quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A HUMANIDADE ESTÁ MIGRANDO PRA NUVEM

No MEDIOPIRA da semana, proponho uma reflexão sobre um assunto que afeta a todos, mas principalmente àqueles que trabalham com música, no médio piracicaba ou em qualquer ponto do planeta. Há pouco tempo atrás, um artista para se estabelecer no mercado precisava gravar um disco de Vinil, CD, DVD, K7, MD e outros suportes físicos. Uma considerável cadeia de produção sobrevivia a partir da venda de CDS. Os compositores ganhavam, haviam lojas, inúmeras revistas, havia o material gráfico dos Vinis e CDS e num repente, tudo foi pra nuvem. Muitos artistas ainda gravam no conceito antigo, ainda sonham e se esfolam pra produzir seus CDs, um suporte já meio vintage, que não exerce o mesmo fascínio de anos atrás. E pra agravar a situação a maioria dos aparelhos já está vindo sem drive pra CDs, apenas com entrada UBS. Há quem advogue que as modernas plataformas de streaming como Spotfy e Deezer são os caminhos, pela possibilidade de difusão e monetização para os artistas. Mas para alguém começar a ganhar dinheiro por esses recursos, tem de ser baixado milhões de vezes. Eu acho essa desmaterialização desconcertante, não só do áudio como do vídeo, do texto, tudo indo pra nuvem. Fomos educados num mundo analógico, mas veio a desrupção digital e tivemos de nos adaptar na marra.Claro que há mais ganhos que perdas na vida de todos e a gente tem até dificuldades de imaginar o mundo sem a internet e suas possibilidades. Mas precisamos ficar muito atentos. As revoluções são traiçoeiras. Você não antevê o enredo. Uma boa ideia fica obsoleta rapidamente se não for lançada no tempo certo. O novo tempo exige outro tipo de sensibilidade e trata-se de uma revolução que ainda está longe de completar seu ciclo. Para os artistas houve uma melhora no sentido da democratização. Qualquer um cria seu canal de tv, toca seus clips e músicas. O problema é que as pessoas não assistem um clip inúmeras vezes. Por isso a retenção é baixa. Mas se a pessoa gostar, pode ouvir por streaming pago ou gratuito ou mesmo baixar.. 
Já as midias de massa vão continuar agindo como sempre, só operando no popularzão do povão. Eu como tenho um pé no analógico e outro no digital, ainda sinto falta da materialidade, do cd, do livro, do palpável. Mas fazer o quê? Teremos de aprender a surfar nas nuvens...e esse conteúdo todo...essa nuvem...se não é física é o que? Espiritual? Uma descomunal egrégora, coletivo espiritual da humanidade? Viajei demais né?

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DO PLANETA TIVEMOS ALGO TÃO GIGANTESCO...

Uma nuvem que abarca todo o globo terrestre, que contém toda a inteligência do planeta, as enciclopédias, as ruas de milhares de cidades, a história de cada vila, cada biboca, os rostos de bilhões de pessoas, histórias pessoais de quase todos os seres humanos vivos, a música popular de cada recanto do planeta, música esquimó, dos aborígenes, orquestras inimagináveis, o cinema, as memórias, tudo na nuvem absurda, colossal, descomunal.

E CADA UM DE NÓS CONECTADO

A nuvem é onipresente. O celular vigia cada ser humano todo o tempo. Nossas pegadas digitais estão por todo lado. Ao mesmo tempo, temos à nossa disposição, respostas imediatas para a maioria das perguntas. Tutoriais até pra fritar ovo.

E OS ROBOZINHOS?
 
Já repararam o tanto de ligações de robôs que a gente recebe por dia vendendo de tudo? Principalmente operadoras de celulares oferecendo planos das picas das galáxias. Além de um cipoal de instituições de caridade, planos de saúde, bancos, times de futebol vendendo carnêt, putas vendendo serviços. Os robozinhos não cobram nada, ligam para centenas ao mesmo tempo, não exigem nem férias, nem hora extra...e substituem milhares dessas meninas de call centers.

SERÁ QUE A HUMANIDADE QUER CONSTRUIR UM DEUS?

Se a humanidade continuar nessa toada, daqui a um tempo construirá uma inteligência coletiva que chegará perto da divindade através da inteligência artificial. Imaginem o poder, a onipresença, onisciência, clarividência, tudo possível a um master computador capaz de controlar todo o fluxo de dados do planeta e que aja a partir de uma mediação construída da ética de todas as etnias planetárias.

