sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A MÚSICA DE RICARDO MONLEVADE

Sou fã demais desse cara. A primeira vez que o ouvi tocando fiquei muito impressionado. Eu era recém chegado a Monlevade. Saí do hotel à noite atraído por um som. Fui parar no Buffalo Bill. Tava lotado e não consegui lugar pra sentar. Mas o som valia à pena. Arrumei um cantinho e fiquei quietinho só ouvindo. O piano era impecável sem reparos, um swing de matar. Na hora dos solos, improvisação perfeita, sem notas na trave.  Poucas vezes vi um músico com tamanha destreza, senso de improvisação e domínio de diversos estilos. Tomei coragem e perguntei para uma pessoa que saia do Búfallo: - Por favor, quem é esse que está tocando teclado? E ele me disse: É Ricardo Monlevade. Pois é! Depois disso já me encontrei com o virtuoso músico  algumas vezes e até lhe disse que um dos meus sonhos, antes de passar dessa pra melhor é cantar com ele. Quem sabe qualquer dia? Mas vamos à entrevista...
MEDIOPIRA -  Ricardo, o que você ouviu em sua infância?
Ricardo Monlevade - Muito rádio, desde quando acordava com sertanejo até quando dormia !
MEDIOPIRA -  Qual foi o primeiro instrumento que você teve contato?
Ricardo Monlevade - Uma flautinha de brinquedo que uma tia me deu de presente de natal. Eu nunca a esqueci .
MEDIOPIRA -  Você chegou a estudar música com algum professor?
Ricardo Monlevade -  Estudei sim,  mas depois que já tocava na noite e em igrejas
MEDIOPIRA -  Chegou a tocar em banda de música também?
Ricardo Monlevade - Sim
MEDIOPIRA -  Por que você escolheu o teclado?

