trabalhamos.

MEDIOPIRA - Além do clima rockeiro, da música boa, o que o Shine oferece em termos de bebidas e alimentos? Algo diferenciado?

ZÉ RONALDO - A simplicidade predomina no Shine. O principal é a cerveja gelada e tira gostos de buteco.

MEDIOPIRA - E qual o sistema de pagamentos? As pessoas pagam ingressos? Pagam consumação?

ZÉ RONALDO - Trabalhamos apenas com dinheiro e cartão, a entrada possui um valor fixo.

MEDIOPIRA - O bar funciona em que dias da semana e em que horários?

ZÉ RONALDO - O bar funciona  em dois sábados no mês . sempre a partir das 21h

MEDIOPIRA - Deixem contatos para a galera...

ZÉ RONALDO - Nosso contato é através da pagina no facebook : https://www.facebook.com/Shinecrazyrockbar

e no Tel:3852-8284

segunda-feira, 19 de junho de 2017

FULCRO ITABIRANO...

Na entrevista especial do MEDIOPIRA de hoje, a galera do NOSSO FULCRO, um trabalho da novíssima geração da música Itabirana. O carro chefe da banda são as releituras da velha e da nova mpb com sotaque próprio. Mas a turma já começa a arriscar composições próprias cheias de malemolência e triplos sentidos. Tenho certeza que muita gente tá perguntando. Mas peraí? O que é fulcro? Calma. Leiam a entrevista que a galera explica. O nosso fulcro estará presente no 2º Festival de Inverno de João Monlevade. 

MEDIOPIRA-Como vocês começaram a fazer música ?

NOSSO FULCROComeçamos a fazer musica juntos de uma forma totalmente inusitada e despretensiosa. Eramos amigos em comum e acabamos nos encontrando para gravar um vídeo com outro objetivo e como já havia o interesse individual de fazer musica em cada um de nós. Percebemos que se nos juntássemos algo poderia sair dali. Então resolvemos criar um lugar pra gravarmos videos de forma livre na internet, algo que servisse como nossa base de apoio musical e assim surgiu o Nosso Fulcro.

MEDIOPIRA - Como foi o processo de escolha do nome "NOSSO FULCRO"?

NOSSO FULCRO -O nome Nosso Fulcro veio do Hugo (um dos integrantes). Ele já havia sugerido esse mesmo nome para um outro projeto musical que alguns de nós ja participávamos e que acabou não dando certo. Então quando surgiu a ideia do projeto ele de cara já sugeriu o nome e nós aceitamos, pois a explicação dele era genial e casava certinho com o que nós queríamos pro projeto. Fulcro significa "base", "apoio", "alicerce" e é justamente isso que o projeto tem sido pra nós musicalmente nesse tempo de existência.

MEDIOPIRA -Vocês tem músicas autorais ou só tocam covers? Vocês procuram tocar covers iguais aos originais ou criam seus próprios arranjos?

NOSSO FULCRO - Temos algumas musicas autorais que já tocamos em nossas apresentações ao vivo como "Desculpa" e "Marrom" e até uma que já gravamos e publicamos em nossas redes sociais, a "Bolo de Limão".


MEDIOPIRA -O que o NOSSO FULCRO tem de diferente?

NOSSO FULCRO - O nosso diferencial está justamente nas versões das musicas que fazemos. Procuramos desde o inicio do projeto deixar nossa marca em cada musica que gravamos/tocamos ao vivo, arranjos melódicos e vocais, novas roupagens, tudo isso caminha com a gente e faz parte do nosso processo de definição e execução das musicas.

MEDIOPIRA -Os componentes do NOSSO FULCRO vivem de música ou todos tem profissões paralelas?

NOSSO FULCRO -Alguns de nós vivemos de musica, outros já teve (ou tem) emprego fixo. 

MEDIOPIRA -Vocês tem feito muitos shows?  Como fazem para fruir o trabalho de vocês?

NOSSO FULCRO - O ano passado chegamos a fazer 3 shows na mesma semana, 2 shows no mesmo dia. Esse ano demos uma pequena pausa mas ainda assim já fizemos bastantes apresentações em 2017. O Nosso Fulcro nasceu de forma espontânea e achamos que espontaneamente estamos esperando do futuro o que ele tem guardado pra nós. 