FRASE DE UM AMIGO


A tecnologia tá evoluindo tanto, que dentro de pouco tempo não precisaremos mais de gente.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

TALENTOSO E ECLÉTICO EDUARDO MOREIRA

O MEDIOPIRA de hoje conversou com um artista eclético, que se entrega de corpo e alma em todas as produções de que participa: o polivalente EDUARDO MOREIRA. O moço tocou comigo na banda República dos Anjos. Ele encarnava tanto o espírito rock and roll que o palco tremia.  Na ocasião o baterista Simões o apelidou de Eduardo Pulguinha, de tanto que saltitava. Mas o seu segredo mesmo é o entusiasmo, a entrega  aos projetos. Não é atoa que vem participando de inúmeras formações, do sertanejo popular ao instrumental. Hoje integra o consagrado projeto ORQUESTRA OPUS HARMONIA, que além do repertório clássico, faz parcerias com artistas consagrados em apresentações memoráveis. Mas vamos à entrevista...

MEDIOPIRA -  O que você ouvia na infância?

Eduardo Moreira - Não existia internet. Então ouvíamos menos quantidade de informação. Basicante vinis de música infantil. Meu pai ouvia chorinho e música instrumental, que na época eram comuns, principalmente músicas natalinas tocadas com harpa, Phil Collins, Michael Jackson, estas coisas.

MEDIOPIRA - Como foi que você percebeu que tinha talento pra música?

Eduardo Moreira - Estou na música por insistência. Não tinha um ouvido treinado mas gostava de tocar com os amigos. Isto foi a partir dos 14 anos quando fiz uma Oficina de musicalização com Tó Vilela. Foi aí que despontei a estudar com o que tinha na época. Ia de bike do bairro Santa Bárbara até Bela Vista de Minas para ter aula com Valdivino e também estudei um pouco de Tuba (Souzafone) para aprimorar em leitura musical na banda de música que na época tinha uma sede próximo a linha de trem em frente a antiga Belgo Mineira.

3) - Você já começou direto como baixista ou sua iniciação musical teve outras vias?

Eduardo Moreira - Fui direto para o contrabaixo devido a dois fatores: ninguém queria tocar contrabaixo. Era época de ouro da guitarra e meu ídolo era o baixista do Iron Maiden, o Steve Harris.

MEDIOPIRA - Você tocou em diversas bandas de rock. Conte um pouco dessa história pra gente...

Eduardo Moreira - Sou roqueiro.  Toquei somente Rock por 8 anos e ainda considero um bom rock um estilo honesto e atual.

MEDIOPIRA - O que pensa sobre o rock atual? Vê renovação ou o rock envelheceu e perdeu o tesão?

Eduardo Moreira - A sociedade atual está muito ligada aos novos meios de conexão digital e passa a impressão que o que está em evidência é o que se destaca mas, fora das mídias existem excelentes compositores, bandas, músicos, escritores, poetas, artistas plásticos, em que a arte em geral e não somente o rock, é viva, bonita, instigante e emotiva.

MEDIOPIRA - Você tem um trabalho interessante também com uma banda instrumental. Como vê o mercado para o estilo?

Eduardo Moreira - Péssimo! Os grandes compositores e instrumentistas que possuem trabalhos no estilo, na maior parte das vezes possuem trabalhos paralelos para seu sustento e para manter vivo o trabalho instrumental. Mas as novas plataformas digitais permitem alcançar públicos muito além dos amigos do bairro. Em BH mesmo tem o grupo Constantina que já excursionou até para fora do país graças a este alcance. Temos o compositor e pianista Gilberto Mauro (da família do cineasta Humberto Mauro), Rafael Martini, todos ja excursionaram por terras estrangeiras.

MEDIOPIRA - Você também toca baixo acústico. Como foi a sua aproximação com a música clássica?
Orquestra com Maria Gadu

Eduardo Moreira - Sempre ouvi música erudita também, e como estava morando em BH, ingressei no CEFAR (Palácio das Artes) onde estudei por 4 anos. Após estudei 3 semestres na UEMG mas não me formei, após estas experiências resolvi incluir o baixo acústico nos trabalhos instrumentais e de Jazz de que participo.
MEDIOPIRA - Você hoje integra um projeto interessantíssimo que junta orquestra e artistas populares. Fale pra gente sobre o projeto.
Com Flávio Venturini

Eduardo Moreira - Sou músico convidado da Orquestra de Câmara Ópus que se especializou também em acompanhar artistas da musica popular brasileira. Entre os nomes que ja acompanhamos estão a Fafá de Belém, Milton Nascimento, Daniela Mercury, Flávio Venturini, Ana Carolina, Nando Reis, Guilherme Arantes, Sandra de Sá, Tunai e Cláudio Venturini. Sou muito feliz por participar deste projeto.

