Conheci Duca Furtado no FESTIAÇO, Festival da Música que aconteceu em João Monlevade há alguns anos ( que falta fazem os festivais). Naquela ocasião já a achei diferente, muito educada e consciente de sua condição e sobre a dinâmica de um festival. Na época, a maioria dos artistas locais se interessava por rock ou pela MPB mais contemporânea. Mas ela não ! Ela gostava é de samba e deixava isso claro. Articulada e racional, ela me surpreendeu ao não reclamar do resultado daquele festival, pois vários que perderam criticavam e questionavam o resultado. Ela foi super cordata e humilde. Mesmo tendo qualidade, soube reconhecer que tinha muita gente boa e o importante era o pessoal tocar e mostrar seu som. Pensei comigo: menina diferenciada! Fiquei um tempo sem vê-la, ela casou-se e junto com o marido montou o projeto SAMBA NA SOLA, um trabalho quase sagrado de amor a esse ritmo brasileiro que tem tantas histórias pra contar...e cantar. Mas vamos à entrevista...
A minha mãe.(risos). Eu ouvia a minha mãe cantando Paulinho da Viola e Pedra Azul, Chico Buarque, Cartola, Milton Nascimento , João Gilberto e Nogueira... Juntas antávamos todos esses e muitos outros. Também ouvia meu avô e seus companheiros da seresta e choro. Lupicínio, Sérgio Bittencourt, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Heitor dos prazeres.
2) - Quando é que você começou a sentir que tinha talento
para a música?
Nas mesmas rodas de choro e seresta na casa do meu avô. Mas
durante a infância e Adolescência fui muito criticada pelos colegas por
cantar músicas “de velho” e enquanto isso não me incomodava quando
criança, acabou por me inibir durante a adolescência. Foi meu marido e
parceiro de samba, Daniel, quem me encorajou a assumir o canto como
profissão e nos embrenhamos os dois na seara do samba, nossa maior paixão.
3) - A sua paixão pelo samba como matriz sonora vem da
infância ou é mais recente?
Ela teve origem na infância. Minha mãe e avô tinham um
repertório vasto de sambas, e nas rodas, me recordo que eram os sambas
que mais me emocionavam. Mais tarde, já adolescente, frequentei muito o
Reciclo e o Cartolas em Belo Horizonte, passei a ouvir samba em
mp3(risos) e um universo novo se abriu. Mas quando conheci o Daniel e
comecei a mostrar esse universo pra ele, percebemos juntos que aquilo
era apenas um pedacinho da riqueza gigante que o samba tem. Pesquisar e
descobrir mais sobre toda essa riqueza se transformou em nosso lazer,
nosso prazer e mais tarde nosso trabalho. Então acho que vale dizer
que o samba é uma paixão da minha vida inteira.
4) - Como é que nasceu o samba na sola?
Desse prazer, rs. A gente ouvia samba todos os dias, mas
apenas em casa. Nada nos bares, nas festas de amigos, nas festas
públicas nas praças. A gente morava no meio da Região dos Lagos no Rio de
Janeiro e só ouvia nas ruas o sertanejo, pagode, funk e aquela MPB lado
A. O Samba na Sola nasceu da vontade de ouvir o samba na rua.
Daniel já era músico há muitos anos e eu tinha boa vontade, RS. Tomou
coragem, mas estamos aí há quase 10 anos.
Sim. Fazemos os shows maiores com 5 ou 6 músicos, geralmente free-lancers. Mas vem novidade por aí... temos um
novo integrante que queremos apresentar ao vivo no Facebook em
breve. O trabalho em dupla nasceu da necessidade. Nem todos os bares
tem estrutura ou grana pra arcar com o grupo completo. Como
amamos o que fazemos e vivemos em parte da renda da musica tivemos que nos
adaptar com o projeto Duca Furtado & Dan Soares.
6) - O que vocês apresentam no repertório hoje em dia?
Clássicos do samba?
Não só clássicos. Tentamos inserir alguns menos conhecidos e diversificar abrangendo diferentes vertentes do samba como o
samba de roda, afro-sambas, partido alto, Sambalanço e samba de enredo.
7) - Vcs tem músicas próprias? Planos de lançá-las?
Sim e a intenção é compor cada vez mais. Em breve estaremos
lançando algumas no nosso canal no YouTube.
8) - Vcs residiam no Rio de Janeiro. Sentem muita diferença com
relação ao ambiente artístico de lá e aqui de Minas?
A gente morava próximo à capital e por isso tínhamos acesso
freqüente a shows e rodas de samba e choro. É claro que o samba no Rio
é bem mais presente que em BH. Sentimos falta disso. Mas no litoral
o pagode e o sertanejo reinavam, como reinam aqui. E BH tem hoje
ótimos eventos de samba. Acabamos de voltar do show do Moacyr Luz no Quintal
da
Divina Luz no bairro São Marcos, por exemplo. Foi incrível.
9) - Como vem sendo a receptividade do trabalho de vcs na região?
Maravilhosa. As pessoas se encantam e cantam conosco. É legal ver que o “tem que tocar de tudo” é ilusão.
10) - Ultimamente temos o estilo sertanejo e o funk dominando quase tudo.Vocês abraçaram o Samba como ritmo e estilo de vida. Isso pra você é um diferencial ou ...problema?
Um diferencial. Primeiro que pra nós só é válido cantar o que
vem da nossa alma, o que toca a gente. Quando pedem sertanejo
explicamos com carinho a nossa filosofia. As pessoas geralmente entendem. Um
dia desses fui inclusive aplaudida por isso(risos). Desde que
surgiu, o samba raiz sempre foi um movimento cultural de resistência
(mesmo que nem sempre consciente disso) que não cede aos modismos.
Achamos que talvez por isso ele “agoniza, mas não morre” nunca.
11) - Onde serão as próximas apresentações de vcs?
Dia 07/10 estaremos em quarteto na primeira Oktoberfest de
João Monlevade às 15h e, no mesmo dia, às 21h no Bar na Lage 67 em Alvinópolis em dupla.
Dia 08/10 no Bar do Paulo em Bela Vista.
dia 21 no cabritim a partir das 15h,
Contato para shows : (31) 98926-2752
(22) 99938-8996 (Whatsapp)
Website: samba-na-sola.webnod.com
e-mail: sambanasola@outlook.com
página facebook : Samba na Sola oficial