MEDIOPIRA -Onde vcs quer chegar o Nosso Fulcro? O que vcs sonham?

NOSSO FULCRO -Temos planos, vontades, desejos, mas até então acho que o ponto mais importante de nossa caminhada foi o acaso, então acostumamos a deixar que ele nos responda essa pergunta.


MEDIOPIRA -Vcs preferem tocar músicas de artistas mais contemporâneos ou também pesquisam a velha MPB?

NOSSO FULCRO - Nós procuramos trazer pro projeto um pouco de cada um de nós individualmente, já tocamos desde Adoniran Barbosa até Beyonce passando por Criolo, Raça Negra e Anitta. 

MEDIOPIRA -O que o pessoal de Monlevade pode esperar do NOSSO FULCRO?
  
NOSSO FULCRO - Então acho que João Monlevade pode esperar o máximo do inesperado de nós e ao mesmo tempo o máximo do obvio, assim eles vão aproveitar com um gostinho especial cada momento da nossa apresentação.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

MEDIOPIRA ESPECIAL - 2º FESTIVAL DE INVERNO DE JOÃO MONLEVADE

Segundo ano, hora de começar a colher após as primeiras semeanças. Esse ano a programação tá bem bacana. Só shows com artistas novos que estão buscando seu lugar ao sol. mas com muita qualidade. 

Alguns shows vão dar polêmica, como da banda Virgínia de Itabira, que faz rock cristão. Ai tem aquela galerinha que questiona. " Mas pera aí! Rock Gospel?" Engraçado, né? Rock satanista pode. Rock político pode. Rock satírico pode. E rock cristão não pode? Claro que pode.

Outro Itabirano que retorna é Igor Venal, um experimentador irrequieto  que vem misturando um monte de elementos em seu liquidificador sonoro. 

De Itabira vem também o grupo NOSSO FULCRO, um  coletivo musical, que trabalha principalmente uma MPB bem orgânica, sem impurezas eletrônicas. 

De BH vem Clever Honorato, cantor e compositor de mão cheia que acaba de lançar um clip maravilhoso de animação.  



Da simpática cidade de MOEDA, vem a cantora SOL BUENO, com um som mais regionalista.
De BH também a excelente banda TRIALGO com seu rock autoral cheio de poesia e personalidade.
Eu falei apenas das atrações musicais, mas tem a parte das artes cênicas também.
A tendência é do evento ir ganhando força, afinal, Monlevade é uma cidade catalizadora. Ah...e ficamos sabendo que Monlevade vai ter outro festival de inverno também, mas de uma faculdade. E terá muitas atrações com artistas mais famosos. Isso é muito legal pra cidade, pois todos acabam contemplados. E viva a cultura...


CURIOSIDADE INTELECTUAL - se gostou, pesquise mais sobre os artistas e não deixe de comparecer...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

RESENHA COM CARLA LISBOA - 2º FESTIVAL DE INVERNO DE JM

MEDIOPIRA -  Segundo Festival de Inverno de João Monlevade. Continua a semeança?

Carla - Com certeza. A semente desse festival foi plantada bem antes da primeira edição. Já estávamos pensando em realizar um Festival de Inverno aqui na cidade desde 2014, e sabíamos que a partir do momento em que colocássemos em prática e que essa semente começasse a germinar, a ação teria que ser contínua. O que pretendemos é fazer com que o Festival de Inverno de João Monlevade faça parte do calendário cultural da cidade e região, como já acontece com outros grandes festivais que acontecem nas cidades vizinhas.

MEDIOPIRA - No ano passado houve muitas dificuldades. Vocês conseguiram mais apoio financeiro e institucional dessa vez? Quem está com vocês?