MEDIOPIRA - Hoje em dia, o CD praticamente deixou de ser uma fonte de renda para os compositores e os suportes estão mudando a cada dia. Pra você, quais são os caminhos para a música?

Eduardo Moreira Tocar ao vivo. As plataformas digitais devem dar retorno interessante para grandes artistas.  Para nós o principal é tocar.

MEDIOPIRA - Músico ainda vive a síndrome da formiga e da cigarra? Pra você, ainda existe preconceito quanto ao ofício do músico?

Eduardo MoreiraCaso exista preconceito para alguns, paciência! O importante é a realização pessoal de cada um. Um músico deve ter a postura de qualquer outro profissional. Chegar no horário para os compromissos, cumprir com os acordos comerciais, respeitar os ambiente de trabalho. 
Com Daniela Mercury

MEDIOPIRA - Você tem um emprego paralelo que ajuda a manter as coisas no lugar. Mas lhe pergunto: Dá pra viver de música e sustentar uma família no Brasil?

Eduardo Moreira Claro.Com muita flexibilidade e criatividade. Eu tenho um grupo para tocar em cerimônias de casamento, "Grupo Celebrar"; toco como free lancer para artistas de todos os gêneros: Rock, Sertanejo, MPB, estas coisas todas e ainda, um bom instrumentista pode reservar um tempo para dar aulas.

MEDIOPIRA - O que vc aconselharia a alguém que tá montando um trabalho musical, bandas, artistas, compositores, intérpretes pra ter sucesso na carreira?
Com Sandra de Sá

Eduardo MoreiraPensar como um empreendimento, ter horários, metas, setor de vendas, captação de recursos e principalmente divulgação digital.

MEDIOPIRA - Deixe uma mensagem e contatos para shows e interação com o público...


Eduardo Moreira Trabalhem por amor, com seriedade e respeito que portas se abrirão. Meu contato telefônico é 31-99809-7970. Muito obrigado pela oportunidade e sucesso a todos...

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

DUCA FURTADO e o SAMBA NA SOLA

Conheci Duca Furtado no FESTIAÇO, Festival da Música que aconteceu em João Monlevade há alguns anos ( que falta fazem os festivais). Naquela ocasião  já a achei diferente, muito educada e consciente de sua condição e sobre a dinâmica de um festival. Na época, a maioria dos artistas locais se interessava por rock ou pela MPB mais contemporânea. Mas ela não ! Ela gostava é de samba e deixava isso claro. Articulada e racional, ela me surpreendeu ao não reclamar do resultado daquele festival, pois vários que perderam criticavam e questionavam o resultado. Ela foi super cordata e humilde. Mesmo tendo qualidade, soube reconhecer que tinha muita gente boa e o importante era o pessoal tocar e mostrar seu som. Pensei comigo:  menina diferenciada!  Fiquei um tempo sem vê-la, ela  casou-se e  junto com o marido montou o projeto SAMBA NA SOLA,  um trabalho quase sagrado de amor a esse ritmo brasileiro que tem tantas histórias pra contar...e cantar. Mas vamos à entrevista...

1) - O que você ouvia na infância?

A minha mãe.(risos). Eu ouvia a minha mãe cantando Paulinho da Viola e Pedra Azul,  Chico Buarque, Cartola, Milton Nascimento , João Gilberto e Nogueira... Juntas antávamos todos esses e muitos outros. Também ouvia meu avô e seus companheiros da seresta e choro. Lupicínio, Sérgio Bittencourt, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Heitor dos prazeres.

2) - Quando é que você começou a sentir que tinha talento para a música?

Nas mesmas rodas de choro e seresta na casa do meu avô. Mas durante a infância e  Adolescência fui muito criticada pelos colegas por cantar músicas “de velho” e enquanto isso não me incomodava quando criança, acabou por me inibir durante a adolescência. Foi meu marido e parceiro de samba, Daniel, quem me encorajou a assumir o canto como profissão e nos embrenhamos os dois na seara do samba, nossa maior paixão.


3) - A sua paixão pelo samba como matriz sonora vem da infância ou é mais recente?

