sexta-feira, 3 de março de 2017

RAIO X DO CARNAVAL 2017

O carnaval desse ano em Minas teve um fenômeno que precisa ser estudado a fundo: o CARNAVAL DE BH.

ESPONTÂNEO, PLANEJADO OU OS DOIS?

Carnaval de BH: 3 milhões de foliões
Tudo começou há poucos anos com muita rebeldia e irreverência. Pequenos blocos se organizaram e começaram a se fantasiar e fazer marchinhas ironizando o governo Lacerda. A administração que começava queria botar moral e proibia tudo. Mas acabou agindo segundo um velho ditado: se não pode vencê-los, junte-se a eles. De inimigo da folia, o município passou a apoiar, regulamentar e divulgar para os quatro ventos. O resultado é que BH hoje tem o terceiro maior carnaval do Brasil.

E AS CIDADES DO INTERIOR?

Já de cara perderam grande parte do público. Muitos Alvinopolenses que sempre vão para Alvinópolis preferiram ficar em BH. Imagino que na maioria das cidades do médio-piracicaba aconteceu fenômeno parecido. E a tendência para os próximos anos é que esse fluxo aumente, pois a fama tá grande. Os prefeitos terão de rebolar para atrair públicos.

SEM DIVULGAR FICA DIFÍCIL

Teve Carnaval em SG, em Bela Vista, Barão, Santa Bárbara, Alvinópolis, Dom Silvério, Rio Piracicaba, em quase todas as cidades. Mas pelas observações que obtive, o público diminuiu na maioria. Também ninguém divulgou, ninguém anunciou. Achar que só as redes sociais resolvem é um erro. Os prefeitos não deixaram o povo sem folia, mas parece que foisó pra cumprir tabela. Monlevade e Itabira preferiram dormir ou exportar foliões.

ALVINÓPOLIS BOMBOU!

Os Piratas, um bloco com mais de 10 mil pessoas
A situação em Alvinópolis foi diferente. Mesmo com a perda de foliões para BH, a cidade ficou bem cheia. Mas o prefeito fez um marketing mais forte, anunciou inclusive na rádio Itatiaia e também foi pras redes sociais com muito apetite. O resultado é que o carnaval bombou! Blocos de tardinha e shows na praça à noite. O Prefeito João Galo Índio cuidou pessoalmente de cada detalhe. A praça ficou cheia todos os dias. Houve muitos elogios. A estrutura montada na praça foi realmente muito boa. A segurança na cidade foi algo nunca visto, com câmeras de segurança pra todo lado. O único assalto ocorrido foi devidamente esclarecido pelas câmeras. Teve também um carnaval para as crianças como há muito não se via com praça lotada, o carnaval para o asilo dos velhinhos, da APAE, teve muita coisa bacana.Teve o monstruoso bloco PIRATAS, com seu estilo mad max, com imensas baterias de som automotivo e o povo atrás. Teve a bateria Colibri e a Charanga da Rua de Cima. Teve Bloco Afro, Mariquitas, teve atrações para todo gosto. E ecletismo musical também. Das marchinhas e sambas tradicionais ao sertanejo, axé e ritmos da moda. Teve até música nordestina com a ótima bateria colibri.

CARNAVAL GERIÁTRICO?

Os shows na praça foram muito bem recebidos pela juventude e pelo povão. As bandas tocaram as músicas de sucesso do sertanejo, axé e funk. Os shows foram criticados pelos que tem a opinião de que sertanejo e funk não são músicas de carnaval. Deu muita polêmica nas redes sociais. Funk e sertanejo estão longe de ser meus gêneros preferidos. Mas será justo vetar músicas do gosto da juventude pra fazer prevalecer a tradição e o gosto musical de quem pensa dessa maneira? Os carnavais sempre absorveram os modismos. Desde sempre. Os carnavais se alimentam dos hits. Aconteceu com o axé um dia, também com o funk ou com o pagode. No carnaval baiano já teve até música clássica em trio elétrico e um dos blocos mais originais do carnal de BH, o Magnólia, desfila com JAZZ. Claro que tem de ter espaço para a tradição. Pode e deve ter espaço para os sambas e marchinhas. Mas sem que isso signifique vetar outros estilos. Fazer isso seria impedir os jovens de ouvir e curtir seu estilo de preferência. Eles vão preferir ir pular onde o ambiente lhes seja propício e teremos um carnaval Geriátrico.

E O CARNAVAL 2018?

Sinceramente. Se os Prefeitos não se mobilizarem, se não começarem a pensar em diferenciais e conforto para os turistas, se não investirem em divulgação, se os foliões não começaram a se organizar desde já, as cidades do interior correm o risco de perder cada vez mais foliões, turismo e renda para BH, que mais do que nunca virou capital do carnaval.