Carla - Dificuldades sempre encontramos. Sabemos da realidade em se trabalhar com cultura não só em nossa região, mas no país. Os apoios financeiros que conseguimos para este ano foram bem inferiores em relação ao ano passado, mas o custo dessa segunda edição também será bem menor. Diante os contratempos e dificuldades que passamos no ano passado (e que rendem até hoje), resolvemos ser mais cautelosos em nossas finanças esse ano, mas sem perder a qualidade. É como sempre digo: pra se fazer cultura, não é preciso grandes fortunas. Temos a equipe do Coletivo Variável como parceiros nessa edição, e diversos apoios como Prefeitura Municipal e Casa de Cultura, ACIMON, UEMG e DA IntegrAção, DAE, Secretaria Municipal de Educação, Cervejaria Ashby, Gala Cerimonial, Sindicato dos Metalúrgicos, Rádio Alternativa e patrocínios da Festas Práticas, DNA Consultoria Ambiental, Vereadores Belmar Diniz e Gentil Bicalho.

MEDIOPIRA - Houve diálogo com as universidades instaladas no sentido de uma parceria efetiva?

Carla - Sim. Estamos negociando parceria com a UEMG e também com a UFOP para levar algumas atividades do Festival para dentro das universidades.

MEDIOPIRA - Como colaborador do Festival, tive oportunidade de conhecer vários trabalhos enviados e fiquei muito bem impressionado com a qualidade. Mas não houve inscrições da cidade. Pra você, qual a razão desse distanciamento?

Carla - Sinceramente eu não sei responder a essa pergunta. Acontece em todos os festivais que realizamos, recebemos inscrições do Brasil todo e vários artistas entram em contato diretamente comigo, reforçando o interesse em participar de nossos eventos. Acho que pelo fato da maioria (senão todos) os artistas locais levarem a arte como um “hobby” e não como um trabalho, eles não enxergam as possibilidades e oportunidades em participar de um festival, só se interessam quando tem cachês altos e olhe lá. Essa falta de interesse não acontece apenas nos festivais e eventos que realizamos. Nos festivais que acontecem na região, a participação dos artistas monlevadenses também é quase zero, porque a grande maioria não se interessa em participar. Ou têm preguiça, sei lá.

MEDIOPIRA - Depois da seleção das propostas, vem uma fase de  confirmar com os artistas pra fechar a agenda do evento. Isso foi tranquilo, todos confirmaram ou houve baixas?

Carla - Foi bem tranqüilo. Tivemos desistências por incompatibilidade com a data, pois o festival inicialmente estava agendado pro dia 24 de junho, e adiamos para 01 de julho, e duas atrações que já estavam confirmadas para o dia 24, não estavam disponíveis na nova data.

MEDIOPIRA - Onde serão as principais atividades desse ano. Já tem uma agenda?

Carla - Esse ano faremos novamente a abertura do festival na Praça do Povo, com apresentações musicais.  E o encerramento será na Praça 7 de Setembro com uma feira de gastronomia e artesanato. Nos outros dias de festival, teremos apresentações teatrais no Anfiteatro do CEJM, palestras e oficinas em espaços diversos como auditório da ACIMON e UEMG, e ainda estamos fechando parceria com outros locais para apresentação de dança, exposição de fotografias e intervenções.

MEDIOPIRA - Como está o organograma do 7 Faces para o Festival. Quantas pessoas vão trabalhar no evento?
Carla - A equipe fixa do Coletivo é pequena, mas sempre contamos com colaboradores e voluntários durante os eventos que realizamos. Para esse festival, estamos com uma média de 15 pessoas envolvidas, que, com certeza dão conta do recado.


MEDIOPIRA - A Prefeitura e a Fundação Casa de Cultura estão com vocês de forma efetiva, inclusive disponibilizando infra estrutura?

Carla - Mesmo de forma indireta, a Prefeitura e Casa de Cultura sempre foram parceiros em nossos eventos. Na primeira edição, fizemos diversas atividades no espaço da Fundação Casa de Cultura, que sempre nos recebe de portas abertas.
Este ano, a parceria com a Prefeitura Municipal e Fundação Casa de Cultura foi uma das primeiras que fechamos, e ainda arrisco dizer, que seria impossível a realização desse festival sem o apoio de ambos.

MEDIOPIRA - O que o Festival de Inverno desse ano tem como novidades? O que vc apontaria como evolução, do ano passado pra cá.