Ela teve origem na infância. Minha mãe e avô tinham um repertório vasto de sambas, e nas rodas, me recordo que eram os sambas que mais me emocionavam. Mais tarde, já adolescente, frequentei muito o Reciclo e o Cartolas em Belo Horizonte, passei a ouvir samba em mp3(risos) e um universo novo se abriu. Mas quando conheci o Daniel e comecei a mostrar esse universo pra ele, percebemos juntos que aquilo era apenas um pedacinho da riqueza gigante que o samba tem. Pesquisar e descobrir mais sobre toda essa riqueza se transformou em nosso lazer, nosso prazer e mais tarde nosso trabalho. Então acho que vale dizer que o samba é uma paixão da minha vida inteira.

4) - Como é que nasceu o samba na sola?



Desse prazer, rs. A gente ouvia samba todos os dias, mas apenas em casa. Nada nos bares, nas festas de amigos, nas festas públicas nas praças. A gente morava no meio da Região dos Lagos no Rio de Janeiro e só ouvia nas ruas o sertanejo, pagode, funk e aquela MPB lado A. O Samba na Sola nasceu da vontade de ouvir o samba na rua. Daniel já era músico há muitos anos e eu tinha boa vontade, RS. Tomou coragem, mas estamos aí há quase 10 anos.

5) - Vocês tem banda de apoio ou apresentam-se apenas em dupla?


Sim. Fazemos os shows maiores com 5 ou 6 músicos, geralmente free-lancers. Mas vem novidade por aí... temos um novo integrante que queremos apresentar ao vivo no Facebook em breve. O trabalho em dupla nasceu da necessidade. Nem todos os bares tem estrutura ou grana pra arcar com o grupo completo. Como amamos o que fazemos e vivemos em parte da renda da musica tivemos que nos adaptar com o projeto Duca Furtado & Dan Soares. 

6) - O que vocês apresentam no repertório hoje em dia? Clássicos do samba?


Não só clássicos. Tentamos inserir alguns menos conhecidos e diversificar abrangendo diferentes vertentes do samba como o samba de roda, afro-sambas, partido alto,  Sambalanço e samba de enredo. 

7) - Vcs tem músicas próprias? Planos de lançá-las?


Sim e a intenção é compor cada vez mais. Em breve estaremos lançando algumas no nosso canal no YouTube.

8) -  Vcs residiam no Rio de Janeiro. Sentem muita diferença com relação ao ambiente artístico de lá e aqui de Minas?


A gente morava próximo à capital e por isso tínhamos acesso freqüente a shows e rodas de samba e choro. É claro que o samba no Rio é bem mais presente que em BH. Sentimos falta disso. Mas no litoral o pagode e o sertanejo reinavam, como reinam aqui. E BH tem hoje ótimos eventos de samba. Acabamos de voltar do show do Moacyr Luz no Quintal da

Divina Luz no bairro São Marcos, por exemplo. Foi incrível.

9) - Como vem sendo a receptividade do trabalho de vcs na região?

Maravilhosa. As pessoas se encantam e cantam conosco. É legal ver que o “tem que tocar de tudo” é ilusão. 

10) - Ultimamente temos o estilo sertanejo e o funk dominando quase tudo.Vocês abraçaram o Samba como ritmo e estilo de vida. Isso pra você é um diferencial ou ...problema?


Um diferencial. Primeiro que pra nós só é válido cantar o que vem da nossa alma, o que toca a gente. Quando pedem sertanejo explicamos com carinho a nossa filosofia. As pessoas geralmente entendem. Um dia desses fui inclusive aplaudida por isso(risos). Desde que surgiu, o samba raiz sempre foi um movimento cultural de resistência (mesmo que nem sempre consciente disso) que não cede aos modismos. Achamos que talvez por isso ele “agoniza, mas não morre” nunca.

11) - Onde serão as próximas apresentações de vcs?

Dia 07/10 estaremos em quarteto na primeira Oktoberfest de João Monlevade às 15h e, no mesmo dia, às 21h no Bar na Lage 67 em Alvinópolis em dupla. 
Dia 08/10 no Bar do Paulo em Bela Vista.
dia 21 no cabritim a partir das 15h, 

Contato para shows : (31) 98926-2752
(22) 99938-8996 (Whatsapp)
Website: 
samba-na-sola.webnod.com
e-mail: 
sambanasola@outlook.com
página facebook : Samba na Sola oficial