Ricardo Monlevade - Escolhi os teclados pela praticidade e por ser um instrumento mais completo , principalmente os teclados arranjadores pela autonomia .
MEDIOPIRA -  Já tocou em muitas bandas? Pode citar algumas?
Ricardo Monlevade - Sim com todo prazer .Ja toquei com excelentes cantores e cantoras como Wanderléia Souza ,Eliane Ribeiro , Eliane fonseca ,Vilma de Oliveira , Mauro Martins,Claudiney Godoi , Sérgio e Delson, Dudu Nunes, Maicon e Douglas. Também em Bandas com grandes amigos como:Flor de Minas,que depois passou a se chamar Metropolitan , Dablus big band, Expresso boiadeiro , Estampa de minas , Pop Minas banda show e participações diversas. Sempre adorei tocar ao lado de todos os citados .Tudo foi feito com muita alegria e uma satisfação imensa e aproveito o ensejo para agradecer a todos os meus antigos parceiros de palco pela alegria de ter aprendido muito com eles . Não poderia me esquecer da Banda Limão Verão com a qual tive o enorme prazer de fazer 2 grandes carnavais
MEDIOPIRA -  Você consegue tocar muito bem vários estilos. Mas qual é o seu preferido?
Ricardo Monlevade - O que me da mais prazer é o jazz
MEDIOPIRA -  Quais são as bandas famosas que lhe dão mais prazer tocar.
Ricardo Monlevade - Se eu pudesse eu viveria só de tocar jazz porém quando a gente casa e tem filhos o lado comercial fala mais alto .Gosto muito de tocar algumas internacionais mais clássicas. E nacional eu gosto muito da chamada MPB, aquelas clássicas que nunca ficam velhas. Vc sabe do que estou dizendo rsrsrsrs
MEDIOPIRA -  Você também toca sanfona ou é mais do teclado eletrônico convencional?
Ricardo Monlevade - Quando era criança conheci um moço que se chamava Mário que começou a me ensinar algumas coisas no acordeon. Mas infelizmente esse moço faleceu e eu como não tinha a mínima condição de pagar pra estudar o instrumento tive que abortar esse estudo que eu gostava muito
MEDIOPIRA -  E os pianos convencionais, de estojo ou de calda. Também executa com facilidade?
Ricardo Monlevade - Devido a não ter acesso aos pianos convencionais eu estranho muito as teclas. Mas se eu me esforçar sai alguma coisinha rsrsrsrsr
MEDIOPIRA -  Qual a sua opinião sobre a música de hoje. Acha que caiu o nível ou pensa diferente?
Ricardo Monlevade - Assim como sempre foi ,.a música tem coisa boa e coisa ruim .Mas como dizia um tio meu "Não existe música feia e nem mulher feia ,O que é feio pra uns é bonito pra outros " .Eu vejo da seguinte forma :Por um lado o que me agrada e por outro lado o que eu considero pelo lado profissional .Ex: Eu posso não gostar de uma música e as vezes não me soar muito bem ,mas posso ver muito profissionalismo nela .Acho que seria mais questão de ponto de vista !E uma questão de nível cultural e intelectual de quem ouve também. Em suma é um assunto muito complexo e ha que se ver por vários ângulos .
MEDIOPIRA -  Você vive apenas de música ou tem ofícios paralelos?
Ricardo Monlevade - Tenho muitas profissões mas atualmente vivo só do que está ligado a música. Além dos meus shows faço sonorização, iluminação,estruturas de palco ,montagens, desmontagens e transporte em geral,Tenho muitos parceiros nessa área de festas em geral .
MEDIOPIRA -  Acha que tá mais difícil viver de música hoje em dia?
Ricardo Monlevade - Acho que está bem mais difícil hoje em dia ,falando de uma maneira geral, por uma série de fatores, que vão desde a lei do silêncio "seletiva né... " até cachês que são oferecidos que não animam a gente nem a sair de casa,Quem dirá ensaiar ,investir em equipamentos caros e modernos e perder noites de sono .... rsrsrsrsr é rir pra não chorar ...No meu caso até não posso reclamar porque a gente vive bem ,devido a um nome já construído ao longo do tempo e que nos credencia a ser preferidos em muitos eventos. Mas vou lhe confessar: Se fosse pra eu largar a minha colher de pedreiro pra ser músico da noite como eu fiz a uns anos atrás eu jamais faria nos dias de hoje. Talvez tocaria só por Hobby mesmo.
MEDIOPIRA -  Você também compõe ou não é esse o seu forte?
Ricardo Monlevade - Talvez se eu tivesse mais tempo pra dedicar a composições sairia alguma coisinha e certamente me daria muito prazer. Mas não tive a coragem de tirar um tempo pra isso ainda.No momento prefiro curtir e admirar os bons compositores que temos 
MEDIOPIRA -  Você hoje se apresenta mais sozinho ou tem músicos parceiros e uma banda pronta pra apresentações?
Ricardo Monlevade - Mais sozinho devido a praticidade .Mas com certeza se a "maré" tivesse melhor um pouquinho eu estaria no mínimo com um baterista, um baixista e um bom guitarrista comigo .
MEDIOPIRA -  O que você recomenda a quem está ingressando na música?
Ricardo Monlevade - Recomendo que faça tão somente por amor e prazer e se vier alguma coisa em troca amém ! Não ficar criando expectativas e nem ficar sonhando muito .Como diz a bíblia " o amanhã não nos pertence e sim a Deus " .Se a pessoa tem a sua realização pessoal com a música, Amém.
MEDIOPIRA -  Deixe seus contatos para shows, face, site, etc

Ricardo Monlevade - Ricardo monlevade (31)3851 0665 ou Zap 988060665 Desde já agradeço imensamente e me sinto honrado em poder participar desta tão nobre iniciativa do mediopira parabéns a vcs Saúde e muita paz ! 