Carla - Não sei se seria uma novidade, mas acho que as parcerias e a construção coletiva são a “cereja” do festival. E esse ano tivemos o cuidado em não repetir as ações que realizamos no ano passado, como Sarau, Duelo de MC’s, etc. E sempre nos preocupamos em não agradar apenas um tipo de público. O festival é para todos, feito pra cidade.

MEDIOPIRA - O que falta pro FESTIVAL DE INVERNO de MONLEVADE ganhar os corações e mentes da cidade e se transformar num dos maiores do gênero da região?

Carla - É um festival novo, estamos engatinhando ainda. Sabemos de nossas deficiências, dificuldades que driblamos não apenas no Festival de Inverno, mas em todos os eventos que realizamos que vão desde falta de mais apoio do comércio, empresariado local e poder público, a espaços adequados para realização das ações, divulgação, etc. Mas nada é tão frustrante e nos desanima tanto quanto a falta e apoio do próprio público. Essa é nossa maior barreira.  E acredito que estamos fazendo nossa parte, temos parcerias com praticamente todos os meios de comunicação da cidade, e também da região.  Acho que o que falta é o público local abraçar mais as ações culturais, da mesma forma que abraçam e apoiam os eventos de entretenimento que acontecem na cidade.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

RÔMULO NOBREZA RÁS


Rômulo Rás é um dos grandes artistas da nossa região, um sujeito arrojado que colocou a viola nas costas e saiu pelo mundo mostrando a arte brasileira, mineira e da região. Com cara, coragem e apetite de desbravador, virou descobridor de novas paisagens e semeador de nosso tempero. Mas ele gosta mesmo é do Brasil, onde adapta seus shows para qualquer formato e leva a todos o fino da mpb. Aliás, tenho uma lembrança de um show do Romulo num Festival de Música em Alvinópolis. Na época era a MPB que tocava nas rádios e o Romulo fazia muito sucesso. Ele muitas vezes só começava as músicas e a galera cantava junto. Rômulo é um dos artistas mais lúcidos e combativos que conheço e tem se revelado também um cronista inspirado, portador de verdades e desencantos confessos. Com ele retomamos a nossa série de entrevistas com os artistas iluminados do médio piracicaba.

MEDIOPIRA - Como você busca se atualizar sobre música e literatura?

Confesso que eu não sou um leitor assíduo e isso me atormenta. Mas também não encontrei ainda a paz que eu preciso para me reservar tempo suficiente para me tornar leitor inclusive o que me interessa. Sobre música, posso dizer que estou certo e satisfeito com o que eu gosto e já não me interesso por nada novo.

MEDIOPIRA - A poesia na letra de música caiu em desuso?

Acho sinceramente que pensar caiu em desuso artisticamente falando. Coisas singelas como a poesia inclusive na música não tem mais espaço no mundo que eu vivo. Não quero que me leve a mal nem pense que me desiludi completamente mas a realidade é que forçamos uma barra para ter espaço e ser ouvido mas o objetivo sempre foi ganhar dinheiro para sobreviver e com isso a gente acaba deixando pouco espaço para o emocional. Quando viajo a procura de novos horizontes, eu viso uma estabilidade financeira em algum lugar bom para viver e faria qualquer trabalho digno para me manter. Acho que perdi a esperança de me realizar com a música que faço. Hoje só quero desfrutar das memórias que tenho e do bem que a música me fez mas não tenho mais ilusões... minha música não tem espaço, eu é que forço a barra!

MEDIOPIRA - Você viajou pelo mundo inteiro. Como foi a receptividade do público para com a sua música?

Acho que com a globalização todos têm acesso a tudo a todo momento, em qualquer lugar. Então para mim as fronteiras dos países já não definem mais o perfil de seu público. Existe sim aquela parcela específica que gosta de música boa e respeita ou não você aqui ou em qualquer outro lugar.

MEDIOPIRA - Para que países vc viajou fazendo música e qual foi a reação dos públicos?

