Reclamações e lamúrias de nada
adiantam. Reclamar que a juventude não está querendo saber do rock ou MPB é
perda de tempo. A juventude de hoje é eclética. Vai frequentar as tribos que
quiser, beber das fontes que quiser, sem intermediação de ninguém. É
multiplataforma e não linear. A música de hoje não é mais "a la
carte". É self-service. As pessoas podem escolher no imenso menu oferecido pelos youtubes e spoftys da vida. A turma do "antigamente é que era
bom" vive dizendo que a turma de hoje não tem gosto. Que bobagem! Cada
época tem suas músicas da moda. Quando o axé apareceu sensualizando tudo, muita
gente torceu o nariz. Como pode uma música tão vulgar assim, com tantas bundas
e peitos ocupando os espaços? O povo dizia: essa tal de axé não tem conteúdo,
não tem poesia, só tem essa dança maliciosa e essas letras de baixo calão. Mas
o povo caiu no swing e barbarizou geral. A turma do rock reclama, mas já houve
um tempo em que juventude embarcou na
onda do rock brasil, que era dançante, bom pras baladas da época e também tinha
muito sexo e diversão. Houve uma primeira onda com Roberto Carlos e a jovem
guarda. Depois veio o rock dos anos 80. As músicas dos titãs, paralamas e
Legião tocavam nos bailes. O rock brasil foi muito popular. Depois vieram o sertanejo, o pagode e mais
recentemente o funk, gêneros ainda mais populares instantaneamente assimilados
pela massa. Aí vem os puristas reclamar que das 100 músicas mais executadas no
país 90 são sertanejas, 8 funks e duas são pop. E reclamam que a artista mais
bem sucedida do país hoje é Anitta, que começou como funkeira, mas flerta com
grandes artistas pop do planeta e transita em gêneros como reggaton, funk
americano, zouk e claro, com o funk carioca. Seu clip recém lançado é um funk
muito bem tramado sob o ponto de vista do marketing. Primeiro por que a ambientação é toda em cenários de periferia, uma realidade bem carioca, espelho das periferias do Brasil.
Achei genial a jogada de celulite explícita
no início do clipe. A auto estima da celuliteiras foi lá em cima. Isso vende.
Quanto a música, nada demais. Na verdade, um lixo. Mas um lixinho rico. Nunca
antes na história do país tivemos uma artista com tamanho apetite pop. Vai,
malandra, para o topo das paradas...
Sem falar no sucesso da cantora Pablo Vittar
( é muito engraçado chamá-lo de cantora, mas é assim que vem sendo tratada. Mas voltando ao assunto rock, há algum tempo publiquei que o estilo tinha ficado
gagá, caduca, uma músicapara velhos. O rock broxou.
Do slogan "sexo, drogas e rock and roll" muito pouco sobrou. A galera que nova que faz rock parece que tem vergonha de ser pop e prefere falar de depressão e de política. Parece que encaretou. Nada de experiências sensoriais e de comportamento politicamente incorreto. Ficou tudo comportado, alternativo, pouco festivo. Por isso bandas como Rolling Stones, ACDC, Beatles continuam veneradas. Até pela turma mais nova, saudosa de um tempo que nem viveu. Com a MPB aconteceu algo semelhante. Foi o estilo preponderante principalmente durante a ditadura e no inicio da redemocratização do país. Mas a turma erigiu toda a sua obra naquela época e os que vieram depois não tiveram a mesma capacidade de popularização. Além do mais, é um gênero pouco interativo, feito pra fazer pensar, mas não pra dançar. É um estilo mais adequado para teatro e não para grandes bailes populares e shows ao ar livre. Aliás, talvez ai esteja o "ó do borogodó", o ponto de disrupção das fases anteriores da música e da vivenciada hoje: a interação.
Num show sertanejo ou mesmo de funk, o público deixa de ser apenas platéia para se transformar em protagonista, dançando, participando e interagindo com os artistas. A atitude é outra. Bom, mas chega a hora de concluir o textão. Em alguns momentos fui apocaliptico, falei da preocupação com a automatização e até sobre a inteligência artificial substituindo o músico. Mas...em 2018 vamos tentar ver o copo cheio. Que tal os artistas pararem de reclamar e dedicarem-se mais? Que tal mais profissionalismo, mais compromisso? Que tal shows roteirizados e ensaiados, com iluminação bacana, roupas adequadas, disposição pra divulgar nas mídias e finalmente gerar renda e qualidade de vida? Que tal as cigarras e formigas trabalhando juntas? Um respeitando o ofício do outro? Tomara que 2018 seja um ano de virada, em que consigamos re-significar a arte na vidas das pessoas. E pra finalizar, agradeço a todos pela atenção ao longo do ano. Nas próximas edições retornaremos às entrevistas com artistas do Médio Piracicaba e repercutiremos os assuntos culturais da região. Felicidades para todos...
Do slogan "sexo, drogas e rock and roll" muito pouco sobrou. A galera que nova que faz rock parece que tem vergonha de ser pop e prefere falar de depressão e de política. Parece que encaretou. Nada de experiências sensoriais e de comportamento politicamente incorreto. Ficou tudo comportado, alternativo, pouco festivo. Por isso bandas como Rolling Stones, ACDC, Beatles continuam veneradas. Até pela turma mais nova, saudosa de um tempo que nem viveu. Com a MPB aconteceu algo semelhante. Foi o estilo preponderante principalmente durante a ditadura e no inicio da redemocratização do país. Mas a turma erigiu toda a sua obra naquela época e os que vieram depois não tiveram a mesma capacidade de popularização. Além do mais, é um gênero pouco interativo, feito pra fazer pensar, mas não pra dançar. É um estilo mais adequado para teatro e não para grandes bailes populares e shows ao ar livre. Aliás, talvez ai esteja o "ó do borogodó", o ponto de disrupção das fases anteriores da música e da vivenciada hoje: a interação.
Num show sertanejo ou mesmo de funk, o público deixa de ser apenas platéia para se transformar em protagonista, dançando, participando e interagindo com os artistas. A atitude é outra. Bom, mas chega a hora de concluir o textão. Em alguns momentos fui apocaliptico, falei da preocupação com a automatização e até sobre a inteligência artificial substituindo o músico. Mas...em 2018 vamos tentar ver o copo cheio. Que tal os artistas pararem de reclamar e dedicarem-se mais? Que tal mais profissionalismo, mais compromisso? Que tal shows roteirizados e ensaiados, com iluminação bacana, roupas adequadas, disposição pra divulgar nas mídias e finalmente gerar renda e qualidade de vida? Que tal as cigarras e formigas trabalhando juntas? Um respeitando o ofício do outro? Tomara que 2018 seja um ano de virada, em que consigamos re-significar a arte na vidas das pessoas. E pra finalizar, agradeço a todos pela atenção ao longo do ano. Nas próximas edições retornaremos às entrevistas com artistas do Médio Piracicaba e repercutiremos os assuntos culturais da região. Felicidades para todos...