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

JEAN E DRUMMOND

Algumas cidades valorizam seus notáveis. Itabira faz isso muito bem com Carlos Drummond de Andrade. Tudo em Itabira tem Drummond no meio.
Alguns intelectuais locais até criticam a drummomania, mas não tem jeito!
Tem estátuas pra todo lado, frases, outdoors, placas de inauguração, bonecos, esculturas, tudo tem Drummond.
Recentemente o Brasil inteiro comemorou 115 anos do poeta e como não poderia deixar de ser, Itabira festejou Drummond a semana inteira, com muita poesia e arte. E comemoram todos os anos, todos os dias, a todo minuto.
Itabira tem orgulho do seu filho mais ilustre e não se cansa de homenageá-lo. E isso é lindo, pois numa terra onde surgiu a Vale do Rio Doce, o principal produto de exportação é a poesia, a palavra.
E João Monlevade? Parece que a cidade não dá a mesma importância ao legado do pioneiro fundador, o francês Jean Monlevade.
Ele não é nativo como Drummond, mas foi  tão importante que até emprestou nome à cidade. Como disse o jornalista e escritor Erivelton Braz, "aqui Jean virou João".
Num ano em que completaram-se 200 anos da sua chegada à região, muitas coisas foram projetadas, mas por enquanto foram tímidas as ações.
Houve o lançamento de um selo comemorativo e reuniões com intelectuais e autoridades públicas para criação de uma agenda. Ficou definido o biênio 2017/2018 para diversas atividades. Mas para o ano do bicentenário foram poucas as ações. Tá certo que 2017 ainda não acabou, mas fica difícil rivalizar com Papai Noel e revellion em atenção.  
O jornalista Erivelton Braz, apaixonado pela saga do desbravador é fez algo pra marcar os 200 anos. Escreveu um belo poema sobre o Jean, que tive a honra de musicar. A música acabou nos inspirando um vídeo-clip comemorativo, que teve mais de 20 mil visualizações no facebook. O Erivelton aproveitou pra lançar NAS TERRAS PESADAS DE METAIS E ESPANTOS, um ebook com história romanceada do grande pioneiro, disponibilizado gratuitamente na internet. Para a execução do projeto, tivemos as parcerias da Arcelor Mittal, SICOOB CREDIMEPI, HIPER COMERCIAL MONLEVADE, CDL, PROHETEL, REAL CLUBE E RÁDIO ALTERNATIVA.
O poeta Geraldo Magela Ferreira, o Magelinha, também lançou belíssimo poema em homenagem ao bicentenário.
E foi só.
O francês foi um gigante, sonhador e realizador poderoso. Moveu céus e terras, trouxe uma indústria inteira  transportada através dos rios e montanhas, em balsas e lombos de burro, da costa brasileira até onde hoje está localizada a Fazenda Solar. Criou uma indústria monumental num lugar quase selvagem e ao derredor nasceu uma das cidades mais importantes de Minas. Mas...engraçado! Parece que o João não gosta do Jean.
Fiquei sabendo de umas maledicências históricas. A primeira de que Jean foi um capitalista cujo único objetivo era enriquecer, que não teve nenhuma atitude altruísta ou amor à terra e sua gente. Outra história é de que foi um mal patrão.Tem gente que não gosta dos patrões. Acham que são todos exploradores desalmados. Ah...e também tem aqueles que dizem que foi  feitor de escravos e se aproveitava das mulheres. E a mais surreal de todas: de que ele era um forasteiro como tantos que só vem pra explorar.
E o empreendedor nato? Onde fica? E o gestor com visão excepcional e grande capacidade de realização? Parece vir de muito tempo essa tendência em diminuir os pares, esses espíritos de língua ferina prontos pra difamar quem tenta fazer alguma coisa ao invés de enlevar, de glorificar seus notáveis.
Se foi vilão ou herói, depende de como a história é contada.
Stalin matou milhões, mas é herói pra muita gente, assim como Fidel, Hitler, Lampião, Kennedy e outras personas.
Jean não foi poeta nem ergueu castelos de palavras.
Também não transformou chumbo em ouro, mas minério de ferro em aço, uma região selvagem em um fabuloso complexo siderúrgico...e a minha vida, a sua e a de todos no Médio Piracicaba.

(Além do ebook do Erivelton, sugiro as leituras dos livros de Jairo Martins e de Afonso Jr.  Os livros do Jairo são fantásticos e do Erivelton também. O Livro do Afonso ainda não li, mas quero fazê-lo assim que possível. São visões diferentes sobre o mesmo tema que ajudam a compreender o mito. Jacqueline Silvério deve ter na República Literária).