Morei em alguns países da Europa e USA e voltei para o Brasil. É decepcionante ter que admitir que lá pensem que somos exóticos e talvez inferiores e pior ainda é imaginar que possam se interessar por causa disso. É bom viver no seu país, com sua gente, seu idioma, seu clima... Eu não me deI bem lá não. Tudo é muito disputado e concorrido e se leva uma vida dura... Pode crer

MEDIOPIRA - E no Brasil? Como tem sido a receptividade do público?

Rômulo com os Afilhados do Sereno
Eu amo o Brasil! Se não fosse as injustiças e a bagunça causada pelos políticos eu jamais sairia daqui. Mas como eu disse: a música que eu faço perdeu o espaço e eu compreendo e é só mesmo forçando a barra para sobreviver...

MEDIOPIRA -  Como é viver de música no Brasil?

Viver de música no Brasil é definitivamente melhor do que em qualquer lugar. Aqui compramos casa e andamos de carro com o dinheiro de música, na Europa e Estados Unidos você passa fome!

MEDIOPIRA - Você hoje em dia faz shows praticamente de covers.  Desistiu das autorais?

Ninguém quer ouvir músicas inéditas! As pessoas saem de casa para ouvir o que conhecem para cantar junto e desabafar. Eu continuo compondo mas não acho razoável aproveitar da preferência do público para impor minhas canções.

MEDIOPIRA - Não falta shows em teatro? O Público dos bares tem paciência pra curtir um show conceitual, mais trabalhado poética e musicalmente?

Com os companheiros do samba
Eu prefiro definir o meu perfil como profissional e proponho ser avaliado e ou entendido como versátil. Deixo guardado o Rômulo Ras que se adaptaria a shows em teatros, etc e levo para os bares o Rômulo Ras que o público de bares quer ouvir. Não exalto nem diminuo nem um nem outro. Não há mais espaço para sonhos impossíveis!
MEDIOPIRA - Como Monlevade tem tratado seus artistas?

Companheiros das artes
João Monlevade? Esquece! As pessoas são boas mas isso aqui é um tumulo de sensibilidade! Usam a cultura para fazer política e não a política para fazer cultura!

MEDIOPIRA - Em que cidades do Medio piracicaba você sente mais interesse e atenção na hora dos shows por parte da platéia ?

Sempre bem acompanhado
Em todas as cidades sou muito bem recebido, afinal fiz minha carreira em todas elas. Eu não posso reclamar do público, em geral são muito respeitosos e até carinhosos comigo. Acho que os conquistei com a minha invariável música fiel.

MEDIOPIRA - O que pensa da internet como mídia? Acha que favorece ou atrapalha a música boa?

Para mim a internet democratizou e trouxe espaço e justiça para músicos independentes como eu. Só vejo vantagens e posso assegurar que se não fosse a internet quase tudo estaria esquecido e ocultado.

MEDIOPIRA - Qual o seu grande sonho no momento? Tem projetos na gaveta?

Olha, paralelo a música que faço em bares e em festas particulares, tenho uma vontade imensa de conseguir ainda gravar e registrar o que restou da nossa música municipal e regional. Saber que tantos talentos vão passar despercebidos ou não gravados é um crime. Muitos se foram sem nenhum registro e eu tenho esse sonho de fazer por esses o que não fizeram por outros. Também penso em reunir em um livro minha biografia cheia de história e estórias...

MEDIOPIRA - Deixe contatos e mensagem para os artistas mediopiranos...

Eu sei que a música assim como qualquer outra arte ou toda profissão acaba sendo um meio de ganhar a vida, viver com o mínimo de conforto e segurança. Ninguém quer cantar nem pode, com a corda no pescoço mas não exponha-se ao ridículo de ser o que você não é, só porque um ou dois falam que você é bom no que faz. Agradar um grupo alcoolizado no fim de noite não te credencia a ser um cantor capaz de conduzir uma noite do início ao fim com qualidade, profissionalismo e emoção. Então não pense que eu cheguei aos 37 anos de carreira vivendo único exclusivamente de música fazendo zoeira e agradando "turminha". Respeite os ouvidos dos outros e crie o seu estilo ao invés de copiar tudo que passa na televisão ou toque no rádio. 
romulo.ras@hotmail.com 31-997 968 951.